Cristina Miranda
Não tem papas na língua. Não é
politicamente correto. Está-se pouco lixando para os Focus Group. É intuitivo.
É assertivo. É contundente. Sabe comunicar. Chega a todos. Não é
elitista. Não tem medo da verdade. Defende rigorosamente suas convicções. Toca
em todas as feridas do país sem receios. É determinado. É teimoso. É genuíno.
Sabe liderar. Eis o segredo de André que personifica o CHEGA.
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Ilustração: GARGALO |
Não é por acaso que todos lhe
têm medo. Uma pessoa assim, no Parlamento, de facto, é assustador. Pior: abre
as portas, caso seja bem-sucedido, para que entre mais gente do mesmo calibre.
O problema? Simples: vai ser o começo de uma oposição forte ao regime que
nos desgovernou por mais de 44 anos. É a semente que vai germinar e
reproduzir-se de tal modo que vai provocar a médio prazo a implosão do
sistema que criou políticas erráticas que conduziram à maior
corrupção de que há memória neste país. Será o início do fim de uma era
de hegemonia socialista que arruinou a nossa economia e que, como
todos sabemos, está apenas segura por pinças da UE (não fosse isso já teríamos
colapsado há muito tempo).
Eu sempre disse a
quem me quis ouvir – inclusivamente a alguns membros da Direção do partido
– que o CHEGA entraria no Parlamento pelo menos com um deputado. Há
muito tempo que avisava quem o desdenhava que pusessem os olhos nele e
seguissem seu exemplo em vez de o achincalhar. Avisei que
nunca se deve menosprezar os adversários, mas antes, observá-los e analisá-los com
atenção para identificar o que fazem de bom e tentar superá-los. Mas,
ninguém me quis ouvir. Na organização onde me encontrava, desde o
Congresso até à minha saída, falei para a parede quando disse que era
urgente corrigir a trajetória porque o abismo estava mesmo ali à espreita.
Não adiantou de nada. E eu, mais uma vez acertei em cheio.
O problema dos intelectuais
que andam na política é mesmo esse: não entendem o segredo por trás da
popularidade. Todos pensam que tem a ver com palavras eruditas
contidas num discurso pomposo (que quase só de dicionário ao lado e manuais
sobre economia conseguem ser entendidos), politicamente correto, que agrada a
todos e quando não agrada, tem flexibilidade suficiente para se contorcer até
agradar. E quando veem alguém com uma mensagem mais simples, mais
transparente, mais assertiva, mais forte, mais abrangente, ficam atônitos e
perguntam-se: como foi possível aquela pessoa tão “básica” chegar a tanta
gente? Não percebem por que para se perceber tem-se de ser genuinamente do povo
ou ter pelo menos vivido com ele ou perto dele.
O “fenômeno André” é o mesmo
que o meu. Cronista no Blasfémias há pouco tempo, sou a que se mantém no pódio
das mais lidas. Não é porque sou a melhor. É apenas porque sou a única que
consegue chegar a TODA a população. Por quê? Porque os temas que escolho são os
que preocupam a maioria dos portugueses; porque quando desenvolvo os temas não
tenho medo de tocar nas feridas porque também são minhas; porque não tenho
nenhum tema tabu; porque uso linguagem do povo e não há ninguém que, do mais
formado até ao que tem menos instrução, que não me entenda; porque pertenço à
maior classe do país – o povo – e por isso são milhões a identificarem-se com o
meu dia-a-dia de dureza no trabalho, o meu percurso familiar e profissional, os
meus fracassos e sucessos. E isto não se aprende na escola. Aprende-se com a
vida aqui no fundo da pirâmide.
Por isso André chegou até aos
comunistas (que nunca o foram apenas foram iludidos) porque mensagens fortes
sobre a realidade escondida do país, faz abanar toda a gente.
Se não se perderem na sua
identidade, nas próximas eleições legislativas serão um fenômeno igual ao VOX
espanhol que já ultrapassou o Ciudadanos. Não tenho quaisquer dúvidas disso.
Título e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
14-10-2019
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