Edição Coisas de Ler, fevereiro de 2020. Tradução, introdução e notas: António Simões do Paço.
Li-o pela primeira vez, na
década de 70 do século passado, na saudosa coleção “Os Pensadores”, atualmente
em casa do meu filho mais novo.
O Príncipe (em italiano, Il
Principe) é um livro escrito por Nicolau Maquiavel em 1513,
cuja primeira edição foi publicada postumamente, em 1532. Trata-se de uma
das teorias políticas mais elaboradas pelo pensamento humano e que tem grande
influência em descrever o Estado desde a sua publicação até os dias
de hoje, mesmo os sistemas de governo já serem variados.
No mesmo estilo do Institutio
Principis Christiani de Erasmo de Roterdã, o intuito de O
Príncipe é descrever as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos
internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e manter um principado,
ou seja, um guia para como se chegar e manter-se no poder.
Maquiavel deixa de lado o tema de A
República que será mais bem discutido nos Discursos sobre a Primeira
Década de Tito Lívio.
O tratado político possui 26 capítulos,
além de uma dedicatória a Lourenço II de Médici (1492–1519), Duque
de Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações realizadas a partir de
acontecimentos anteriores na esfera política das principais localidades de
então, o livro pretendia ser uma forma de ganhar a confiança do duque, que
lhe concederia algum cargo. No entanto, Maquiavel não alcançou suas ambições.
Apesar de afirmarem que neste livro se encontra a famosa expressão "os fins justificam os meios", significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiaveliano.
Alguns cursos de administração de
empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se
uma empresa for gerida considerando as metódicas análises do autor, essa
conseguiria prosperar no mercado. Suas considerações e recomendações aos
governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra
como uma teoria do Estado moderno.
Uma leitura apressada ou enviesada de
Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na
política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua
teoria, é necessário colocá-lo no contexto da Itália renascentista, em que se
lutava contra os particularismos locais.
O percurso desta figura histórica terá
servido a Maquiavel como principal inspiração para a sua obra mais
famosa, O Príncipe, de 1513. Um ano antes, com o regresso dos
Médici a Florença, Maquiavel perdera o seu cargo político e caíra em desgraça,
tendo mesmo sido preso, torturado e exilado.
Com a reconquista da liberdade
dedicou-se à literatura, tendo então escrito várias das suas obras mais
sonantes, como A Arte da Guerra (1519-1520) ou História de Florença
(1520-1525). Faleceu a 22 de junho de 1527, na sua Florença, pouco tempo após
apresentar este último livro ao seu patrono, o Papa Clemente VII – o mesmo que
patrocinou vários obras-primas da História, como O Juízo Final, de
Miguel Ângelo, ou A Transfiguração, de Rafael.
Recomendo a leitura, com calma e
interesse. 👍
L’Intervalle entre le marchepied et le quai
Moçambique – Terra queimada
A Arte da Guerra
La grande peur des bien-pensants
Manuel de lutte contre la diabolisation
[Livros & Leituras] Liberdade de Expressão – Uma breve introdução
La guerre secrète contre les peuples
Houellebecq/Onfray: La Rencontre
Contra a Democracia
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