Vitor Cunha
Alguns amigos entretêm-se com
partidos, tentando descobrir se há uma matriz liberal na Iniciativa Liberal ou
se o país é mais socialista ou mais o raio que o parta. Fui perdendo paciência
para essas conversas ao perceber que estavam a falar a sério. Poucas coisas
faladas a sério me entusiasmam, principalmente na política: estou sempre
disposto a depositar a minha confiança e energia a apoiar pessoas, não a apoiar
o que parecem ideias, mas não passam de toscas recauchutagens do velho conceito
“eu é que sei, eu é que tenho os livros”. Apoiei
Passos Coelho porque apanhou um país na lama e, contra tudo e todos, resistiu
a navegar por onde lhe foi possível nas turvas águas dos instalados, por entre
a gritaria dos peões organizada por bispos, cavaleiros e torres de um xadrez
que tolera (e incentiva) a triste ideia de haver “cultura de esquerda”.
Assim, surja aí alguém que
proponha fazer diferente – ou seja, que não ande a reboque das causas
esotéricas de um grupo de azeiteiros que fingem preocupação com as causas alheias
(sim, as Câncios, os Daniéis Oliveiras, as Catarinas Martins, os Rui Tavares,
os trepadores académicos da doutrina e as filhas da podridão lisboeta que
acabam em apresentadoras de “televisão”), alguém que compreenda que o país são
pessoas e não “massas” e que saiba que conservadores somos todos, em particular
do que possuímos (ainda estou para entender como é que alguém que defende
propriedade pode ser não conservador, mas sei que, a obter resposta, será
necessário compartimentar comportamentos, como se toda a economia não fosse
comportamentos de pessoas), então terá o meu apoio de todas as formas
possíveis.
Até agora não surgiu nada que
o mereça, só o pitoresco faduncho da política interna que preenche o espaço
mediático com entretenimento rasca, como um hotel de uma estrela em Benidorm e
a sua magnífica atracção da noite, a estonteante Soraia, diretamente de Las
Vegas (Las Vegas como subúrbio de Albacete, não a do Nevada).
Venha ele, não o D. Sebastião,
só o gajo ou gaja que me trate como pessoa e não como conceito. Venha ele, que
eu vou.
Título e Texto: Vitor
Cunha, Blasfémias,
26-8-2018
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