José Manuel
Na década de 70, apareceu aqui
no país, mais precisamente no Rio de Janeiro, uma empresa familiar que
fabricava um sorvete de ótima qualidade.
Tinha um nome como marca,
que remetia sonoro-visualmente a uma grande indústria que detinha o monopólio
desse produto alimentar.
Tanto fez essa grande
indústria que conseguiu judicialmente, que a micro se desfizesse da marca com
que tinha nascido. Como resposta, a micro-empresa se relançou com a marca
"Sem Nome".
É claro que foi um sucesso de
vendas pois atingiu não só aquele público que gostava dos seus produtos, como
também a sensibilidade e a admiração dos consumidores, porque afinal a luta era
desigual de um gigante contra um inseto.
Portanto, a grande marca, praticamente
deu um estrondoso "tiro no pé" ao tomar aquela atitude.
Mal sabia essa microempresa,
que ao rebatizar a sua marca estava vaticinando o que viria a ocorrer nas
futuras quatro décadas de anonimatos disfuncionais.
Depois os italianos chegaram,
compraram a grande e faliram a pequena, ficamos Sem Nome e Sem Sorvete. Agora,
ficamos novamente Sem Nome e Sem Suco, pois a brasileiríssima Maguary,
foi comprada pela Britânica Britvic.
E assim vamos ficando Sem Nome
e Sem Nada, rolando ladeira abaixo em crescimento negativo de menos 1,2%. Só no
mês de julho, no Rio de Janeiro, 1 280 lojas comerciais ficaram Sem Nome,
fechando as suas portas.
Na última semana, as agências
de qualificação de risco Standard & Poors, e
a Moody's rebaixaram a nota brasileira de estável, para negativa, ou
seja, ficamos agora, definitivamente, com o nome sujo e Sem Nome na praça.
O país continua com
bravatas governamentais a fabricar o nada. Todos os dias são bravatas e
mais bravatas que obviamente não tem mais respaldo nenhum da população, pois
quem não tem nome a zelar, quem não se respeita, quem não dá exemplo, se
eclipsa e, portanto Sem Nome.
Por exemplo, o Executivo não
se entende com o Legislativo, que por sua vez não se entende com o primeiro, e
os dois não se entendem com o Judiciário. Isso tem nome?
Não, pois uma política que
vive em confronto consigo mesmo, desrespeitando as próprias instituições, é
praticamente um lugar Sem Nome. Um país onde milhares de cidadãos se vestem de
vermelho, agitam bandeiras vermelhas, desconhecendo o seu pavilhão nacional,
acaba virando um país Sem Nome, Sem Caráter, Sem Cultura, Sem Tradições, Sem
Teto, Sem Justiça, Sem Terra, Sem Escolas, Sem Hospitais, Sem Empregos, Sem
Cidadania, Sem Tudo.
Que nome, por exemplo, daríamos
a um país em que o Judiciário emite um mandado judicial de pagamento de
alimentos aos idosos do Aerus, o Executivo cria uma firula despropositada
para postergar ao máximo esse pagamento a pessoas idosas, e joga para o
Legislativo, que não está nem aí, pois a disputa política que praticam é e será
sempre mais forte do que a fome de cidadãos, mesmo que esses cidadãos Sem
Dinheiro e Sem Saúde estejam com mandados judiciais.
Será que vai ser necessário
novamente que idosos, façam greves de fome, durmam no chão de aeroportos ou do
Congresso com os seus canudos judiciais e parcas esmolas de um ou de outro
parlamentar honesto e simpatizante da nossa causa? Será que o país quer mesmo
mostrar isso outra vez ao mundo? Se quiser, nós fazemos tudo de novo.
Não tem nome para isso, ou
será que não seria por exemplo o país do Nunca Neverland o país do
Engodo Lureland, o país da Fantasia Fantasyland, o país da Brincadeira Playland,
enfim uma grande e pretensa Disneylandia fracassada, pois nas
brincadeiras não há futuro por aqui, porque até para brincar o povo corre para
Miami.
São nove anos vivendo em uma
situação Sem Nome, em que a justiça é jogada no limbo acintosamente. E
infelizmente, ainda por cima, uma parcela dos participantes do Aerus,
atores também frustrados nessa pantomima governamental acham que
atitudes como recorrer a tribunais internacionais como estamos
fazendo agora, vai acarretar perdas disso ou daquilo.
Isso parece mais um espetáculo
de picadeiro em um circo falido, mas sempre frequentado porque as entradas são
de graça, e os artistas apesar de vestir as mesmas fantasias, de ter os mesmos
narizes, também nada mais são do mesmo, Sem Nome.
Como no exemplo da grande
industria de sorvete, um estrondoso "tiro no pé" será com toda a
certeza se não nos nos mexermos enquanto pudermos e enquanto é tempo.
Título e Texto: José Manuel, com nome e matrícula,
apesar do nariz, 10-8-2015
Autorizada a publicação desde
que seja na íntegra e observada a sua propriedade intelectual.
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Não conheço muito bem a História dessa marca de Sorvete, mas fui copeiro em uma de suas filiais. porém Lembro de uma frase do Proprietário Luiz Fernando. que dizia. Não to Rico mas vou ficar, se não ficar é uma injustiça...
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