José Carlos Bolognese
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Foto: AD |
Obrigado pelo seu pronunciamento na Câmara Federal nesta terça-feira, 3 de julho. E não menos obrigado por ser um dos (poucos) parlamentares que, a exemplo dos senadores Álvaro Dias, Ana Amélia e Paulo Paim, ainda se lembram que a Varig existiu, que o Brasil muito ganhou com ela e que a herança deixada aos seus milhares de trabalhadores foi uma herança maldita. Obrigado também por lembrar-se dos aposentados... bem... dos que ainda estão vivos e querem assim continuar.
Mas, sendo eu um desses
(ainda) sobreviventes, com seis anos de calote nas minhas costas, como
recompensa pelos vinte em que contribuí para o Aerus e assumindo todas as
consequências de um delito que não cometi, não poderia deixar de manifestar o
meu ceticismo por mais um encontro, dessas dezenas que tivemos notícia desde
2006 e que até hoje não deram em nada. Talvez estejamos diante de mais uma
dessas... “Photo Opportunities”, como a que inclui desta vez a “Barbie do
Planalto”. Diante do que estou sofrendo – e não só eu, mas milhares de colegas
– há uma distância no tempo que já se iguala a um e meio mandatos
presidenciais, me sinto no direito de perguntar:
Quantas viagens a Brasília
precisam ainda fazer a Sra. Graziella e o Sr. Klafke para que eu (nós) possa
visualizar uma saída desse inferno? Quantas sessões de fotos ainda estão
faltando naquelas salas suntuosas há tão pouco tempo tão (mal) ocupadas pela
quadrilha do mensalão?
Eu assisti ao vídeo do seu
discurso. E, se de um lado me sentia confortado por suas palavras, não pude
deixar de sentir uma certa vergonha – que a mim não cabe – pela irreverência
que rolava no ambiente. Em flagrante desrespeito ao senhor e a nós variguianos,
em se tratando do que... se tratava! Conversas em todas as direções, celulares
tocando, gente tuitando e por aí vai. Tudo, menos atenção ao discurso e à
gravidade do assunto.
O porquê dessa referência é a
metáfora que nela identifico. É assim com esse descaso e descompromisso que
somos tratados; os trabalhadores como meros produtores de riqueza para ser
esbanjada irresponsavelmente e os aposentados como peças descartáveis, simples
estorvos a serem esquecidos assim que deixam de produzir.
Talvez a única utilidade que a
gente desse governo possa ainda achar em nós aposentados, seja a de podermos
dizer a eles como é o inferno – enquanto eles não vão pra lá... como
acreditamos! O "know-how" nós já temos!
Obrigado mais uma vez e me
perdoe pela amargura do tom. Mas não há lugar para outro sentimento, senhor
deputado. Se falasse de outro modo estaria sendo apenas hipócrita, um mal que
ainda não me acomete depois de toda essa injustiça.
Cordialmente,
Título e Texto: José Carlos Bolognese, Comissário de
voo aposentado, Varig/Aerus
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