João Pereira Coutinho
Ser de esquerda tem vantagens.
Um exemplo? Olhar para a mulher do primeiro-ministro, submetida a tratamentos
oncológicos, e acusar Passos Coelho de ‘aproveitamento político’ por aparecer
em público com a sua senhora sem cabelo.
O ideal, imagino eu, seria que
a mulher do primeiro-ministro escondesse a ‘vergonha’ da doença com os adereços
da praxe – ou, então, que ficasse trancada em casa para não contaminar a
campanha com ‘sentimentalismos’.
Não vale a pena comentar a
natureza abjecta destas observações. Mas o caso de Laura Ferreira mostra bem
como a alegada ‘superioridade moral da esquerda’ se converte rapidamente em
boçalidade desumana.
Digo ‘esquerda’, e não
‘direita’, porque nada disto aconteceria com a mulher de um primeiro-ministro
de esquerda: os aplausos seriam unânimes e qualquer crítica seria tratada como
um gravíssimo caso de Estado. O cancro só merece respeito quando tem a cor
partidária certa.
Título e Texto: João Pereira Coutinho, Correio da Manhã, 11-7-2015
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