sábado, 11 de julho de 2015

O cancro só merece respeito quando tem a cor partidária certa

João Pereira Coutinho
Ser de esquerda tem vantagens. Um exemplo? Olhar para a mulher do primeiro-ministro, submetida a tratamentos oncológicos, e acusar Passos Coelho de ‘aproveitamento político’ por aparecer em público com a sua senhora sem cabelo.

O ideal, imagino eu, seria que a mulher do primeiro-ministro escondesse a ‘vergonha’ da doença com os adereços da praxe – ou, então, que ficasse trancada em casa para não contaminar a campanha com ‘sentimentalismos’.

Não vale a pena comentar a natureza abjecta destas observações. Mas o caso de Laura Ferreira mostra bem como a alegada ‘superioridade moral da esquerda’ se converte rapidamente em boçalidade desumana.

Digo ‘esquerda’, e não ‘direita’, porque nada disto aconteceria com a mulher de um primeiro-ministro de esquerda: os aplausos seriam unânimes e qualquer crítica seria tratada como um gravíssimo caso de Estado. O cancro só merece respeito quando tem a cor partidária certa.
Título e Texto: João Pereira Coutinho, Correio da Manhã, 11-7-2015

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