Mário Florentino
Fui assistindo, ao longo do
fim de semana, através dos noticiários, ao congresso do PSD. Aqui e ali ouvi
também alguns dos comentadores habituais das TVs, e fui lendo comentários
avulsos na imprensa e nas redes sociais. A grande maioria dá uma nota de alívio
e de esperança, como que antevendo um regresso das trevas em que o ainda
segundo maior partido esteve afundado nos últimos anos. Foi curioso observar
alguns desses comentadores que há dois ou quatro anos diziam maravilhas de Rui
Rio e da sua estratégia, dizem agora com a maior das naturalidades que a
estratégia de Montenegro é que está certa.
Mas de onde vem todo este
otimismo face a este novo PSD? De facto, há alguns pontos positivos que emergem
deste 40º congresso. Desde logo, a equipa que Montenegro conseguiu agregar à
sua volta, incluindo dois dos seus opositores nas eleições internas, e vários
nomes de destaque do partido. O episódio rocambolesco dos 2 aeroportos para
Lisboa, e a crise que se seguiu, ajudou também a criar algum entusiasmo no evento,
oferecendo-lhe um “tema quente” para concentrar as atenções mediáticas. A
verdade, no entanto, é que Luís Montenegro não tem um carisma por aí além, e
terá uma tarefa muito difícil nos próximos anos. Depois da destruição que a
liderança anterior causou, não será fácil recompor o partido nem recuperar a
confiança dos eleitores. Sobretudo dos dependentes do Estado, que duplicaram em
40 anos (como nota a revista anual do Observador).
O otimismo e o entusiasmo com a nova liderança do PSD explicam-se melhor, julgo eu, com o estado calamitoso do PS e do seu governo. É verdadeiramente inacreditável como um governo com maioria absoluta, ao fim de apenas três meses, se apresenta com um ar de fim de ciclo. Temos uma ausência total de estratégia e de projeto para o futuro, um primeiro-ministro visivelmente entediado com o panorama interno e totalmente focado na política externa e no seu eventual futuro europeu. A isto acrescem as desgraças do SNS, uma ministra totalmente desacreditada ideologicamente e sem soluções, e agora esta crise à volta do aeroporto que revelou toda a fragilidade do governo, mais preocupado com a disputa da sucessão do que em resolver os problemas do país. Ministro e primeiro-ministro saíram fragilizados do episódio.
É, portanto, neste contexto
que todos os comentadores e a opinião pública se viraram de repente para o PSD.
Se o governo não governa, e quando governa não resolve nenhum problema, antes
os agrava, então é necessária uma alternativa. Se fosse Jorge Moreira da Silva
o novo líder do PSD, ou qualquer outro no lugar de Montenegro, e o resultado do
congresso seria o mesmo: todos entendem que tem de haver uma alternativa ao
estado a que isto chegou, e essa alternativa, todos sabem, só pode vir do PSD.
Mas é preciso que consiga apresentar um projeto que cative os eleitores.
Sobretudo dos dependentes do Estado, que duplicaram em 40 anos (como nota a
revista anual do Observador). É aí que reside a dificuldade.
Para já, parece haver uma
pequena, mas significativa, vitória do novo líder do PSD. Fez com que Marcelo,
no meio dos seus mergulhos em Copacabana, decidisse abrir uma exceção à sua
regra, e falar de assuntos internos no estrangeiro. “Colaboração especial”,
disse o Presidente, com o ministro da cultura ao lado, a surfar nas ondas. E
nada do que Marcelo faz ou diz é por acaso.
FICA BEM 👍
A Junta de Freguesia de
Benfica. No ano em que as suas tradicionais festas dos santos populares
regressaram a Lisboa, voltou a organizar-se o Grande Arraial de Benfica. Com a
participação de Rui Veloso, Lena D’Água, Carlão, Ana Bacalhau e muitos outros artistas.
Milhares de pessoas visitaram Benfica ao longo dos 4 dias do evento, com muita
diversão e animação para todas as idades. Está de parabéns a Junta e o seu
presidente, Ricardo Marques.
FICA MAL 👎
Pedro Nuno Santos. Mediu mal as suas capacidades e o seu poder no governo, com uma jogada de alto risco, julgando ganhar pontos no ataque ao lugar de secretário geral do PS, ao avançar com o infeliz despacho sobre os Aeroportos. Acabou humilhado e a pedir desculpas perante todos os portugueses num dos episódios mais rocambolescos da governação portuguesa dos últimos anos. Depois disto, a probabilidade do "jovem turco" poder aceder à liderança do PS ficou prejudicada.
Título e Texto: Mário A.
Florentino, Benfica, 6-7-2022
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