Cristina Miranda
Não foi acaso nenhum. Nem sequer foi
uma escolha inocente. A indumentária do assessor de Joacine Katar foi pensada
do mesmo jeito que Rui Tavares pensou na Joacine para cabeça de lista do Livre:
estratégia.
O Livre, que não ganhava nada com seu
líder apostou na diferença – digamos que muito original – para chamar
eleitorado, criando a ideia de ser extremamente inclusivo com os “desfavorecidos”.
Já havia negras na política, mas negras gagas, muito gagas, feministas radicais
era revolucionário. Quem se lembraria de tal?
Ora, se com a primeira fase da
estratégia funcionou às mil maravilhas e com isso elegeu um deputado, a segunda
foi ainda melhor: colocar as pessoas todas a criticar o “pobre” transgénero”
mostrando que somos um povo “mesquinho” e “conservador” adverso à diferença e
assim claramente dizer ao país ao que vinha e porque era necessário
uma pessoa como ela, Joacine, no Parlamento: acabar “radicalmente” com o
preconceito e a discriminação das minorias. Como? Apresentando-se no primeiro
dia ao Parlamento com um assessor de… saia. Foi perfeito!
Quase todas as pessoas caíram na
“armadilha” e foram apanhadas a falar do óbvio, sem discriminação, mas foi o
bastante para que toda a ala esquerda conseguisse passar a mensagem do Livre:
“estão a ver como eles são “intolerantes” às minorias? Percebem agora porque o
Livre faz tanta falta na Assembleia da República?”.
O ridículo das justificações para a
saia do assessor não teve limites. Desde alegar que Afonso Henriques também as usou,
a comparar com o traje tradicional dos escoceses, tudo serviu. Só faltou falar
sobre os romanos e egípcios, mas deve ter sido só por mero esquecimento.
Ao contrário da maioria, desde o
primeiro minuto desconfiei daquela indumentária e por isso não reagi de
imediato. Preferi aguardar para ver se o tempo me mostrava a verdade por detrás
daquela imagem que me intrigava e eis que me enviam esta foto: Alexandria Ocasio-Cortez
com um apresentador ativista LGBTQ no Congresso americano.
Dirão que são meras coincidências. Eu
digo, são construções. É recorrer ao choque social para mostrar que são
“diferentes” no tratamento das minorias.
Mas isso é falso. Se há grupo que
menos importância dá às minorias são precisamente os radicais de esquerda. Eles
não se preocupam com eles. Usam-nos. Mas não todos: as minorias pobres, brancas
ou heterossexuais, não interessam para nada; os idosos e crianças abandonadas
(ou traficadas) não lhes interessam para nada; os deficientes também são
ignorados; os cristãos perseguidos e assassinados menos ainda. Na agenda só
gente de outras raças (menos brancos) e LGBTQ. Precisamente os grupos
que eles sabem que criam fissuras na sociedade porque esse é o objetivo.
Se as esquerdas radicais quisessem
mesmo lutar pelas minorias não fariam nada para criar atritos com as maiorias,
como é óbvio. Sendo o objetivo a inclusão, não faz sentido nenhum provocar
o desentendimento entre grupos, instigar ódios, impor agendas que privilegiam
descaradamente e de forma completamente injusta uns em detrimento de outros.
Incluir pressupõe que haja aceitação e
para haver aceitação de um grupo em relação a outro não pode haver luta entre
eles. Tem de se baixar as barreiras que os separam de forma natural e sem recurso
à violência nem por imposição da lei. O problema é que no dia em que as
esquerdas radicais pararem de instigar a luta das minorias contra as maiorias,
perdem voz, perdem poder, perdem as causas pelas quais dizem “lutar” e “morrem”
politicamente.
Por essa razão, isto não passa de
show-off. O assessor de Joacine sabia que ir de saia no dia da apresentação dos
deputados no Parlamento iria pôr o país a falar dele. Sabia que não era a
vestimenta apropriada para aquele evento. Que tal como numa discoteca, num
casino, numa gala, numa igreja e tantos outros locais e eventos, onde não se
entra como queremos e bem nos apetece, esse não é o “dress code” apropriado na
casa da Nação. Mas o objetivo foi mesmo esse: quebrar o protocolo e criar
histeria. A prova veio nos dias seguintes: foi à tomada de posse do Governo de
fato (muito bem) mas foi ao programa da Cristina de calças quando, naquele
contexto descontraído, podia ter ido de saias. E não, não foi por medo das
críticas.
Portugal é um país muito tolerante e
amigo dos estrangeiros. Por isso temos uma sociedade colorida por quase toda a
parte até ao próprio Parlamento. Evocar racismo e discriminação é útil para os
partidos políticos continuarem a capitalizar votos à conta dele.
Metam uma coisa na cabeça: esta
esquerda radical, onde se inclui o LIVRE, nunca dá ponto sem nó. Com
saias ou sem elas.
Título e Texto: Cristina Miranda,
Blasfémias,
7-11-2019
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