sexta-feira, 5 de março de 2021

[Atualidade em xeque] A Família Carreteiro

José Manuel

Quanto mais leio sobre as atitudes absurdas de governadores e prefeitos nesta pandemia, mais me vem à lembrança um fato muito sério ocorrido em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, no dia 22 de maio de 1959.

A estupidez no DNA dos homens não lhes permite aquilatar o quão severas podem ser a futuro as reações de uma sociedade submetida a ordens esdrúxulas e fora de contexto técnico ou científico.

A conjugação perniciosa de maus políticos e empresários piores ainda, ao sentirem o poder nas mãos, ou suas contas bancárias recheadas, os levam ao Nirvana e se acham ungidos por Deus, não se apercebendo do terrível precipício para onde se dirigem.

A história nos conta que sociedades, mesmo aquelas mais tranquilas ou mantidas idiotizadas, têm sempre um ponto de ebulição em sua trajetória humana.

Niterói, ainda capital do Rio de Janeiro à época, sempre foi uma cidade calma e aprazível, mas essa tranquilidade teve o seu estopim detonado naquele dia 22 de maio, quando a cidade foi palco de uma das maiores explosões de fúria popular no Brasil tendo como resultado uma tragédia na tranquila cidade.

A família Carreteiro, um misto de políticos e empresários detinha a concessão do transporte hidroviário entre Niterói e o Rio de Janeiro, transportando à época em média cem mil passageiros diariamente em condições precárias e um serviço péssimo tanto em manutenção como no transporte em si, horários não cumpridos e acomodações desfasadas, mesmo recebendo vultosas quantias do governo, que invariavelmente se transformavam em novos imóveis e novas fazendas para o grupo familiar.

E a população pacata ia percebendo isso, até que no dia 22 de maio daquele ano, o estopim foi detonado fazendo com que uma massa de usuários explodisse em fúria destruindo tudo o que encontrava pela frente. Primeiro incendiaram a estação de embarque e a frota que se encontrava atracada, depois se dirigiram à sede da empresa incendiando os escritórios e tudo o que lá havia, e na continuação a fúria incontida se dirigiu às residências da família, invadindo, incendiando. jogando móveis pelas janelas e saqueando o que podiam encontrar.

Foi um dia terrível para a cidade com um resultado de severos danos ao patrimônio público e particular, seis mortos e 118 pessoas feridas.

Os governantes esquecem muito rápido passados que não lhes convém preferindo agir de acordo com seus propósitos ou ignorância.

Mas, estamos aqui para fazer com que se lembrem que uma população tranquila pode se transformar numa fúria incontrolável em segundos, porque além de Deus ser brasileiro, ele também às vezes acorda de mau humor.

Título e Texto: José Manuel, 5-3-2021

Quer saber mais sobre esta revolta?
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_das_Barcas
https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/13165/2/116348_213315_2_PB__1_.pdf
https://www.bn.gov.br/acontece/noticias/2020/05/revolta-barcas-rio-niteroi

Relacionados:
Donos de restaurantes protestam na Barra contra decreto da Prefeitura sobre a Covid-19
Adegão Português de Ipanema fecha as portas
Secretário de Saúde do RJ descarta novas medidas restritivas no Estado
Rio de Janeiro: até o fim de março serão imunizadas pessoas na faixa etária de 67 a 78 anos de idade
Rio terá toque de recolher às 23h a partir de sexta-feira
Sindicato de Bares e Restaurantes critica ‘toque de recolher’ implementado pela Prefeitura do Rio
Orla Rio pede para que quiosques permaneçam abertos

Anteriores: 
Privatiza tudo?
Prezados Variguianos
Muito triste 
Visão política e estratégica, zero!
Reunião de cópula

Um comentário:

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-