domingo, 16 de janeiro de 2022

Causar a ruína e gabar-se disso

José Mendonça da Cruz

Surpreende-me que nenhum partido da oposição desminta António Costa quando se gaba de que todas as companhias aéreas do antigo acionista privado da TAP faliram, e que, portanto, foi a intervenção socialista que salvou a companhia aérea portuguesa.

É uma mentira descarada. A empresa brasileira de Neeleman, a Azul – cuja joint-venture com a TAP fortalecia o hub de Lisboa nos voos Portugal/Brasil e Brasil/Portugal – está bem e recomenda-se, embora tenha sofrido, como todas as empresas de aviação civil, os efeitos da pandemia.

O Senhor Neeleman não só não está falido como mantém a maioria das ações com direito a voto da Azul, como se pode ler nesta notícia do Jornal de Negócios. E Neeleman vai fundar uma nova companhia aérea nos EUA, a Breeze, porque, – como sabem os meios de negócios e as revistas da especialidade, é um dos mais profícuos empresários da aviação civil.

Mais: é mentira que a intervenção nacionalista tenha salvado a TAP. Ao contrário, a intervenção socialista condenou a empresa à insignificância, e os portugueses a pagarem milhares de milhões dos seus impostos para satisfazer os caprichos ideológicos de Costa e Santos.

O aumento da posição pública na TAP foi feito contra a recomendação do Tribunal de Contas e da Comissão Europeia. E foi essa intervenção, com assunção pelo Estado de maiores responsabilidades pela dívida que levou, primeiro, Neeleman a aumentar o investimento em aeronaves. E foi essa mesma intervenção que levou a União Europeia, depois, a recusar à TAP os auxílios a fundo perdido que deu a várias companhias aéreas europeias privadas.

Que os socialistas se arvorem em salvadores de uma empresa que condenaram por razões ideológicas e manobras ruinosas é, de facto, um pouco excessivo.

Título, Imagem e Texto: José Mendonça da Cruz, Corta-fitas, 15-1-2022

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