Gabriel Mithá Ribeiro
A última edição da
revista Visão (10-12-2020) cumpriu a missão watchdog da imprensa que só morde à
direita. Para não largar o osso, o tema da capa é uma investigação que mostra O
CHEGA por dentro com textos e imagens.
O conteúdo resume-se a
isto:
1) O CHEGA é um bando
de vigaristas e malfeitores, algo que a Visão já tinha certezas absolutíssimas
e, após a investigação, apenas acrescenta uns quantos dissidentes bonzinhos
para transmitir aos seus leitores certezas superlativas absolutas que, a cada
segundo que passar nos próximos mil e um anos (para manter o rigor da
investigação) sem que o CHEGA imploda, Portugal e o mundo estarão próximos do
fim, uma vez que têm de ter em conta as ramificações internacionais do Partido.
2) Dado o objeto da
investigação, a Direção do Partido e quem a ela se associa, ser preto do CHEGA
não dá direito a nome nem sequer nas legendas das fotografias que aparecem nas
páginas da revista, muito menos direito a pertencer à humanidade pensante,
sendo que a parte da investigação que me emocionou até ao fundo da alma resulta
de, desde pequenino, querer muitas vezes passar despercebido e suponho que
nunca tinha conseguido tão bem como desta vez.
Se o estimado Leitor
quiser captar a fundo a matéria jornalística basta lê-la em árabe, em sentido
inverso:
1. O CHEGA tem pretos com nome, vontade própria e pensamento, na sua estrutura, porém, o segredo tem de ser bem guardado da opinião pública pela Visão para não estragar a masturbação do racismo e da xenofobia que diverte os chegófobos, posto que se fosse um partido de esquerda andavam aos saltinhos em busca das virtudes inatas da pele bronzeada.
2. O CHEGA é sobretudo
constituído por gente honesta, digna e trabalhadora que quer o melhor para o
seu país e para as gerações futuras porque, como comprova a investigação da
Visão, são pessoas que não andam a propor nem a assaltar o próximo através do
saque fiscal ao contribuinte e, por isso, não instigam o parasitismo social.
Espero que a Visão faça
muitas e muitas investigações, posto que ando por dentro do CHEGA e ainda não
dei por tanto Diabo em forma de gente à minha volta, eu que lá vou deixando o
telemóvel ou a carteira em cima das mesas, incluindo na II Convenção Nacional,
em Évora, pelos vistos uma espécie de prisão de alta segurança onde andavam à
solta centenas e centenas delinquentes, eu que então me senti bastante
confortável entre pessoas comuns desconhecidas de todo o país, e não me
faltaram convivas para refeições, cafés e cavaqueira.
Ajudo a investigação da
Visão: até na sua especialidade – serem larápios, racistas e xenófobos – a
seita é profundamente incompetente, do soldado raso ao líder, razão para a
imprensa desiludida exigir a imediata extinção do CHEGA. Ilegalização não
basta!
Moral da história: se
você quer conhecer o mundo através da imprensa, o máximo que conhecerá é o
interior da redação. A investigação jornalística da Visão é um autorretrato
mental da imprensa absolutamente notável.
Título e Texto: Gabriel Mithá Ribeiro, Vice-Presidente do
CHEGA!, 14-12-2020
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