quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Onde está o escrutínio da extrema-esquerda?

André Ventura

Vivemos num país curioso: quando se levantam suspeitas sobre o comportamento de um político de direita, uma grande parte do país acredita, os media começam imediatamente a investigar e as suspeitas são assumidas como verdade inatacável, que só os capitalistas, os fascistas ou os membros da extrema-direita atacarão. É curioso, mas está muito próximo da verdade! Quando uma jornalista espanhola levanta dúvidas graves sobre uma dirigente política nacional do Bloco de Esquerda, incluindo nessas denúncias números de contas bancárias e contextos em que alegadamente teria sido recebido dinheiro de forma ilícita, o país político e mediático reage maioritariamente com silêncio e indiferença. Se fosse um político do CHEGA ou de direita, o que não iria já para aí...

A sobranceria e a altivez da esquerda e de alguns dos seus protagonistas é tal que, quando algum adversário pede explicações sobre as denúncias, se reage com processos judiciais. É assim a extrema-esquerda: arrogante e pouco habituada ao escrutínio da imprensa e das instituições da sociedade civil.

Por outras palavras, a direita é para investigar e escrutinar ao limite, a extrema-esquerda é para poupar e, nalguns casos, levar ao colo!

Por exemplo, teve de ser o CHEGA, no Parlamento, a gritaria que o Bloco e o PCP estavam a integrar nas listas de candidatos a cargos políticos, terroristas e criminosos membros das FP25. Mas o CHEGA foi desde sempre investigado pela presença de eventuais neonazis e membros de grupos de extrema-direita nas fileiras do partido. Duplicidade de critérios ou domínio cultural e presencial da extrema-esquerda nalgumas redações? Talvez um pouco de tudo! Mas temos de pôr a mão na consciência! Quando o país inteiro ficou a saber das incoerências da líder do PAN quanto a estufas, uso do plástico e deveres de transparência dos deputados, fê-lo porque chegaram denúncias anónimas ao Nascer do Sol e não porque tal foi investigado por alguma equipa jornalística ou judicial.

Em Portugal passámos uma espécie de cheque em branco à extrema-esquerda, sobretudo ao Bloco de Esquerda e ao PCP. Se vêm terroristas das FARC à Festa do Avante, quem quer saber?

Se o Bloco tem ligações ao Podemos, em Espanha, e este partido está a ser investigado por financiamento ilegal, quem se interessa? Se há criminosos nas listas a deputados ou a autarcas, que interesse tem?

A esquerda e a extrema-esquerda ganharam uma espécie de passadeira de impunidade em Portugal: são levados ao colo, todos têm benefício da dúvida e a culpa só é aferida em último caso. Já na direita, claro, a presunção é de criminosos e bandidos, mesmo sem factos que apontem para tal. Portugal tornou-se no paraíso da esquerdalha, por muito que isso custe a ouvir a muita gente!

É este bloqueio cultural que temos de ultrapassar, sob pena de ser criado um fosso cada vez maior entre as instituições, a imprensa tradicional e os cidadãos comuns, que se expressam sobretudo nas redes sociais. E, claro, em nome da verdadeira democracia. A extrema-esquerda também tem de se habituar ao escrutínio, goste ou não!
André Ventura 
Deputado à Assembleia da República
Líder do CHEGA

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