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O Dia da Mentira já passou, mas há verdades tão inverossímeis que parecem não verdadeiras. Antigamente, quando alguém queria usar uma hipérbole para se referir ao excesso de devoção de alguém, dizia que fulano “é mais católico que o papa”. Bem… chegamos ao fundo do poço. Agora é oficial: um ministro do STF pode ser mais católico que um bispo. Explicamos.
No último sábado, o Min.
Kássio Nunes, do STF, emitiu uma liminar autorizando as Igrejas a realizarem
cultos públicos com a lotação de 25% da sua capacidade: isto não equivale a uma
restrição, mas ao reconhecimento de que o Estado não pode exigir menos do que
isso, dado ser o culto público reconhecido como uma atividade essencial,
direito que a Constituição chama inviolável.
Ora, o que se esperaria de um
prelado da Igreja Católica em pleno domingo de Páscoa? Que rapidamente
organizasse celebrações para os fiéis, seguindo as normas sanitárias. Mas…, nem
na ficção jamais se viu tamanha impiedade e cegueira ideológica: muitos,
diríamos mesmo a maioria, dos bispos mantiverem a decisão de conservar as
Igrejas fechadas e de privar os fiéis dos sacramentos.
Em outras palavras, um
ministro do STF é capaz de reconhecer a essencialidade do culto, essencialidade
que um bispo nega em favor de uma genérica “defesa da vida”.
Ora, mas seria realmente impossível que se organizassem serviços religiosos sem aglomeração? Por exemplo, uma paróquia não poderia distribuir a Comunhão fora da Missa, como sempre se fez na Igreja, num intervalo largo de tempo, em que as pessoas entrassem e saíssem? Os liturgistas modernos desdenham dessa alternativa, pois supervalorizam a “participação comunitária”, esta mesma que agora eles inviabilizam com o seu fanatismo liturgicista do “tudo ou nada”.
Obviamente, a decisão
monocrática do ministro pode ainda ser revertida pelo plenário do Supremo, mas,
neste ínterim, ao menos fica escandalosamente respondida a questão que se faz
parodiando a Escritura: “mas algo de bom pode vir do STF?”, pelo jeito ao menos
não algo tão ruim quanto o que vem da cabeça destes nossos “pastores” (as aspas
aqui são propositais, pois eles se comportam como mercenários – para utilizar a
linguagem de Nosso Senhor no Evangelho de São João –, mercenários que apenas
querem o dinheiro do povo, enquanto dispersam as ovelhas à mercê dos lobos).
Os neopentecostais é que se
aproveitarão muito bem da situação e promoverão seus cultos de curandeirismo e
exorcismo, atirando os católicos na sua superstição, enquanto os padres
bons-moços desertam da batalha, com o consolo de serem mui obedientes aos seus
bispos e de viveram a “comunhão”.
A situação tem algo de
paradigmático, mostra exatamente a essência desta nova religião humanista professada
pelo novo clero, formado segunda a mentalidade da teologia moderna: não importa
mais a vida espiritual, a oração e os sacramentos; a única coisa que importa é
a vida natural, a saúde e os direitos humanos. O novo credo dessa religião não
admite a transcendência de Deus e a salvação da nossa alma, quer apenas
imanentizar a esperança cristã, ensinando o homem a ter bem-estar e justiça
social. As celebrações litúrgicas e os sacramentos não são vistos por eles como
um bem em si mesmo, mas apenas como um momento para doutrinar o povo segundo as
suas ideologias.
Realmente, o mundo virou de
ponta-cabeça. Nós podemos esperar mais fé de um ministro do supremo do que de
um pastor de almas. Se mesmo durante uma epidemia, como o povo não pode contar
com o amparo dos padres, não é de se admirar que encontre guarida nos braços de
um pastor evangélico. O cenário de um Brasil católico se torna cada vez mais
longinquamente pretérito; o que se vai desenhando é um triste panorama: o
futuro do Brasil é a confusão e o protestantismo.
Mais verdadeiro é impossivel
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