domingo, 25 de abril de 2021

[As danações de Carina] A Oração

Carina Bratt

O mundo está morrendo numa lentidão enervante. O mundo em que vivemos, está se desintegrando numa espécie de câmera lenta. O mundo está indo, de mala e cuia, para uma agonia mórbida e empobrecida. As equipes médicas que o assistem, por mais experientes que sejam, os profissionais que delas fazem parte, não conseguem dimensionar, com exatidão, a sua decadência.

O mundo, o nosso velho e querido mundo, antes tão bonito e belo, cheio de encantos e belezas mil, está nas mãos de um desconhecido. Segue entubado numa UTI de um hospital em algum canto desconhecido, não sabemos onde. Talvez por ter contraído um mal pior e mais mortificante, mais pesado e incurável que o da pandemia que nos devasta e arruína.

Cá entre nós, bem sabemos, esta atrofia, este declive ruinoso não é só o desmantelamento da sua moral. Claro que não! Engloba todas as demais características do que conhecemos por dignidade e decoro. Como podemos ver, minhas caras amigas e leitoras, tudo se agrupou e se condensou em derredor de um vasto buraco negro cujas dimensões são estratosféricas.

A cada dia, os telejornais dão conta que os números de mortos sobem assustadoramente. Ontem, por exemplo, os jornais da noite, cravaram mais vidas que foram levadas a óbito. Em face disto, e diante deste quadro lastimável, neste domingo, se me permitem, usarei o espaço das minhas ‘Danações’, para falar de oração, para pedir às minhas amigas e leitoras, que se curvem diante do Pai e pensem um pouco no Senhor do Universo.

É chegado o momento de darmos uma parada básica em nossas vidas e repensarmos, com bastante cuidado e atenção, com discernimento e clareza, o que estamos fazendo, ou melhor, o que queremos fazer, daqui para frente, com os nossos dias futuros? Vocês já se perguntaram, em como será o nosso amanhã? O que nos aguarda, nas próximas horas, ou de forma mais abrangente: o que nos espiona daqui até o final deste dia?

Vale, neste momento, nesta hora, dobrarmos os joelhos e orarmos ao Altíssimo. Um Pai Nosso, uma Ave Maria e, ao final os agradecimentos, as gentilezas, as benesses pelo fato mágico de estarmos vivas. De sobrevivermos com saúde, e acordarmos respirando e, com direito de vermos, além de nossos familiares queridos, o dia maravilhoso que se descortina além das janelas de nossos quartos...

Existe um pensamento do francês Blaise Pascal que nos esclarece que ‘nunca o homem é tão grande como quando está de joelhos dobrados’. Quando estamos de joelhos, nos tornamos pequenas diante de nossos problemas e, ao mesmo tempo, nos fazemos enormes diante do Autor de todas as coisas que desfrutamos sem o pagamento de um centavo em troca...

Mesmo fluxo e consenso, ‘ninguém, por mais forte que se ache, se fie no seu próprio coração — dizia Lutero em suas pregações —, pretendendo orar sem palavras, a não ser que o seu espírito esteja demasiadamente exercitado, ou por experiência, saiba distanciar de sua mente, todo juízo ou noção estranhos à oração’. A oração, queridas amigas, queiram vocês, ou não, a oração ‘move magistralmente a mão de Deus’.

O clérigo John Wesley entendia que as ‘Nossas orações são propriamente uma prova de nossos desejos, nada sendo digno de ter lugar em nossos desejos, se não tiver lugar em nossas orações’. Ele perseverava mais à fundo, afirmando que ‘não podemos orar por uma coisa sem que a desejemos’.

Vou dar um exemplo: eu, Carina, desejo, de toda minha alma, que a Covid-19 desapareça definitivamente da face da terra. Que vá, de uma vez por todas, para os quintos do inferno, e nos deixe viver nossas vidas em paz. Creiam, vou orar todos os dias, ao levantar e ao acordar, para que isto aconteça o mais rápido possível.

Santo Agostinho tinha uma visão bastante profunda sobre a oração. Ele acreditava e passava a seus seguidores, que ‘a oração é a força do homem e a fraqueza de Deus’. Charles Spurgeon, em seu livro Diante da porta Estreita, nos ensina, com muita propriedade e convicção que ‘a oração pode conseguir qualquer coisa de Deus. A oração pode conseguir tudo. Deus nada nega ao homem que sabe como pedir’. Evidentemente quando Spurgeon grafou o ‘homem’, idealizou, igualmente à mulher.

Todas nós, se soubermos pedir, certamente Deus não nos virará o rosto, ao contrário, nos mostrará o caminho para alcançarmos tudo aquilo que quisermos e tivermos em mente. Deus nada nega à mulher que sabe pedir. A oração é a porta de entrada para o nosso engrandecimento, para a nossa libertação, para o nosso sucesso.

A oração deve fazer parte das nossas vidas, assim como a água, o sol, a chuva, o vento... Afinal de contas, uma alma sem oração é uma alma vazia, sem fé, sem esperança, sem Cristo. Do mesmo modo, uma comunidade que congrega só para dizer que vai à igreja, mas que não ora com madureza e probidade, isto a torna em um templo morto. Em face disto, caras amigas, não percam tempo.

Orem como se tudo dependesse de Deus e trabalhem como se tudo, ao redor carecesse ou proviesse de vocês. Vamos fazer como São Paulo em 1 Tessalonicences 5:18... ‘Orai sem cessar’. George Mülher orava andando, ao se deitar, ao se levantar... E deixava claro que ‘Quando me convenço de que devo orar por algo bom e justo, continuo a orar até obtê-lo’.

O segredo está aí: orar sem cessar, orar até sermos atendidas... E Mülher finaliza observando que ‘a grande falta dos filhos de Deus é que deixam de orar, não continuam orando, não perseveram’.

Voltando os olhos para esta pandemia que nos dizima numa velocidade inimaginável, vamos tentar fazer uma promessa a nós todas. Deixemos, por algum tempo, os nossos afazeres, os nossos cotidianos de todas as horas, as nossas regalias e dobremos os joelhos em uma prece, à Deus. Lembremos, minhas amigas leitoras, todos os dias vem aumentando, de forma assustadora, de forma brutal, o número de vidas esfaceladas indo em direção às sepulturas.

É um caminho longo, penoso, cheio de curvas perigosas e sem volta, sem talvez, sem retorno, sem meios termos. Dobremos os joelhos em nossos quartos, no silêncio de nossas casas. Voltemos os olhos, os pensamentos, renovemos a nossa Fé, no Pai Maior. Tenham, em mente, que mulher nenhuma, ou homem nenhum, generalizando a coisa, em face da situação que atravessamos —, pensem, raciocinem —, nenhum ser humano jamais orou sem ter aprendido alguma coisa.

Estamos precisando aprender. Aprender rápido e rasteiro. COM URGÊNCIA URGENTÍSSIMA. A MORTE QUE NOS ESPREITA, mascarada em forma de um vírus mortal que ninguém sabe de onde veio, está colada em nossos calcanhares. ELA NÃO DEIXA MARGENS À DÚVIDAS.

Seu objetivo: nos levar para a vala, para o buraco, para a cavidade, para a cissura do país do nunca mais. Orar, minhas amigas e leitoras. Orar não é vencer a relutância de Deus: orar é tomar, sobretudo, posse da sua mais perfeita e magnânima boa vontade. CHEGOU A HORA DE DARMOS AS MÃOS.

Título e Texto: Carina Bratt, do sítio Shangri-La – ES/MG. 25-4-2021

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