quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O saldo da Primeira Onda

Ana Caroline Campagnolo

Em suma, a Primeira Onda feminista é marcada pela atuação intelectual e militante de mulheres como Elizabeth Stanton, Lucretia Mott, Susan Anthony, Harriet Taylor e Alexandra Kollontai.

Escritores como Stuart Mill e Friedrich Engels também participaram da construção de argumentos em prol da inserção da mulher na vida pública através do trabalho e da política, polarizando o feminismo em “liberal” e “Socialista”.

No período, muito se alegou sobre a injustiça da restrição ao voto e à herança, também ecoavam queixas quanto à desigualdade no mercado de trabalho.

Nessa primeira onda, desde meados do século XIX, o movimento sufragista revela líderes que se rebelavam contra a ordem eclesiástica e os ensinamentos bíblicos. Também aparecem as primeiras clínicas abortistas e sua máxima propagadora, Margaret Sanger, demonstra inquestionavelmente a massa homogênea formada pelo movimento feminista e os revolucionários sexuais que,  na prática, são as mesmas pessoas. Alexandra Kollontai dá provas suficientes de que ser feminista exige ser também esquerdista na pior das suas facetas: o marxismo.

Diferentemente do que se supõe, demonstrei que as mulheres sempre trabalharam menos do que os homens, e mesmo assim conseguiram sobreviver e prosperar. Demonstrei que as mulheres, ao longo da história, receberam dos homens casa, comida, alimentação e inúmeros favores.

Amiúde, mecanismos sociais foram criados para fazer com que os homens sustentassem e protegessem as mulheres e o fizessem com senso de dever. Apresentei dados que revelam que até mesmo as conquistas políticas foram concessões masculinas, especialmente no tocante ao sufrágio universal.

Quanto à inserção no mercado de trabalho, é sabido que se trata mais de uma consequência econômica e social decorrente de crises e guerras do que de qualquer partido ou organização política; ao mesmo tempo em que é evidente que trabalhar não foi tão agradável naquele século quanto ao que parecer ser hoje.

Esmiucei de que forma as mulheres sempre foram relativamente [aos homens] privilegiadas econômica e socialmente. Nesse período também aparecem os primeiros sinais de depreciação da vida doméstica, da maternidade e do trabalho da dona-de-casa. Estava sendo preparado o caminho por onde passariam as revolucionárias da segunda fase feminista.

As mulheres já tinham direito ao voto, já acessavam livremente o mercado de trabalho e já desfrutavam de igualdade jurídica e social quando a Segunda Onde feminista começou.

O reconhecimento de direitos civis deixa de ser evocado e uma nova abordagem assume o carro-chefe da propaganda feminista: o intratável desejo de algumas mulheres de trocarem suas melhores virtudes pelos piores defeitos masculinos. Começa oficialmente o bombardeio da Revolução Sexual.

Título e Texto: Ana Caroline Campagnolo, in “Feminismo: perversão e subversão”, VIDE Editorial, 2019, páginas 135 e 136 
Digitação: JP, 9-2-2023

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