Cesar Maia
1. A professora e pesquisadora norte-americana Kathleen Jamieson,
uma das mais importantes autoridades em comunicação política e autora de vários
livros, realizou, no início dos anos 90, uma enorme pesquisa desde a
Universidade da Pensilvânia sobre as eleições presidenciais norte-americanas de
Kennedy a Clinton. Trabalhou com 5 mil pesquisadores.
2. No final, as conclusões da pesquisa foram publicadas em um livro
com o nome “O que você pensa que sabe sobre política e por que você está
errado”. Esse livro não foi ainda traduzido para o português.

4. Os comerciais defensivos são aqueles que os candidatos dizem o
que fizeram, dizem o que pensam, enfim, falam bem de si mesmos e de seus
governos ou de seus mandatos. Os comerciais negativos são aqueles que os
candidatos atacam seus adversários, mostrando os erros em seus governos ou no
exercício de seus mandatos.
5. Finalmente, os comerciais de contraste são aqueles que os
candidatos, ao afirmarem suas posições, contrastam com as posições dos
adversários sobre aquele tema. Os amplos testes feitos foram agrupados como
conclusões. Os comerciais que menos efeito tem sobre a decisão de voto e a
memória do que foi dito são os comerciais defensivos.
6. Os comerciais negativos criam certo desconforto no expectador
quando são vistos. Mas depois disso, geram muito mais memória que os defensivos
e têm muito maior efeito sobre o voto. Jamieson considera os comerciais
defensivos fracos sobre o voto e a memória e os comerciais negativos regulares
sobre voto e memória, mas de bem maior impacto que os defensivos.
7. Finalmente, os comerciais de contraste de longe são os que
produzem maior impacto sobre a memória e a decisão de voto.
8. No Brasil, a legislação eleitoral proíbe os ataques de uns – em
seus programas – sobre outros, especialmente com o uso da imagem dos
adversários, coisa que é liminarmente proibida com perda de tempo de TV e
direito de resposta. Dessa forma, proíbem, e por proibir, inibem os comerciais
negativos e de contraste.
9. Sendo assim, abrem-se todas as portas e janelas para quem tem
mais tempo de TV, pois pode falar a vontade de seus feitos – mesmo que
ficcionais – e se sentem protegidos pela legislação. Com isso, com estas
limitações, os eleitores ficam pouco informados diretamente pelos
programas/comerciais eleitorais e ficam dependentes da imprensa.
10. Ou seja, a legislação termina estimulando a ficção eleitoral e
a desinformação do eleitor –impedindo o debate publicitário entre candidatos.
Para ativar a crítica ou o contraste, resta contar com a imprensa. Ou, agora,
as redes sociais.
Título e Texto: Cesar Maia, 23-8-2018
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