Valdemar Habitzreuter
Houve nações que, ao longo da
História, se contentavam em serem supervisionadas por países economicamente
prósperos e desenvolvidos, eram nações medíocres sem determinação em prosperar
por suas próprias forças e, assim, solicitavam proteção e auxilio; e aí morava
o perigo: de protegidos passavam a explorados e ficavam na dependência desses
países protetores. O Brasil de passado remoto, por exemplo, sempre foi um
quintal fértil onde os Estados Unidos recolhiam mais que plantavam.
Aliás, os Estados Unidos sempre
se destacaram nesta tarefa de guardiães do mundo e auxílio humanitário, mas, ao
mesmo tempo, eram exímios estrategistas para deixar o mundo aos seus pés;
envolviam-se em guerras não só com o intuito de estabelecer a paz, mas também
por interesses econômicos. Um exemplo gritante foi o conflito do golfo pérsico
na década de 90 para a libertação do Kuwait das mãos dos iraquianos. Estava em
jogo o petróleo no qual tinham interesse vital.
Na época da guerra fria,
Estados Unidos e União Soviética eram praticamente as únicas potências mundiais
antagônicas a deter o poder político e econômico, mas os Estados Unidos sempre
tiveram mais pujança como mantenedora da ordem mundial.
Observamos agora que o poder
econômico e político se concentram basicamente em três blocos: Os Estados
Unidos, os BRICS (com destaque da China) e a União Europeia. Não há mais tão
somente a hegemonia dos Estados Unidos como potência única a deitar seus
olhares sobre o resto do mundo. As desavenças e conflitos entre países passam a
ser resolvidos em conjunto por essas forças hegemônicas, hoje constituídas.
Está aí a questão da rebeldia do Irã com sua teimosia de armar-se com armas
nucleares e que foi solucionado conjuntamente onde se chegou a um entendimento
pacífico: nada de construir bombas atômicas por parte do Irã e,
consequentemente, fim do embargo econômico imposto ao país.
No bloco da União Europeia
vê-se no presente momento o impasse de salvar a Grécia da falência. País este
que na antiguidade plantou as sementes da democracia que germinaram e inundaram
praticamente todo orbe terrestre e cuja seiva ou essência é a liberdade dos
povos, ratificada pela Revolução Francesa com o slogan: Liberté, Égalité e Fraternité.
Mas, este país democrático e
desenvolvido abusou da democracia ao ingressar na Zona do Euro, esbaldando-se
com o dinheiro fácil sacado do cofre comum do Banco Europeu. Com isso, deu
regalias supérfluas ao povo grego – ricas aposentadorias, isenção de impostos
às ilhas gregas, corrupção do setor público, etc. – esfacelando a economia
grega e jogando o país no fundo do poço com dívidas impagáveis. (Alguma
semelhança com o Brasil sob o governo do PT?)
Mas a festa acabou e o
dinheiro também. Apesar da compaixão de muitos países da União Europeia para
que se libere o terceiro pacote de empréstimo de bilhões em euros, há um osso
duro de roer com a liderança forte de Merkel que exige que a Grécia primeiro se
comprometa a fazer reformas radicais para o saneamento da economia e voltar a
crescer. Afinal, o que a Grécia pretendia? Deitar e rolar com os empréstimos
sem devolução?...
Muitos julgam a Alemanha de
intransigência e ingerência ao exigir austeridade extrema por parte do governo
grego. Mas, o que aconteceria se imperasse a lassidão e afrouxamento das regras
para se ter direito às benesses ao Fundo Bancário Comum que a Zona do Euro
proporciona aos países participantes? Sem dúvida, desintegração total da União
Europeia e uma crise mundial de proporções inimagináveis, talvez mais nefasta
do que a crise de 2008 cujos reflexos ainda persistem.
Osso duro de roer, esta
Merkel. Embora figura de simplicidade ímpar, demonstra firmeza em suas
convicções, que na maioria das vezes são as acertadas.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 15-7-2015
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