José Manuel
Quanto mais leio sobre as
atitudes absurdas de governadores e prefeitos nesta pandemia, mais me vem à lembrança
um fato muito sério ocorrido em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, no dia 22 de
maio de 1959.
A estupidez no DNA dos homens
não lhes permite aquilatar o quão severas podem ser a futuro as reações de uma
sociedade submetida a ordens esdrúxulas e fora de contexto técnico ou
científico.
A conjugação perniciosa de
maus políticos e empresários piores ainda, ao sentirem o poder nas mãos, ou
suas contas bancárias recheadas, os levam ao Nirvana e se acham ungidos por
Deus, não se apercebendo do terrível precipício para onde se dirigem.
A história nos conta que
sociedades, mesmo aquelas mais tranquilas ou mantidas idiotizadas, têm sempre
um ponto de ebulição em sua trajetória humana.
Niterói, ainda capital do Rio
de Janeiro à época, sempre foi uma cidade calma e aprazível, mas essa
tranquilidade teve o seu estopim detonado naquele dia 22 de maio, quando a
cidade foi palco de uma das maiores explosões de fúria popular no Brasil tendo como
resultado uma tragédia na tranquila cidade.
A família Carreteiro, um misto
de políticos e empresários detinha a concessão do transporte hidroviário entre Niterói
e o Rio de Janeiro, transportando à época em média cem mil passageiros
diariamente em condições precárias e um serviço péssimo tanto em manutenção
como no transporte em si, horários não cumpridos e acomodações desfasadas,
mesmo recebendo vultosas quantias do governo, que invariavelmente se
transformavam em novos imóveis e novas fazendas para o grupo familiar.
E a população pacata ia percebendo isso, até que no dia 22 de maio daquele ano, o estopim foi detonado fazendo com que uma massa de usuários explodisse em fúria destruindo tudo o que encontrava pela frente. Primeiro incendiaram a estação de embarque e a frota que se encontrava atracada, depois se dirigiram à sede da empresa incendiando os escritórios e tudo o que lá havia, e na continuação a fúria incontida se dirigiu às residências da família, invadindo, incendiando. jogando móveis pelas janelas e saqueando o que podiam encontrar.
Foi um dia terrível para a cidade com um resultado de severos danos ao patrimônio público e particular, seis mortos e 118 pessoas feridas.
Os governantes esquecem muito rápido passados que não lhes convém preferindo agir de acordo com seus propósitos ou ignorância.
Mas, estamos aqui para fazer
com que se lembrem que uma população tranquila pode se transformar numa fúria
incontrolável em segundos, porque além de Deus ser brasileiro, ele também às
vezes acorda de mau humor.
Título e Texto: José Manuel, 5-3-2021
Quer saber mais sobre esta revolta?https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_das_Barcas
https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/13165/2/116348_213315_2_PB__1_.pdf
https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2020/05/revolta-barcas-rio-niteroi
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Prezados Variguianos
Muito triste
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Fachoin anula processos de Lula.
ResponderExcluirE agora José?