Mídia, caciques políticos e Suprema Corte realimentam a narrativa contra cidadão comum insatisfeito com desmandos e privilégios de poderosos
Carlos de Freitas
O filósofo Eric Voegelin disse que “se há muitas pessoas que acreditam em alguma parvoíce, ela se tornará uma realidade socialmente dominante, e quem quer que a critique coloca-se na posição do bufão que deve, então, ser punido”.
Assim nascem os genocídios
reais. Um determinado grupo é visto como o bufão que deve ser exterminado, pois
representa a discórdia num mundo falsamente ordenado. O método não é difícil de
se detectar.
Primeiro, os agentes indiretos
do poder, a imprensa oficial, classificam pessoas e iniciativas individuais,
pequenas associações ou blogs independentes, como um grupo homogêneo propagador
de ódio – o tal “gabinete do ódio” -, que é contra a democracia, sem uma única
evidência concreta que comprove esse furor: usam apenas mensagens de radicais,
com perfis de pouquíssimos seguidores, que em nada representam ou interagem com
as pessoas reais.
A mídia faz a ligação entre
esses radicais isolados e o presidente da república – que hoje é a maior ameaça
ao sistema de poder montado há décadas.
Na sequência, Congresso e STF
começam a repudiar os atos ditos “anti-democráticos” (?), e atribuir à
presidência a origem de tais “ataques”. Instala-se uma CPMI e arma-se o teatro
que dará ares de investigação oficial séria: basta lembrar as constantes
patacoadas dos líderes da comissão, como Alexandre Frota mostrando mensagens de
um perfil falso de Olavo de Carvalho.
A mídia – e nesse caso, não se diferencia uma Veja de um Brasil 247 – lança a denúncia vazia e as autoridades dos poderes legislativo e judiciário passam a tratar o caso como se fossem ameaças sérias contra suas instituições. Nada se fala sobre as constantes ameaças à vida do presidente que pululam no Twitter sem que a imprensa se manifeste contra.
Uma empresa anônima, o
Sleeping Giants, é criada na penumbra, e passa a assediar empresas que
patrocinam ou financiam os grupos independentes que supostamente são os
geradores das ameaças.
Estrangula-se os meios de
subsistência dos adversários, em geral, gente sem nenhum poder oficial, mas com
conhecimento e cultura suficientes para desmascarar toda a farsa. Os bufões.
O público ignorante é jogado
no que o mesmo Voegelin chamou de segunda realidade, a realidade imaginada pela
mídia oficial.
O Terça Livre, o jornalista
Oswaldo Eustáquio, a militante Sara Winter e mais alguns indivíduos, já estão
sendo perseguidos em inquéritos sem nenhuma base legal. O STF denuncia, investiga
e julga os supostos ataques contra eles mesmos.
Nunca se viu, na breve
história da raça humana, tamanha desfaçatez ante a mais modesta realidade.
Poderosos que contam com todo aparato financeiro ao seu lado se dizendo vítimas
de pessoas comuns, que não contam, na maioria dos casos, com uma única arma.
Qualquer um com um mínimo de
raciocínio lógico percebe o absurdo dessa história. Deputados exigindo o
desarmamento da população enquanto contam com seguranças armados até ao último
fio da sobrancelha.
O jogo de cena se monta com a
imprensa inventando uma militância ordenada hostil às instituições, rotulando
de ataque qualquer crítica aos poderes, validando as perseguições dos juízes do
Supremo contra indivíduos comuns.
Chesterton escreveu: “Há uma
certa utilidade nos tolos. Não é tanto que correm aos lugares em que os anjos
temem pisar; antes, deixam ver o que os demônios pretendem fazer.”*
Observemos, pois, os nossos
tolos.
Título, Imagem e Texto: Carlos
de Freitas, Senso Incomum, 20-4-2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-