sexta-feira, 10 de julho de 2015

A lição lusitana


A bandeira oficial institucional da Lusitânia e das terras lusas

Aileda de Mattos Oliveira
O nascimento de uma nação sempre se fez com armas manchadas do sangue dos seus combatentes. Se a conquista da independência finaliza uma luta, dá início à consolidação do ato de transformação política, com ações constantes de vigilância e de defesa da soberania alcançada.

Ficamos proprietários de um território gigantesco, após a tutoria de centenas de anos dos primeiros que nele pisaram. Ao partirem, deixaram-nos as primeiras vigas institucionais, as crenças, o conjunto de valores culturais que regrariam a vida da nova nação e modelariam a visão de mundo do povo, descendência miscigenada dos genes europeu, africano e nativo. Origem e cultura são indissociáveis da identidade nacional por constituírem-se herança antropológica. Portanto, somos únicos, sem parâmetro comparativo com outros povos.

Herdamos as tradições portuguesas, a língua, que documentou histórica e literariamente a saga dos navegantes e feitos lusitanos, que continuaram, aqui, a história de sua gente, e que nós prosseguimos com novos capítulos. Capítulos totalmente divergentes dos escritos pelas nações andinas, com outro conquistador, com outro povo escritor, com outra língua.

Outra língua! Basta isso, para sermos diferentes! A língua é a expressão da alma, das emoções sentidas pelo homem à sua terra, seu lar natural, emoções impossíveis de serem reproduzidas em outro idioma, por mais evoluído que seja.

O historiador Cel. João Batista Magalhães (“A Compreensão da Unidade do Brasil”) expõe as indagações do Professor Alan K. Manchester: “Por que a América brasileira permaneceu unida? Por que, como a América espanhola, não se partiu em fragmentos independentes?” (p. 23)
As respostas, Magalhães as dá e transcrevo as mais óbvias, em forma livre.

Os andinos eram povos de maior evolução, pondo em prática uma espécie sui generis de “organização política”, diferentemente daqueles encontrados pelos portugueses, ainda no estágio da idade da pedra. Além disso, os conquistadores espanhóis priorizaram a pilhagem das riquezas, tão próximas às suas mãos, ao contrário dos lusitanos que só tinham, à vista, como algo lucrativo, o pau-brasil.

Mas, reside no plano das relações humanas a diferença fundamental entre as duas colonizações. Orgulhosos da casta, preservaram os espanhóis o seu espaço de dominadores. Os portugueses, além de dominarem a população nativa, cruzaram-se com ela, viveram a sua vida, absorveram a sua cultura, da mesma forma que transmitiram a sua. Eis a lição lusitana de unidade.

Uma nova pergunta se faz, então, premente: o que temos a ver com Simón Bolívar? Se os espanhóis e sucessores não avaliaram a importância da unificação territorial das colônias hispânicas, querem seus descendentes nos tirar as fronteiras físicas pela imposição de uma unidade política pela força, pelo jugo de uma ideologia comprovadamente amoral e imoral, nefasta aos interesses brasileiros?

A Grande Pátria brasileira, mantida por denodados defensores da honra e imperativos no cumprimento do dever, deve banir a odiosa ideia de “Pátria Grande”, maquinação do “Foro de São Paulo”, centro de retrógados revisionistas latinos e um acinte à memória e ao sangue derramado desses nossos antepassados.

Covardes serão povo e instituições, todas elas, se se omitirem na defesa da vasta herança geopolítica que eles nos legaram! 
Título e Texto: Aileda de Mattos Oliveira, Doutora em Língua Portuguesa, Vice-Presidente da Academia Brasileira de Defesa, 9-7-2015

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