Rui A.
A gravitas necessária
à dignidade de qualquer regime político tem de estar estampada na cara e nos atos
dos seus principais protagonistas. Marcelo Rebelo de Sousa não a tem. É muito
simpático, plasticamente simpático, distribui beijinhos a eito, tira selfies com
todos que lhe pedem, mas isso também a Cristina Ferreira faz. E, pior que tudo,
continua a colar-se-lhe às faces o papel de comentador político, com a especial
agravante de praticamente só comentar o que faz o governo, por achar,
provavelmente, que tem esse dever constitucional.
Marcelo Rebelo de Sousa é um
boca-rota a quem António Costa, um primeiro-ministro de um governo minoritário,
trata com desdém político. Imaginem o que lhe faria se o PS tivesse uma maioria
absoluta no parlamento. Nada do que Marcelo diz ou «exige» tem provimento pelas
bandas de São Bento, e bem pode Marcelo esbracejar e ameaçar, que Costa não lhe
liga. Quando aparece a dizer que quer saber tudo e mais alguma coisa, Costa
deixa-o a falar sozinho.
Em 4 de julho de 2017, por
exemplo, o homem exigia uma «investigação total ao caso de Tancos, doa a quem doer». Quase um ano depois, o pobre
Marcelo continua a exigir o «cabal esclarecimento do que se passou em Tancos». Em 5 de setembro do ano
passado, Marcelo queria o «esclarecimento público sobre os donativos de Pedrogão». Ontem mesmo, o infeliz
ocupante do Palácio de Belém já só pede que «a alegada fraude com Pedrogão fique esclarecida até ao final do ano».
À conta dos seus excessos de
simpatia, da sua incontinência verbal e de se ter posto debaixo do governo e de
António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa deixou de ser politicamente relevante,
ao contrário do que os seus elevados índices de popularidade o podem levar a
crer. Mas a Providência Divina, sempre tolerante para com os seus filhos,
deu-lhe, agora, uma última oportunidade para inverter o jogo: a nomeação do
próximo Procurador-Geral. Se a não aproveitar estará politicamente morto.
Título, Imagem e Texto: Rui A., Blasfémias, 28-8-2018
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