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Criação: Resistência Democrática |
Rodrigo Constantino
Neste feriado, que celebra
mais um aniversário de nossa República, vem ao caso refletirmos sobre os rumos
de nosso país. Até que ponto vivemos sob um regime que podemos chamar,
efetivamente, de republicano?
Todos dizem defender a “res
pública”, até mesmo os regimes socialistas totalitários. Mas a essência do
modelo republicano está na questão da representatividade. Sem um modelo
eficiente de representação política, com claros limites constitucionais ao poder
do Estado, não é adequado chamar de República o regime.
Sob esta ótica, o Brasil não
está nada bem na foto. Feudalismo, patrimonialismo ou mercantilismo: esses são
os termos mais adequados para descrever nosso modelo. Há extrema concentração
de poder no governo central, dominado por uma patota que transformou a coisa
pública em “cosa nostra”. O Estado foi privatizado. A pilhagem é sistemática.
Um “Ogro filantrópico”
(Octavio Paz). Um “Dinossauro” (Meira Penna). Estas são as imagens mais fiéis
ao Estado brasileiro, uma máquina que distribui privilégios aos “amigos do
rei”, enquanto espalha os custos, especialmente sobre a classe média, esmagada
pelos impostos e sem representação política adequada. Ou o leitor se sente
representado em Brasília?
Nossa República nasceu sem
participação popular. Entre os principais motivos de descontentamento com a
monarquia, estavam os altos índices de analfabetismo e de miséria. Pergunto:
como estamos após 122 anos? Malgrado algumas conquistas, parece evidente que o
modelo tem fracassado, e muito. Temos elevado índice de analfabetismo
funcional, péssima qualidade de ensino público, e muita miséria ainda.
Inúmeros parasitas são
sustentados pelas benesses estatais, restando aos hospedeiros uma fatura que já
chega a um trilhão de reais! Se as instituições republicanas já eram frágeis,
foram enfraquecidas ainda mais durante a gestão petista. O ex-presidente Lula
muito contribuiu para esgarçar de vez os valores republicanos, ao escancarar,
com escárnio, suas alianças espúrias em nome da “governabilidade”.
O “mensalão”, com sua completa
impunidade até agora, foi a pá de cal nas esperanças daqueles que sonham com um
modelo mais justo e ético. Levaremos anos, quiçá décadas, até recuperarmos os
estragos causados pelos abusos de poder do lulopetismo. O Estado foi
transmutado em um gigantesco instrumento de compra de votos, possível graças ao
crescimento chinês, que inundou o Brasil com divisas para a compra de recursos
naturais. A expansão de crédito fez o restante.
O governo criou bolsas para
diversas classes, desde as esmolas para os mais pobres, até a “Bolsa
Empresário” do BNDES. Os sindicatos foram comprados, assim como a UNE, que
aderiu a um constrangedor silêncio frente aos infindáveis escândalos de
corrupção. As ONGs, agora em evidência, ignoraram a letra N e se tornaram
braços governamentais envoltos em esquemas de desvio de recursos públicos. As
exceções comprovam a regra.
Alguns podem alegar que a
elevada popularidade justifica isso tudo. Os que assim fazem apenas demonstram
não compreender o conceito de República. Até Mussolini foi popular na Itália
fascista! Como Cícero explica nos diálogos sobre a República Romana, "não
creio que corresponda mais o nome de República ao despotismo da multidão”.
Tirania popular ainda é tirania.
O Brasil não chega a tanto, é
verdade. Não estamos no mesmo estágio da Venezuela de Chávez, a despeito do
desejo de muitos petistas. Mas ainda vivemos no Antigo Regime, das castas e
capitanias hereditárias, tributário do autoritarismo da Era Vargas e do positivismo.
Estamos muito distantes da Grande Sociedade Aberta e do império da lei
isonômica.
O alerta feito por Ayn Rand
mostra a precária situação brasileira: "Quando você perceber que, para
produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar
que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando
perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo
trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles
que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e
a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor
de errar, que sua sociedade está condenada”.
Vamos deixar isso acontecer
passivamente? Republicanos legítimos, uni-vos! Está na hora de romper com os
grilhões do patrimonialismo e instaurar uma República de fato em nosso país.
Título e Texto: Rodrigo Constantino,15-11-2011
Colaboração: Gracialavida
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