Francisco Vianna
Os manifestantes recusam a
pretensão da presidente de mudar a Constituição Nacional para tentar obter, nas
urnas, um terceiro mandato consecutivo.
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Duas mulheres participam de um panelaço de protesto contra as políticas da presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, na quinta-feira de ontem em Buenos Aires |
A Argentina, como tenho tido a
oportunidade de ressaltar, mergulhou em queda livre com o desgoverno populista
e demagógico da peronista Cristina Kirchner. Ontem, em Buenos Aires e outras
cidades de Argentina ocorreram protestos – ainda pacíficos, mas cada vez mais
barulhentos – com multidões tocando apitos e batendo panelas contra uma
eventual “reforma da Constituição” para habilitar a reeleição para um terceiro
mandato consecutivo da presidente Cristina Fernández de Kirchner, e também pela
falta de respostas de seu governo à crescente onda de violência e insegurança,
além da inflação cujos índices são manipulados pela Casa Rosada alegando ser de
16% quando todo mundo sabe ser pelo menos o dobro disso ao ano.
A manifestação, convocada
através das redes sociais e correios eletrônicos por grupos que se definem como
de oposição ao governo peronista, mas que não se identificam com nenhum partido
político, teve seu centro na “Plaza de Mayo”, em frente à Casa Rosada, sede do
governo nacional. Para esse local, milhares de cidadãos confluíram a pé de
diversos bairros da capital portenha, gritando lemas de ordem, soprando apitos,
e batendo panelas, além de portando inúmeras faixas e cartazes, na maioria,
chamando a presidente de “mentirosa e incompetente”. Entre os principais lemas
gritados em coro, sobressaía o que dizia: “não deixemos que este governo
continue avançando e marchemos pela liberdade e em defesa da constituição
nacional”.
As passeatas com apitaços e
panelaços foram também significativas nas cidades de Córdoba, Rosário, La
Plata, Mar Del Plata e Bariloche. Ao longo do ano em curso já houve vários
panelaços contra o governo, principalmente na capital do país, mas as
demonstrações de protestos de ontem foram as que mobilizaram o maior número de
participantes até o momento.
“Não vou ficar nervosa nem vou
deixar que me deixem nervosa”, disse a presidente ao liderar um ato no estado
de San Juan, a 1.265 km a oeste de Buenos Aires, que ocorreu simultaneamente
com o início dos protestos. A governante não quis falar de forma explícita
sobre as passeatas convocadas contra ela.
As políticas de esquerda,
estatizantes, têm feito com que o populismo da presidente comece a ser visto
com insatisfação e desconfiança pelo eleitorado. Reeleita há pouco mais de um
ano com 54% dos votos, Cristina tem visto sua popularidade minguar,
especialmente na classe média, em função de suas restrições à compra de dólares
e moedas estrangeiras, uma tradicional forma de poupança do povo argentino,
além também dos inúmeros escândalos de corrupção – apanágio principal dos
governos de esquerda – no primeiro escalão do governo nacional. A insegurança
jurídica no país tem também provocado fuga de capitais e o investimento privado
na Argentina caiu a níveis muito baixos, provocando a “estagflação”, parecida
com a das décadas de 1970 e 1980 no Brasil, que é uma mistura de estagnação
econômica com inflação alta.
Um cartaz enorme e vermelho
carregado pelos manifestantes, dizia em letras brancas: “Cristina, o voto não
dá impunidade à estafa moral nem ao esvaziamento econômico do povo” e era visto
na ‘Plaza de Mayo’.
A era Kirchner (Néstor e sua
mulher Cristina) trouxe um empobrecimento acentuado ao povo argentino, em
dolorido contraste com a maior parte de seus vizinhos, principalmente o Brasil
e o Chile.
Título, Imagem e Texto:
Francisco Vianna (com base na Associated Press), 14-9-2012
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