segunda-feira, 29 de novembro de 2021

As bolhas da bempensância

José António Rodrigues Carmo

Paulo Rangel [foto] perdeu as eleições do PSD e o Chega adotou como slogan uma versão do "Deus, Pátria, Família... e Trabalho", o que motivou um bruááá mediático, com a generalidade dos jornalistas a denunciar em altos berros a origem salazarista do slogan.

Em ambos os casos, na minha opinião, existe um erro e uma causa semelhantes:

O erro do Doutor Rangel, para lá das táticas e das conversetas sobre carisma e patati patatá, foi ter acreditado que sair do armário e fazer saber urbi et orbi, a sua tendência sexual, lhe dava uma vantagem.

O erro dos media é acreditarem que encostarem o Chega ao Salazar provocará danos a este partido.

Estes erros partem do fenômeno das bolhas.

Certas elites urbanas, sempre cavalgando as modas e as narrativas prafrentex, tendem a presumir que aquilo que eles acham bem é também aquilo que os outros acham bem.

Ora, no caso do Doutor Rangel o eleitorado do PSD não é tão "progressista" como ele acredita.

Quem vive nas bolhas da bempensância não faz a mais pequena ideia de que muitos eleitores fora das suas bolhas, embora não o digam, porque é "feio" e "discurso de ódio", etc., encaram no mínimo com um riso para dentro, as "mariquices" do Dr Rangel ou de qualquer outro notável que se apresente surfando essa tendência.

Note-se que não estou aqui a fazer qualquer juízo de valor, mas apenas a salientar aquilo que me parece ser um fato da crua realidade. De resto, o Rui Rangel tinha, ao que consta, o apoio do "aparelho", lá está, os seus parceiros da bolha, mas não o dos eleitores fora da bolha "bempensante", razão pela qual, em minha opinião, se tramou.

Tivesse ele guardado para a sua vida privada, as informações sobre com quem prefere compartilhar a cama, e provavelmente ganharia.

No caso do Chega, mais uma vez o pessoal da bolha dá um potente tiro no pé.

Porque, se bem que o António das Botas, tenha péssima imagem dentro da bolha, rezam as crônicas que foi considerado o "português do século", há uns anos, numa votação televisiva, para grande espanto e consternação dos habitantes da bolha.

Isto das bolhas faz-me lembrar umas declarações que li num jornal americano, de uma senhora de Nova Iorque, "liberal" (esquerda, no sentido americano do termo), após Bush ter ganho as eleições. A senhora dizia que tinha havido um cambalacho qualquer porque, dizia " não conheço ninguém que tenha votado nele".

Temos de reconhecer que, embora o pessoal da bolha se ache supinamente esclarecido e inteligente, é, na verdade, francamente estúpido...

Título e Texto: José António Rodrigues Carmo, Facebook, 29-11-2021, 18h23

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