Senhores políticos,
Teoricamente vivemos numa
democracia representativa, de fato, eleições não fazem uma democracia, a partir
do momento vossas excelências não nos representam de fato, salvo raríssimas
exceções.
Teoricamente vivemos num
sistema republicano presidencialista, mas uma república faz-se com liberdade,
igualdade e fraternidade de fato e não apenas no papel. A partir do momento em
que vossas excelências elevam-se ao patamar de uma classe privilegiada, a igualdade
deixa de existir; se colocam os interesses particulares, corporativistas e
partidários acima dos interesses públicos, a fraternidade torna-se apenas um
conceito; quando vossas excelências ao menos ventilam a possibilidade de
selecionar as informações que devem ser veiculados pelos órgãos de comunicação
de massa, limitar o uso de internet pelos cidadãos, a liberdade fica ferida.
Não contem, excelências com a
ignorância coletiva e o esquecimento dos eleitores brasileiros. A cada dia
cresce o número de cidadãos desgostosos com os rumos dados ao país, matando-se
a idéia de pátria, condenando as classes privadas de poder aquisitivo e poder
do conhecimento, condenando populações inteiras à ignorância pela péssima
qualidade de nossas escolas públicas, matando-se milhares por ano pela falta de
equipamentos, profissionais e boa vontade dos nossos agentes de saúde. Este
desgosto coloca a classe política no front de uma batalha social que prepara-se
aos poucos, paulatina e lentamente. Não subestimem nossa capacidade de união,
organização e poder de reivindicações.
Não os ameaço, excelências,
apenas os alerto. Não estranhem se um dia as praças encherem-se de brasileiros
desgastados em sua dignidade e paciência e não adianta, insisto, em arrumar
ferramentas ilegais para nos calar. Saiam às ruas sem seus cabos eleitorais e
não tardarão a perceber que a panela de pressão está aquecida e cada brasileiro
tem muitas reclamações sobre suas atuações. Não se surpreendam se vossas
excelências passarem a receber dedos na cara daqueles a quem sempre trataram
apenas como mais um voto na urna eletrônica.
Mudem suas práticas, respeitem
àqueles que pagam extorsivos impostos desejando apenas serem tratados como
homens, mulheres, jovens e crianças que merecem receber em troca de seu suado
dinheiro depositado nos cofres do Estado serviços de qualidade e respeito das
instituições.
Não continuem tratando a
segurança pública como uma ferramenta eleitoreira. Ao permitirem que o
banditismo, seja do ladrão de galinhas, seja do ladrão do erário, cresça com
punições amenas, quando elas ocorrem, estão mandando a mensagem que ser bandido
vale a pena, que nada ocorrerá a quem desrespeitar a lei e este desrespeito
pode bater às suas portas pelas mãos e pela insatisfação daqueles que hoje se sentem
agredidos pela sua inépcia.
Parem um pouco de olhar apenas
para as caras dissimuladas de seus líderes e olhem nos olhos de seus patrões: o
povo que lhes paga os salários, as mordomias, as benesses, as viagens de
primeira classe, as diárias em viagens internacionais, os hotéis cinco
estrelas, os carros luxuosos, os jantares nababescos, as moradias gratuitas e
confortáveis, os planos de saúde ilimitados e extensivos às suas famílias. Na
surdina, pelos becos, nos bares ou nas portas da peixaria, já se fala que todos
merecemos isso. A tal igualdade de que fala a Constituição Federal, aquela
mesma Carta Magna que nossos dirigentes, vossas excelências, desrespeitam como
se mandassem cada patrício calar-se e resignar-se.
Respeitem-nos, excelências,
antes que percamos de vez o respeito por vossas excelências. Respeitem esta
pátria rica que empobrece diante de tanto desvio de verbas, leis casuísticas,
desvios de verbas, de princípios éticos e morais, dos furtos impunes à coisa
pública.
Somos pacíficos, mas estamos
perdendo nossa paciência o que pode nos levar a perder a passividade e cabe aos
senhores evitarem traumas sociais. Não a oposição armada que nossos mandatários
pregaram um dia e que hoje acham antidemocrática, mas antes da terra
assentar-se, excelências, há o terremoto. Este abalo cabe a vossas excelências
evitarem.
Não somos poucos e nosso
número aumenta na mesma proporção que cresce nossa indignação.
Se de fato vossas excelências
nos representam, algo em que não cremos mais, façam de suas atividades aquilo
que esperamos que façam: justiça social, segurança jurídica, responsabilidade,
eficiência, bom senso, honestidade. Tudo em nome do bem comum e não dos bens
seus e dos seus.
Não se acovardem, excelências,
mostrem que são homens e mulheres com algum resquício de consciência e levem
este nosso sofrido Brasil ao rumo seguro do crescimento calcado na qualidade
dos serviços públicos; ressuscitem os princípios republicanos de fato, além do
discurso fácil e ensaiado; pensem na honra de seus filhos que devem sofrer por
verem seus pais acusados de bandidos na escola, no clube, na lanchonete,
dêem-lhe motivos para orgulharem-se de vossas excelências; esforcem-se para
entrarem na história como aqueles que colocaram o país na linha e não como
coniventes com os bandidos que pouco ligam para os rumos da nação, antes vêem
seus egos, seus bolsos e o enriquecimento sub-reptícios dos seus pares.
Estamos vivos, excelências, e
inchando de raiva e indignação, mas não precisam temer, desde que não nos deem
motivos, embora até o momento motivos não nos faltem e aumentam a cada dia.
As páginas políticas dos
jornais e revistas se confundem com as páginas policiais e é como bandidos ou
cúmplices que querem ser lembrados no futuro? Não cabe a nós mudarmos o futuro,
mas vossas excelências, eleitas para nos representar. Pois representem, mas com
a conduta que desejamos e não com a que têm nos mostrado.
Título e Texto: Marcos Pontes
Colaboração: Gracialavida
Relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-