Humberto Pinho da Silva
Conheci o Padre Faria quando participava na missa da Igreja de Santo Ildefonso, no Porto.
Era sacerdote afável e idoso. Queixava-se, algumas
vezes, nas homilias, da sua doença: as pernas não lhe permitiam estar muito
tempo sem as descansar.
Um dia, despediu-se dos paroquianos e dos fiéis
habituais da sua Igreja. Deixou parte da biblioteca, espalhada sobre bancos da
sacristia, para quem quisesse.
Entre os livros expostos, encontrei alguns
autografados pelos autores, com dedicatórias elogiosas.
Padre Faria quando era novo, foi excelente
pregador e bastante solicitado para festas religiosas.
Foi substituído por ótimo sacerdote, culto e
dinâmico, que muito beneficiou a igreja, realizando obras urgentes.
Decorrido meses, falando com paroquiano, fiquei a
conhecer o triste destino do sacerdote.
Devido à idade já não tinha muitos parentes
próximos. Acomodou-se, como pôde, na sua terra natal, mantendo a dignidade como
sacerdote.
Mas quantos, chegando à velhice, não encontram o repouso e o sossego que merecem?
Se há padres que vivem folgadamente, outros
passam-na em dificuldade, e nada conseguem amealhar para o fim da vida.
Nas Igrejas Evangélicas, pelo menos algumas, o
pastor recebe ordenado compensador, por vezes, bastante elevado, o que é motivo
de escândalo. Serão pastores de vocação ou profissão?
– Que tosqueiam os fiéis, como dizia o bom Frei
Bartolomeu dos Mártires.
Conheci pastor que, diziam – seriam as
más-línguas? - que recebia, em Portugal, todos os meses, mais que o Presidente
da República!
Conheci também um, que sendo professor de Educação
Física, renunciou ao vencimento que tinha direito como pastor.
Mas, entre sacerdotes católicos?
É tema que pouco gostam de abordar, mas parece-me
muito (bem) de ser lembrado.
Título e Texto: Humberto Pinho da Silva, junho de 2022
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Um gesto nobre
A guerra e o frade redentorista
Me lembrei de "A velhice do padre eterno, de Guerra Junqueiro.
ResponderExcluirCarina Bratt
Ca
do Rio de Janeiro