Deputados da oposição são convidados para
evento paralelo ao Sínodo da Amazônia
Fratresinunum
O convite partiu da Rede
Eclesial Pan-Amazônica (Repam), entidade presidida pelo cardeal D. Cláudio
Hummes, relator-geral do sínodo. Ele chamou deputados de partidos como PT, PSB
e Rede Sustentabilidade para participar de atividades
Felipe Frazão, O Estado de S. Paulo, 3 de outubro de 2019
BRASÍLIA – Deputados de oposição ao governo Jair Bolsonaro se organizam para viajar ao Vaticano a fim de denunciar violações de direitos humanos na Amazônia Legal, durante o Sínodo dos Bispos. Conforme revelou o Estado, o Papa Francisco vetou a presença de políticos com mandato no encontro, mas entidades ligadas à Igreja convidaram os parlamentares brasileiros para um evento paralelo.
BRASÍLIA – Deputados de oposição ao governo Jair Bolsonaro se organizam para viajar ao Vaticano a fim de denunciar violações de direitos humanos na Amazônia Legal, durante o Sínodo dos Bispos. Conforme revelou o Estado, o Papa Francisco vetou a presença de políticos com mandato no encontro, mas entidades ligadas à Igreja convidaram os parlamentares brasileiros para um evento paralelo.
O convite partiu da Rede
Eclesial Pan-Amazônica (Repam), entidade presidida pelo cardeal D. Cláudio
Hummes, relator-geral do sínodo. Ele chamou deputados de partidos como PT, PSB
e Rede Sustentabilidade para participar das atividades da tenda ‘Casa Comum’.
Espaço aberto e coletivo,
conexo ao sínodo, a tenda é organizada por entidades católicas, entre elas a
Repam, a Cáritas, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Movimento
Católico Global pelo Clima – e não diretamente pela Santa Sé. No encontro
restrito aos bispos, o papa proibiu, além dos políticos, militares de
participarem das assembleias e reuniões, apesar de esforços diplomáticos do
governo brasileiro para ter voz no encontro global de bispos.
Os deputados foram convidados
para falar no dia 14 de outubro, um dia após a canonização de Irmã Dulce. Eles
pretendem apresentar na tenda um relatório sobre a situação dos diretos humanos
na Amazônia Legal. O texto, em fase final de elaboração, é coordenado pelo
deputado Helder Salomão (PT-ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara. Outros deputados assinaram o documento, entre eles os
líderes da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e da minoria, Jandira Feghali
(PCdoB-RJ). Nenhum é alinhado a Bolsonaro.
O documento preparado por
Salomão inclui o relato de três visitas recentes feitas pela comissão para
fiscalizar ocorrências na Amazônia: a disputa por terras quilombolas no entorno
da base de lançamentos espaciais em Alcântara (MA), o massacre nos presídios de
Manaus (AM) e a morte do cacique Emyra Wajãpi, na terra indígena da etnia no
Amapá. A comissão se opôs ao acordo com os Estados Unidos para exploração da
Base de Alcântara (MA), denunciou “falhas crassas” na segurança, “condições
insalubres” e “provável prática de tortura” nas cadeias manauaras e contestou o
inquérito sobre a morte do cacique Wajãpi, que teria se afogado, segundo a
Polícia Federal – o conselho das aldeias locais denunciou um suposto
assassinato cometido por garimpeiros invasores, o que a investigação não
confirmou.
Deputado pede a Maia que
autorize viagem
Helder Salomão vai pedir ao
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a formação de uma comitiva para
viajar em missão oficial, com despesas custeadas pelo Legislativo. Segundo o
petista, sem o aval de Maia, os deputados até podem viajar ao Vaticano, mas
levariam falta nas atividades parlamentares, com desconto salarial. “Se o
deputado não viaja em missão oficial, não poderá falar em nome do parlamento
brasileiro”, pondera o petista.
Além dele, também foram
convidados pela Repam para ir ao Vaticano, entre outros, nomes como Airton Faleiro
(PT-PA), Camilo Capiberibe (PSB-AP) e Joênia Wapichana (Rede-RR) – única
indígena no Congresso e presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos
Direitos dos Povos Indígenas.
A tenda Casa Comum vai sediar
em Roma encontros entre os padres, bispos e cardeais que participam do sínodo,
leigos e religiosos – que levarão 50 representantes dos povos indígenas da
Amazônia. As atividades da tenda vão além dos oficiais, que são restritas à
lista de participantes do sínodo.
A tenda será instalada num
ambiente cedido por padres carmelitas, da Igreja de Santa Maria em
Transpontina, perto da Praça São Pedro. No espaço, haverá palestras, debates,
vigílias, peregrinações, apresentações de costumes tribais e exposições de
documentários e fotografias sobre temas como violência contra índios no Brasil,
impactos negativos da mineração e a vida da irmã missionária Dorothy Stang,
assassinada há 14 anos, em Anapu (PA).
Título e Texto: Fratresinunum.com,
4-10-2019
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