O relato de um ex-oficial da PIDE/DGS em Moçambique nos anos quentes da guerra
De
António Gomes Lopes, edição da Promobooks, segunda
edição: julho de 2018, 196 páginas.
A Guerra da Independência de
Moçambique, também conhecida (em Moçambique) como Luta Armada de Libertação
Nacional, bem como Guerra Colonial Portuguesa foi um conflito armado entre as
forças da guerrilha da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) e as Forças
Armadas de Portugal.
Oficialmente, a guerra teve
início a 25 de setembro de 1964, com um ataque ao posto administrativo de Chai
no então distrito (atualmente província) de Cabo Delgado, e terminou com um
cessar-fogo a 8 de setembro de 1974, resultando numa independência negociada em
1975.
(…)
Wikipédia
O Autor presta um bom serviço
a todos que procuram desvendar um conjunto de explicações, sobre alguns
assuntos da guerra em Moçambique que sempre levantaram dúvidas, sobre o
comportamento das nossas forças de segurança.
Fornece informações
organizadas e completas, sobre casos fundamentais da estratégia nacional e
disponibiliza-as com a competência e autoridade, de quem conheça os factos na
sua totalidade.
Em guerrilha a informação é a arma fundamental – mas a informação é secreta e inacessível para a generalidade da população e nomeadamente quando a maioria se encontra a dois mil quilômetros do teatro-de-operações e onde a presença da contrainformação é notória.
Nestas situações, o importante
é perceber toda a dimensão do conflito, mas para isso, para a coesão da
população, não pode haver demasiados aspectos secretos e considero este o maior
dilema que entravou a solução.
Este livro mostra o que tanto
portugueses europeus, asiáticos, africanos e árabes, tiveram um comportamento
básico comum. Eles estavam na guerra por amor a Portugal e a preocupação era
com o País: produzir e poupar. Não os movia a política, não procuravam o
enriquecimento rápido, era o futuro deles e dos seus filhos que estavam em
causa.
Este é também um desmentido
verdadeiro, de que Portugal nunca quis negociar: desde Goa que se procuraram
soluções alternativas. É um desmontar da “narrativa” que se construiu sob a
base de um governo cego e esclerosado, feita por quem esteve presencialmente,
com competência, a acompanhar os factos mais “quentes” da guerra secreta.
Prof. Dr. Eugénio do Canto
Brandão
O autor faleceu em 9 de agosto de 2019.
Na
página 129 lemos:
“Em 15 de agosto de 1963,
eclodiu a subversão em Brazzaville, e durante três dias, assistiu-se a uma
chacina de pessoal das missões católicas e adeptos do presidente Fulbert
Youlou, dirigida por técnicos da RPC (República Popular da China), que se
encontravam acantonados na sua Embaixada.”
Pois
é, eu, que estudava em Luanda, estava de férias escolares em Brazzaville nessa
data, em casa dos meus pais que lá trabalhavam. A casa era relativamente
próxima ao Palácio Presidencial. Da nossa casa deu para ouvir a “confusão”. Os
congoleses nomearam essa subversão de “Les Trois Glorieuses”.
O hino nacional, adotado em 1970, também tem esse nome.
Voltando
ao livro, sim, é um livro interessante que, sem dúvida, interessará mais a quem
estava na então África Portuguesa nas décadas de 60 e 70 do século passado.
O autor refere algumas vezes Jorge Jardim, que escreveu Moçambique – Terra queimada, confirmando as afirmações e atos daquele.
Anteriores:O Príncipe
L’Intervalle entre le marchepied et le quai
Moçambique – Terra queimada
A Arte da Guerra
La grande peur des bien-pensants
Manuel de lutte contre la diabolisation
[Livros & Leituras] Liberdade de Expressão – Uma breve introdução
La guerre secrète contre les peuples
Houellebecq/Onfray: La Rencontre
Contra a Democracia
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