Confira, por favor, o texto da newsletter do jornal Expresso, Portugal, 26 de setembro de 2022
Isabel Leiria
E agora, um resumo das últimas horas, começando pela noite eleitoral em Itália. Os resultados oficiais ainda não estão apurados, mas é já certo que o partido de extema-direita Irmãos de Itália, liderado por Giorgia Meloni, foi o mais votado nas eleições que decorreram domingo. Às primeiras horas da manhã, tanto para o Senado como para a câmara baixa do Parlamento, o Irmãos de Itália seguia com 26% dos votos, em linha com as projeções conhecidas logo após o fecho das urnas.
Somados aos votos recolhidos pela Liga (8,9%), de Matteo Salvini, e aos da Força Itália (8%), de Silvio Berlusconi, a coligação de centro e extrema-direita conseguirá uma representação acima dos 40%, assegurando uma distância confortável em relação à coligação de centro esquerda.
Meloni deverá tornar-se assim a primeira mulher a liderar um governo em Itália, que será também o mais à direita desde o fim da II Guerra Mundial. Discípula de Steve Bannon, ideólogo da primeira campanha eleitoral de Donald Trump, gosta de assumir-se como “mulher, mãe, italiana, cristã”. Em 2021, num discurso em Roma, proclamou os princípios que a orientam: “Família,identidade sexual, espiritualidade cristã, trabalho, fronteiras, história, liberdade de expressão, pátria.”
À esquerda, o Partido Democrático, de Enrico Letta, não deve chegar aos 20% dos votos. E a reduzida representação dos seus parceiros de coligação (Verdes-Esquerda, com 3,6%, Europa, com 2,9% e Empenho Cívico, menos de 1%) afasta-o da governação.
O novo executivo deverá ser formado nas próximas semanas. Resta saber quanto tempo durará, num país habituado a viver em sucessivas crises políticas e em que o tempo de vida médio dos governos não chega aos dois anos.
Certo é que, país a país, os partidos nacionalistas e de extrema-direita vão ganhado força na Europa, alimentados pelo receio, descrença e desilusão de populações que se sentem prejudicadas pela globalização, que rejeitam a imigração ou que deixaram de acreditar nas instituições e nos políticos que as governam. Tudo isto agravado nos últimos meses por uma guerra na Europa e que volta a atirar o mundo para uma inesperada crise económica, com valores de inflação a fazer disparar os custos de vida e a perda de rendimentos. E este é o mais fértil dos terrenos para os partidos extremistas e que fazem dos discursos populistas o seu mantra.
A representatividade dos partidos de extrema-direita é superior a 10% em pelo menos 12 países europeus, chegando ao máximo de 54% alcançados pelo Fidesz, o partido do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, um dos amigos de Giorgia Meloni e um dos primeiros líderes a felicitá-la na noite de domingo. A norte, o partido Democratas da Suécia (com raízes neonazis) conseguiu uns históricos 20% nas recentes eleições, tornando-se a segunda maior força política naquele país e com possibilidade ainda de vir a integrar o futuro Governo. Em França, a Frente Nacional de Marine Le Pen continua a crescer. Aqui ao lado, o Vox tornou-se o terceiro maior partido no Parlamento espanhol. Em Portugal, o Chega passou de um deputado nas legislativas de 2019 para os 12 atuais.
Uma das questões que se
coloca é saber como pode a Europa lidar com a ascensão de partidos, democraticamente
eleitos, mas que fazem muitas vezes da intolerância, do extremismo e da
radicalização o centro do seu discurso político. “Isolar a extrema-direita
europeia está a revelar-se ineficaz. Integrá-la ou aceitar a sua
“normalização”? É um risco. Vivemos tempos novos. Ainda não sabemos como lidar
com eles”, escreve a jornalista
Teresa de Sousa na sua coluna de opinião publicada no Público de ontem.
Título e Texto: Isabel
Leiria, Expresso, 26-9-2022
A militante Teresa de Sousa
descreveu dois partidos em Portugal, ambos antros de amor, tolerância, e
muitos, muitos beijinhos pra todos: Bloco de
Esquerda e o Partido Comunista Português. E é tanto o amor contagiante
que, aquando de eleições gerais neste jardim à beira-mar plantado, atingem, democraticamente, percentuais de votos inimagináveis, tipo 171%! É de arrepiar!
Direita vence na Itália e Giorgia Meloni vai comandar o país
Quando a democracia não é a deles, é fascismo
ResponderExcluirVictoire écrasante de l’alliance des Droites en Italie. Majorité absolue à l’assemblée et au sénat
ResponderExcluir« Giorgia Meloni a réussi à unir des électorats qui socialement sont différents mais qui s’entendent sur l’essentiel du programme »
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