sábado, 13 de maio de 2023

Mendigos podem ser perigosos sim. Para eles mesmos, e para nós.

Pouco importa se tirar essas pessoas das ruas é uma missão humanitária ou higienista. Dane-se a justificativa e a qualificação, pois é a ação que importa. O que importa é reconhecermos que, seja por um motivo ou pelo outro, esta situação não pode perdurar


Quintino Gomes Freire

Há algum tempo todas as mídias gastaram tempo precioso falando do tal mendigo galã, o “uma mão no volante e outra no carinho“. Este assunto inútil já caiu no ostracismo (ainda bem). Esse episódio infeliz foi mais um passo para romantizar aquilo que todos nós deveríamos lutar para erradicar. A mendicância é a desumanização, um estado infeliz de ser em que nenhuma pessoa deveria estar.

Eu sempre digo que há 5 tipos de mendigos:

·         o que não têm como voltar para casa após o trabalho;

·         os que não têm família e renda;

·         os loucos;

·         os drogados;

·         os criminosos.

Os dois primeiros são um trabalho para a assistência social, que deve assisti-los e que por sua própria natureza têm grandes chances de sair da situação degradante em que se encontram; os dois últimos para a polícia. Os do meio, um pouco de cada. E é bom deixar isso claro, até para que o Poder Público possa otimizar seu trabalho, se é que estão de fato preocupados com isso.

E quando falo em drogado, não são apenas drogas de baixo potencial como maconha, e sim mais ainda aquelas pesadas, como o crack, droga que tira a consciência da pessoa, que o torna escrava da pedra. E muitas vezes este ‘cracudo’, como são chamados por todo mundo menos pela imprensa politicamente correta, acaba caindo inicialmente para os pequenos crimes e muita vezes chega à violência de fato. Praticamente todos praticam crimes contra o patrimônio público ou particular. Não adianta tapar o sol com a peneira. São eles os maiores responsáveis pela depredação do bem público e privado, cometendo pequenos furtos para comprar sua próxima pedra; roubando grades, ferros, maçanetas, portas, hidrômetros….e muitas vezes ameaçando com violência pedestres e motoristas desavisados. Usam facas, atacam turistas; com cacos de vidro, assustam freqüentadores de todas as regiões onde se encontram. 

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Essa semana tivemos o caso de uma mulher que foi ferida no pescoço por golpes de gilete de um destes mendigos na Zona Sul (Urca). Será que ele nunca cometeu um ato violento antes? Será que a romantização da mendicância não fechou os olhos das autoridades para isso? Recentemente houve um esfaqueamento também na Zona Sul, o que fizeram as autoridades? Praticamente nada, o problema continua e continuará. Uma outra mulher foi atacada e gravemente ferida por um “catador de lixo” na porta de um hotel em Copacabana. Esses ‘zumbis’ destroem o patrimônio, espantam os turistas, arranham carros por nada, furtam corrimãos e até tubulações de gás, atacam trabalhadores e focam numa atividade que ameaça principalmente idosos e mulheres.

Setores da política, talvez por falta de pautas relevantes e factíveis, sai em defesa deles todas as vezes em que são criticados. “Vítimas da sociedade”. Essas “vítimas” têm direito de fazer mais vítimas? Esses setores não querem nem que sejam internados; acham que eles têm passaporte livre pra destruir, pois seria, vítimas de uma sociedade maligna que quer triturá-los em suas engrenagens. E, como sempre, não combatem o problema de frente, talvez por ser mais fácil culpar um ente etéreo e difuso como o capitalism do que entender que é preciso resolver o problema, recolher esta gente toda à força sim, para que sejam tratados querendo ou não. Não podemos continuar reféns destes zumbis até que nossa culpa coletiva seja um dia expiada sabe-se lá como. É uma questão de sobrevivência, economia e saúde pública.

Se vemos um crime bárbaro como este cometido em alguns dos locais mais seguros da cidade, como ter um Rio se recuperando? A luta contra a mendicância e contra a presença de bandidos, ladrões, drogados e pessoas que não respondem por si próprias nas ruas deveria ser a luta de nós todos, não importando a cor ideológica. Pouco importa se tirar essas pessoas das ruas é uma missão humanitária ou higienista. Dane-se a justificativa e a qualificação, pois é a ação que importa. O que importa é reconhecermos que, seja por um motivo ou pelo outro, esta situação não pode perdurar.

Título e Texto: Quintino Gomes Freire, Diário do Rio, 13-5-2023

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