Acho que em cada lugar devem estar os melhores e a verdade é que se
torna penoso assistir ao que temos assistido. E não me venham outra vez com a
vitimização, de que não se pode tocar porque é gaga
José Paulo do Carmo
O partido Livre depois da desilusão de
2015 em que não conseguiu eleger o seu líder nas Legislativas partiu para estas
eleições com a lição bem estudada. Apostar num produto da comunicação social,
indo ao encontro do que se tornou esta União Europeia, uma união do
politicamente correto feita por um conjunto de complexados com a sua própria
história, pessoas com poucos valores e perdidas num vazio entre o que acham que
são e o que acham que devem ser aos olhos dos outros. O que faz muitas vezes
parecer que a nossa própria existência é motivo para um pedido de desculpas e
em que tudo é razão para o hastear das bandeiras do racismo, da homofobia, do
machismo e de outros “ismos” em que certos indivíduos se escondem para
disfarçar as suas próprias limitações.
Encontrou por isso em Joacine Moreira [foto] uma personagem perfeita para o circo mediático em que se tornou a política
portuguesa. Aproveitando-se do facto de a comunicação social em Portugal ser
tendencialmente de esquerda ganhou embalagem através da já recorrente
vitimização com os resultados que se conhecem. É fácil para responder aos que
de si discordam o uso da ladainha do fascismo, da extrema direita ou do racismo
revelando preconceitos que tanto apregoa nos outros. Mas as pessoas têm que
perceber de uma vez por todas que é este discurso, arrogante e prepotente o
verdadeiro beijo da serpente. Que tenta aninhar-se onde se sente mais
confortável e protegida para depois desferir o seu veneno contra os que pura e
simplesmente não concordam com esta forma de atuar. Até mesmo os que são da sua
área política, passando para a má educação quando não cumprimenta tantos outros
nos corredores da Assembleia da República só por defenderem uma ideologia
diferente.
Nota-se na sua face o rancor que
transporta e nas suas posições nas redes sociais o ódio que destila, mas também
o que lhe subiu à cabeça esta sua nova versão “pop star” esquecendo-se por
vezes que representa um partido em detrimento de uma agenda própria. Só isso me
faz compreender este périplo pelos programas da manhã da Cristina Ferreira ao
Goucha. Como ela disse e bem “estou a aproveitar o mediatismo da minha gaguez”.
O problema está precisamente aí. Em vez de defendermos os melhores criamos uma
espécie de imunidade para os representantes de supostas minorias como se isso
fosse condição suficiente para representar certos cargos ao invés da
meritocracia e depois andamos a passeá-los tipo mascotes até passar de moda.
Isso sim é grave. Quero lá eu saber se ela é negra ou se é gaga ou ainda
mulher. O que eu sei é que tal como eu não tenho jeito para me expressar em
público ela não consegue passar bem a sua mensagem e é angustiante ver os
deputados desatentos e a tentarem focar-se noutras coisas retendo zero da sua
mensagem ou conteúdo fora os que em casa mudam de canal por se sentirem
constrangidos. Não seria melhor ter o assessor a discursar por si na AR? E por
falar em assessor eu estou-me pouco marimbando para o que ele veste, há temas
muito mais importantes a serem discutidos mas a verdade é que ir vestido assim
no primeiro dia é revelador das prioridades, de que o foco está na imagem que
se quer passar , na comunicação social e não nas políticas que defende. O
chamado Show-off.
Preocupa-me sobretudo as pessoas terem
vergonha de dar a sua opinião só para parecer bem e acharem tudo isto normal.
Se fosse eu a não conseguir passar a mensagem na AR havia de ser bonito. Como é
ela, ah coitadinha por que é isto e é aquilo? A mim não me vendem essa
história. Acho que em cada lugar devem estar os melhores e a verdade é que se
torna penoso assistir ao que temos assistido. E não me venham outra vez com a
vitimização, de que não se pode tocar porque é gaga. Também não vão colocar um
jogador com deficiência motora na seleção nacional só por representatividade.
Porque a mensagem não passa. Ninguém retém o que ela diz, mas o seu ego é
maior. Não acho que a devam proibir obviamente, foi eleita deve cumprir o
mandato, agora não me digam é que isto é que é defender a igualdade e as
minorias. Aliás falar constantemente do racismo e do machismo a mim não me
atinge em absoluto mas radicalizar o discurso revela muito do perigo que dali
vem, do caráter divisionista com que se apresenta e da intolerância de quem
acha que o Mundo gira à sua volta e que quem pensa diferente tem o dever de
levar com um chorrilho de impropérios.
“Aqueles que, hoje, em Portugal e no
mundo, lutam para culpar os homens, os brancos, os adultos, os ocidentais, os
cristãos, os ricos, os heterossexuais, os democratas, os capitalistas e os
militares estão evidentemente a tentar criar uma ortodoxia, uma cultura
dominante e, sobretudo, a construir um ‘credo’ que permite condenar e proibir,
assim como limitar a liberdade de expressão”.
António Barreto
Título e Texto: José Paulo do Carmo,
Diário de Notícias, 7-11-2019
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