José Manuel
Existem dezenas de caminhos de
peregrinação ao redor do planeta, porém, sem dúvida, um dos mais famosos é o
caminho de Santiago de Compostela, na Galícia. Este caminho de peregrinação
pode variar desde onde se queira iniciar, de apenas poucos dias, a semanas,
meses e a sua distância, de meros cem quilômetros, podendo chegar a quatro mil
quilômetros. Cada peregrino faz a sua escolha e os caminhos estão todos demarcados,
desde o sul da Inglaterra, vários de Portugal, da Alemanha, França e até da
cidade de Roma.
Eu, por exemplo, iria fazer o
meu, partindo de Saint Jean Pied Port, na França, com uma distância de oitocentos
quilômetros, em 2006, quando uma avalanche de pedras chamada Aerus, interrompeu
abruptamente o meu destino.
Tive que reprogramar um novo
caminho, que trilhei árdua e sofridamente até maio de 2015. A vida é assim, mas
os ideais jamais devem ser abandonados e já estou me preparando para setembro,
quando as pedras da avalanche forem removidas e eu possa trilhar de novo essa
ideia interrompida.
As peregrinações se fazem, por
um agradecimento e com um objetivo. A minha começou quando uma colega de voo,
me deu uma imagem do Santo Tiago, ainda na década de 70, selando aí o meu
destino. Iria a Santiago de Compostela agradecer pelos trinta e dois anos
voados sem problemas e pela família querida que formei ao longo desses anos.
O objetivo é chegar à praça do
Obradoiro, entrar na catedral e abraçar o santo Tiago pelas graças recebidas,
assistindo a uma missa com o botafumeiro despejando sobre a nossa cabeça o fumo
do incenso purificador espiritual.
Os oitocentos quilômetros que
eu teria e que vou caminhar, são passos importantes de uma vida, pois são
aqueles em que você está sozinho por dias, semanas ou meses a fio, conversa com
Deus o tempo todo e faz a avaliação de toda uma vida. Os percalços do
caminho são muitos, as pedras sem fim, as dores incomensuráveis mas a firmeza
de propósito em alcançar o objetivo a que você se propôs, supera qualquer
adversidade.
Assim é a nossa decisão em
requerer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, uma peregrinação, um
objetivo e um agradecimento.
O objetivo é caminharmos até
lá enfrentando o que for para chegarmos a uma instância oficial e reconhecida
que nos redima de todas as atrocidades cometidas contra pessoas que apenas
trabalharam e queriam viver em paz com as suas famílias. O objetivo é mostrar
aos nossos algozes que o nosso viver não é só respirar o ar que é de graça e se
alimentar inadequadamente.
Mostrar judicialmente a estas
pessoas que o nababesco viver deles, o respirar conforto e prazeres de gula em
restaurantes de luxo, as viagens incessantes ao exterior, o vestir sofisticado
das grandes marcas e o carro importado na garagem, são infelizmente pagos com o
nosso suor e que não podem continuar a perpetrar semelhante covardia contra
seus semelhantes, encastelados em cargos públicos, que são do povo, são de
todos, não deles.
O agradecimento será a nossa
redenção, a nossa vitória, o nosso futuro. O fumo será o pranto aos nossos
queridos que se foram.
Nosso caminho, a nossa
peregrinação rumo ao objetivo a que nos propusemos, se iniciou agora neste 25
de junho de 2015, é longo, mas vamos fazê-lo com a certeza de que conseguiremos,
desde que saibamos afastar e nos desviar de todas as pedras e armadilhas que
encontrarmos nesta trilha.
Chegar à Corte, abraçar a
vitória e defumar os nossos espíritos, só depende de nós. Já contamos com mais
de oitenta pessoas inscritas e o nosso objetivo, antes da próxima reunião com
um advogado presente, é a de que tenhamos o número 100 em nossa agenda.
À época, 2006, eu tinha um
caminho a percorrer.
Hoje eu tenho dois, e talvez
um deles seja a minha missão nesta vida.
Título e Texto: José Manuel, de volta ao caminho,
2-7-2015
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