"É muito fácil ser
extremamente infeliz. E não é difícil, é inteiramente impossível ser feliz."
Arthur Schopenhauer
João Bosco Leal
Durante as leituras diárias,
onde busco saciar parte de minha fome por aprendizados, encontrei a frase acima
e me dediquei a pensar sobre o assunto, tentando me lembrar se já havia
conhecido alguém feliz.
Ainda quando criança, em uma
fazenda no estado de São Paulo, conheci um trabalhador muito forte fisicamente,
o pernambucano José Luiz, que era incapaz de responder uma pergunta, sobre
qualquer assunto, sem dar um enorme sorriso, expondo dentes extremamente
bonitos e sadios.
Rindo a cada frase, ele
contava sobre um raio que caiu em sua casa, nas margens do rio Paranapanema,
quando ele, todos os seus seis filhos, a esposa e a sogra caíram com o choque e
agonizavam com a língua enrolada para dentro da garganta, o que antes eu não
sabia que ocorria em uma descarga elétrica muito forte. Arrastando-se pelo chão
da casa ele puxou a língua de todos e só a sogra, a que deixou por último,
morreu.
Era uma gozação enorme, com
todos os colonos da propriedade, que sabiam do ocorrido se lembravam que só sua
sogra morreu. Percebia-se claramente, em diversas conversas dele e dos
familiares, que ele gostava da sogra como da própria mãe, que por mais que
parecesse ele não havia deixado a velha por último buscando propositadamente
sua morte, mas que ela estava no quarto, mais distante dos outros e pela idade
não resistiu.
Maior exemplo que conheci de
felicidade, o José Luiz ria durante o trabalho, conversando, sempre, mas mesmo
rindo, em conversas mais sérias mostrava diversas tristezas, infelicidades,
como a morte da sogra. Não era feliz.
Pessoas milionárias nunca se
satisfazem com seu patrimônio e mesmo com todo esse dinheiro, quando adoecem,
se desesperam, pois só conseguem retardar, muitas vezes só vegetando, mas não
escapam da morte. Pessoas saudáveis reclamam de uma simples gripe, as mulheres
nunca estão satisfeitas com seu corpo ou seu cabelo, os homens estão sempre
olhando para o lado e as buscas, em diversos aspectos, são incessantes para
ambos.
Muitos, extremamente
abençoados durante a sua vida, são cultos, bonitos, ricos, frequentam os
melhores espaços de lazer, são felizes por centenas de momentos, mas sempre
possuem algum tipo de reclamação, de algo que gostariam de fazer ou que
ocorresse, não estando satisfeitos com sua vida.
Outros, mesmo já tendo nascido
com alguma dificuldade, física ou mental, são alegres, sorridentes, sendo comum
inclusive recebermos e-mails com imagens de pessoas com problemas gravíssimos,
dando exemplos de vida aos que nasceram e permanecem perfeitos, mas certamente
seriam mais felizes se não possuíssem aquele problema.
Ao redor do mundo, milhões de
pessoas sofrem por diversos motivos, como insegurança, drogas, guerra, fome,
falta de água e escravidão, dando diariamente exemplos de que deveríamos estar
muito satisfeitos com o que somos e temos. Por mais problemas ou dificuldades
que tenhamos, elas sempre serão pequenas, se comparadas às de milhares de
outras pessoas.
Baixando nosso olhar, em busca
das ocorrências em nossa cidade, município, estado, país ou mundo, certamente
teríamos que nos sentir envergonhados de possuir algo para reclamar e de não
estarmos sempre muito felizes.
“Que se transfira o homem a um
país utópico, em que tudo crescesse sem ser plantado, as pombas revoassem já
assadas, e cada um encontrasse logo e sem dificuldade sua bem-amada. Ali em
parte os homens morrerão de tédio, ou se enforcarão, em parte promoverão
guerras, massacres e assassinatos, para assim se proporcionar mais sofrimento
do que o posto pela natureza.” diz ainda Schopenhauer.
Por nunca se sentirem satisfeitos, a felicidade acaba se tornando um
objetivo inalcançável para os seres humanos.
Título, Imagem e Texto: João
Bosco Leal, 18-11-2011
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