Rodrigo Constantino
Por acaso almocei hoje no
McDonald’s. Tinha que ir no “summer camp” da minha filha ver uma apresentação e
não tinha tempo para cozinhar. Foi o jeito: encarar aquelas deliciosas calorias
e depois tentar compensar na academia. Fiquei um tanto espantado, porém, com a
lanchonete vazia em pleno horário de pico do almoço. Pensei: “Pode ser um caso
isolado, mas também pode ser o efeito de tanta propaganda contra o junk
food num país com muitos obesos”.
Como muitos sabem, a campanha
por uma alimentação mais saudável é liderada aqui por ninguém menos que a
primeira-dama, não exatamente um ícone da elegância slim. Não fui
checar, por um misto de preguiça e desinteresse, se as vendas gerais do McDonald’s
estão subindo ou caindo.
Mas fiquei feliz ao ler
na coluna Radar, de Lauro Jardim, sobre a decisão
da Justiça brasileira envolvendo o McDonald’s e o instituto Alana, aquele dos
herdeiros do Banco Itaú que quer controlar cada vez mais o que os nossos filhos
podem ou não ver na televisão. Eis a notícia:
O desembargador Fermino
Magnani Filho, do TJ-SP, deu fim anteontem a uma sucessão de recursos e
tentativas do Procon e do Instituto Alana de multar o McDonald’s em
3,3 milhões de reais por acreditar – veja só – que a rede não deveria
fazer propaganda de seus produtos.
A saga judicial, que começou
em 2010, por causa de uma das campanhas do McLanche Feliz, foi anulada pelo TJ
por três votos a zero.
O molho da decisão veio do
texto do relator, que se baseou em quatro premissas: a sociedade brasileira é
capitalista; cabe à família dar a boa educação aos filhos; crianças bem
educadas saberão, certamente, resistir aos apelos consumistas. E, finalmente, o
Estado não pode sobrepor-se às obrigações familiares de forma paternalista.
Segundo ainda o desembargador,
“ao defender o fim de toda e qualquer comunicação mercadológica que seja dirigida
a crianças”, o próximo passo do Alana será a “reivindicação de censura
publicitária a outros grupos tido como vulneráveis como idosos, gestantes,
vestibulandos, etc”.
Parabéns ao desembargador
Fermino Magnani Filho! Faltam mais tomadores de decisão com essa mentalidade.
Já cansei de escrever aqui sobre o paternalismo estatal, e confesso ficar
estarrecido com essa simbiose entre burocratas e políticos com sede por
controle e poder e pais que delegam cada vez mais a responsabilidade de educar
seus filhos. O resultado desse casamento é o avanço do estado sobre nossas
vidas, seu agigantamento sem limites, pois respaldado pela paz de consciência
de que todo autoritarismo é feito em nome do nosso próprio bem.
Os sanduíches do McDonald’s
são tentadores mesmo, admito. E para uma criança, o pretexto de levar junto um
brinquedo pode ser irresistível. Mas até a última vez que chequei, ainda eram
os pais que tinham o “voto de Minerva”, o poder de decisão. Se depender de
minha filha, ela vai no Starbucks todo dia (já passou da fase do McDonald’s e
prefere a lanchonete teen número um do mundo). Mas minha
filha, com seus 13 anos cheios de marra, ainda depende de mim, da minha mesada
e minha aprovação para fazer as coisas.
Quando será que os pais vão
compreender a importância de um poderoso “não” aos seus filhos, impondo uma
coisa fundamental para a educação de seres maduros chamada limite?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos.
Se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-