sábado, 18 de julho de 2015

Sem saída

Para salvar a Grécia, a União Europeia está num beco sem saída.
João Pereira Coutinho
O FMI e o BCE estão de acordo: a dívida grega é estratosférica e um perdão é inevitável. A sentença, economicamente falando, pode fazer sentido: a caminho dos 200% do PIB, o fardo esmaga qualquer país.

Mas o problema não é apenas económico; é sobretudo político. ‘Perdoar’ a dívida significa sempre que os restantes estados-membros estão dispostos a ir ao bolso dos contribuintes para fazer transferências para Atenas. Será preciso repetir que a ‘solidariedade europeia’ não sobrevive à dura realidade dos factos? Para começar, não sobrevive aos países do Sul que apertaram o cinto das suas populações sem conhecer iguais benesses.

Abrir um precedente é incendiar uma parte da Europa. Mas também é incendiar a outra parte: países do Norte que pensarão seriamente em mudar de vida se a UE se converter num mecanismo permanente de extorsão.

Para tirar a Grécia de um beco sem saída, a Europa está agora num beco sem saída. 
Título e Texto: João Pereira Coutinho, Correio da Manhã, 18-7-2015

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