Waldo Deveza
Me desculpem pelo desabafo. De
antemão acredito que tudo continuará como dantes, mas...
É... enquanto houver a
preocupação exacerbada de colegas em relação à política e políticos, como se os
reclamos, as críticas mudassem de imediato tudo isso que aí está (e como
está!); enquanto ficarmos pensando que o Brasil irá mudar rapidinho, num verdadeiro
passe de mágica; enquanto se critica, um tal de Cabral que não é o descobridor
do nosso amado país e nem um parente distante, mas sim, um cara que eleito duas
vezes, encontrou na política uma forma rápida para se enriquecer (como se fosse
o único!); enquanto dermos ouvidos aos escândalos que se sucedem em BSB e
estados brasileiros, como se tais críticas pudessem fazer um milagre, mudando o
que aí está; enquanto eu que não moro no RIO, fico sabendo que o secretário de
segurança pública desse Estado ganha a bagatela de R$50.000,00, como se fosse o
único cara de pau, sabendo que isso não resolve o nosso grave problema, mas sim
faz crescer a inquietação e a ansiedade como se não bastasse os Datenas da vida
e o noticiário, tudo ótimo para a manutenção da saúde; enquanto eu que tento me
movimentar e me manifestar através de e-mails (no momento é o que se pode
fazer), tentando mostrar que o que estamos passando é grave, exatamente como
foi colocado na matéria do jornal O GLOBO (parabéns por essa iniciativa); enquanto
todos os dias recebo um monte de propagandas e mensagens de paz, conforto,
piadas (até muito boas), e outras firulas mais, fico pensando se fosse o
inverso: se todos os dias recebesse mensagens tratando, discutindo sobre o que
fazer sobre o nosso problema, de que forma podemos nos ajudar, que tipo de
atitude em conjunto deveria ser tomada, responder os e-mails e repassando-os se
necessário, discutindo, suge-rindo, dando idéias, criticando ou elogiando, se
fosse o caso... ah, que bom seria!!
No fundo, no fundo mesmo, a
atitude que temos é aquela que havia dentro da pioneira, onde ao longo dos anos
as principais bases se degladiavam buscando a supremacia; onde os vários
setores também faziam o mesmo, muitas vezes de forma desrespeitosa e
arrogante... àquela do ser o bom, o melhor. Me recordo de colegas itinerantes
que eram às vezes, deixados no meio do caminho no regresso a suas casas,
cansados, saudosos e às vezes sem dinheiro, porque no lugar deles, tinha que
ser colocado um passageiro. Muito triste e não adiantava reclamar, pois a
prioridade máxima eram os passageiros pagos.
Copacabana, 31 de maio de 2009 |
Logicamente devo fazer
ressalva a comandantes (não todos) que não permitiam que tais fatos ocorressem,
permitindo que colegas de terra até voassem dentro da cabine. Sou testemunha
disso, pois certa ocasião fiz um retorno de BSB a SAO dessa forma.
Pois então, enquanto isso:
- Nem o blog "O Cão que Fuma", divulga mais os
meus e-mails como o fazia, e também ninguém posta sequer um comentário a
respeito do que lá esta divulgado. Então para quê, não é?
- Parece que para muitos ainda
não caiu a ficha de que o governo não quer e nem pretende fazer qualquer tipo
de acordo. Só protela o imponderável. Se fosse o contrário já o teria feito e
hoje estaríamos vivendo felizes e aí sim, discutindo sobre política, trocando
piadas, poesias, receitas de bolos, futebol, discutindo sobre a violência
urbana e suburbana que tomou conta do país varonil e por aí vai. É, seria
ótimo!
No lugar o que temos até
agora? Apenas aquilo já conhecido: "nós somos solidários, sabemos o que
vocês estão passando" (tadinhos!); "vou acelerar os estudos para
reabrir o processo da diferença tarifária para que entre rápido na pauta de
julgamentos"; "Ah, eu não sabia do acordo havido antes do julgamento
no STF"; "estamos criando uma comissão parlamentar, para votarmos uma
lei, que permita resolver o problema de vez dos tadinhos" (aliás o que foi
feito da comissão do Senador Paim?) e outras firulas, como tapinhas nas costas,
cafezinhos, reuniões, sorrisos, palavras macias, como se tudo isso resolvesse o
nosso grave e infindável problema, enfim, um tempão gasto, como se fôssemos
dono dele. Hoje, praticamente esta diminuindo cada vez mais o tempo de
mensagens informando que mais um colega se foi. A mais recente foi a do Cmte.
Caetano, porque afinal todos nós temos que morrer, não é? Não importa para a
corja lá em BSB, quanto à forma que a mesma se dá. Se é natural, por depressão,
de forma digna ou indigna, amparados ou não; se tiveram atendimento digno às
suas doenças, as suas necessidades mínimas, enfim, eles estão se lixando, para
não escrever outra coisa; não é o deles que está na reta!
Essa gentalha está distante da
realidade, pois vivem num mundo à parte, com os seus carros blindados,
seguranças, empregados, muitas vezes pagos por nós e outras coisas mais. Para
eles, o que nos aconteceu faz parte do jogo da vida, onde nem sempre se ganha.
Eu já ouvi de um amigo que eu
deveria me conformar, pois foi bom enquanto durou. Só que quando nós entramos
para o AERUS assinamos um compromisso que, dentro das regras, os nossos
benefícios seriam até à nossa morte e que beneficiaria os possíveis
dependentes. Antes tivesse sido feito como existe hoje, em que se faz um plano
dentro de um determinado número de anos e depois acaba automaticamente.
A nossa situação é tão grave
que no último dia 12 de abril, quando estávamos no saguão do aeroporto de
Congonhas, nos preparando para uma manifestação (?), vimos o deputado Arnaldo
Faria de Sá que se encaminhava a passos largos para a escada rolante.
Logicamente que ele nos viu, pois estávamos a poucos passos da escada. Ele veio
ao nosso encontro para dar uma palavrinha?
Eu é que fui ao encontro dele
vestido com aquela 1ª e legítima camiseta do movimento, lembram-se? Quando ele
me viu, a expressão foi de estar vendo o diabo. Acho que ele pensou 'novamente
essa camisa e esses chatos?'. A conversa foi rápida; durou apenas o tempo da
subida na escada; um cumprimento, uma resposta que estava com pressa; um pedido
para que nos ajudasse em BSB e uma despedida. (hé,hé,hé)
Confiar nesses caras? Que irão
fazer alguma coisa? É muito para a minha cabeça. Me desculpem, me perdoem se
estiver errado, mas o tempo fala por si, não é?
Apenas para conhecimento:
sexta-feira última, eu comecei a ter um problema renal que me levou a ter que
procurar atendimento médico de urgência no sábado à noite. Não fui ao
Sírio-Libanês, também não fui ao São Luiz, ao Edmundo Vasconcelos, Oswaldo
Cruz, ou a um outro hospital conveniado com plano de saúde. O hospital que tive
que recorrer foi o Hospital S. Paulo e, sinceramente, me incomoda o fato, pois
tendo tido no passado um bom plano de saúde sempre me vem à mente estar tirando
o lugar de uma pessoa mais necessitada. Para mim, foi a pior coisa que
aconteceu depois da quebra do AERUS. Mas o que fazer, não é?
Tenho que até agradecer de
poder contar com esse hospital e ter tido até agora um bom atendimento, mas de
acordo com a situação da saúde pública, até quando?
Para concluir este meu
desabafo, confesso que já estou cansado de tanta inapetência, de tantos sonhos
e devaneios, que estou seriamente pen-sando em dar um basta, pôr um ponto final
e, como disse ao Décio na semana passada, deixar o barco correr. Quem sabe... o
milagre aconteça e encontre a salvação numa praia.
A minha consciência, no caso
de isso acontecer, está tranquila, podem crer.
Sem mais,
Waldo Deveza, São
Paulo, 11-07-2011 (por e-mail)
Edição: JP
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