Para o ex-presidente Alexandre Campello, o
Vasco da Gama e outras SAFs do Brasil serão apenas espécies de filiais de
outras do exterior
Willams Meneses
Ex-presidente do Vasco da Gama, Alexandre Campello [foto] não foi a favor da SAF e voltou a falar sobre o tema esta semana, em participação no podcast Fora de Jogo. Para ele, um clube grande, do poder de engajamento do Gigante, não precisa vender o futebol e citou o exemplo do Fluminense.
– A gente tem acompanhado
clubes grandes endividados e que sobrevivem até hoje, não quebram, não fecham
as portas. Me diz um que aconteceu isso? Nenhum. Temos no Rio de Janeiro o
exemplo de um clube que tinha mais dívidas do que o Vasco e que hoje está numa
situação boa desportivamente, que é o Fluminense, e nem por isso virou SAF. O
que fizemos nesses três anos de gestão, sendo um de pandemia, foi criar
condições para que o Vasco saísse dessa situação – explicou o ex-mandatário.
Muito criticada à época,
Campello acredita que sua gestão estava deixando o Vasco no caminho certo para
a recuperação, como dizia o próprio nome da sua chapa, ‘No Rumo Certo’, quando
tentou a reeleição em 2020. Entretanto, o ex-presidente tem a convicção de que
Jorge Salgado rebaixou e manteve o Gigante na Série B de forma proposital para
ter respaldo para a SAF e citou uma comissão milionária.
– O Vasco estava muito bem
encaminhado, entretanto, havia interesses em vender o Clube. Por isso o
derrubaram o time assim que assumiram (gestão de Jorge Salgado), mantiveram na
segunda divisão e venderam. Você sabe qual é a comissão sobre a captação de
recursos? Se não falha a memória é algo em torno de 4%. Sabe quanto é 4% de R$
700 milhões? São R$ 28 milhões – destacou Campello.
Motivos para ser contra
O ex-presidente ainda explicou os motivos para ser contra a SAF. Embora reconheça que, a curto prazo, com a injeção de dinheiro, seja uma boa opção a curto prazo, ele não vê com bons olhos quando se trata de longo prazo. No caso da 777 Partners em específico, Campello cita que o grupo tem outros times e apontou que SAFs do Brasil serão ‘colonizadas’, tendo o papel apenas de fornecer talentos para fora.
– Sou contra a SAF porque é
uma solução imediata, mas não é a melhor. O dono da SAF é vascaíno? Não. Quem investe
na SAF? É algum vascaíno apaixonado? São grandes grupos que, como em qualquer
investimento, diversifica, uns de curtos e longos prazos, de maior ou menor
risco. Você vê que a SAF do Vasco já tem outros clubes, então para eles tanto
faz ganhar dinheiro no clube A, B ou C. Eles querem ganhar, arrecadar, e onde
circula mais dinheiro? Na Europa e nos Estados Unidos. Então, na minha visão,
os clubes brasileiros serão sempre secundários, sendo uma colônia, uma forma de
extrativismo. O cara vem aqui, pega a matéria prima e leva para fora e vende
por milhões – argumentou o ex-presidente, que completou:
– A longo prazo é legal? Vão
ter outros investimentos? Vai haver o interesse de que o Vasco seja o ‘top one’
dos clubes que tem? Acho que não. Por isso sou contra a SAF nesse modelo. Se
criarem outro que vai entrar o investidor, mas o Vasco não perde o controle,
ok. Não sei, depende (se é viável). Um clube como o Vasco estava, não, mas se
estiver arrecadando muito, sim.
Na participação, ele ainda
explica como os clubes aumentaram suas receitas sem a necessidade de virar SAF.
O mandatário ainda pontuou problemas que enfrentou na sua gestão e saiu em
defesa do trabalho que realizou em São Januário, entre 2018 e 2021, que divide
opiniões entre torcedores.
Alexandre Campello comandou o
Vasco por longos três anos de altos e baixos, tanto dentro quanto fora de
campo. Em 2018, o Gigante escapou por muito pouco de cair à Série B. Em 2019,
veio uma campanha melhor, vaga na Sul-Americana, somada a campanha de
associação em massa de sócios. Em 2020, em ano de pandemia, o Cruzmaltino foi
rebaixado à Série B cerca de um mês depois que deixou o cargo.
Título e Texto: Willams
Meneses, Vasco Notícias, 20-5-2023, 5h
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