terça-feira, 20 de abril de 2021

Costa, o manhoso

Ainda tem a lata de envolver Passos Coelho, ultimamente já esquecido

Lino Oliveira

Autoproclamado candidato a primeiro-ministro perdeu as eleições, mas ganhou o lugar com indiscutível artimanha. O “habilidoso” obteve apoio para governar, levando as suas muletas a apoiarem o que sempre combateram, atitude natural no BE, dado a fraturar e escaqueirar, mas estranho no PC, conservador e habitualmente previsível. 

A Comunicação Social chamou-lhe “hábil negociador”. Durante toda a legislatura o artista “ilusionista” simulou virar a página da austeridade com a ajuda do “Ronaldo das Finanças”, assim chamado pela sua extraordinária capacidade de fintar os portugueses, dando-lhes austeridade e eles gostarem. Pior foram as reversões, para “comprar” o apoio do PC, que só na TAP já nos custou mais de mil milhões e prometem que não nos custará mais de 3.7 mil milhões até 2024. Com uma propaganda afinada, manha na arte de mentir manipulando a verdade, nunca sendo culpado de nada e tendo o Presidente como bombeiro de serviço para o salvar dos desastres mais graves, chegou às eleições, que finalmente ganhou, por falta de comparência da oposição. Se fosse rei seria “Costa, O Manhoso”. É uma característica que não reconheço nos portugueses, mais dados à inveja e “chico-espertice”.

Se dúvidas houvesse, a sua atuação no recente caso da chamada lei dos apoios sociais é um poema manhoso como resposta à argumentação do Presidente (PR). Como de costume, a propaganda distribui imensos apoios sociais e às empresas, mas não chegam a quem deles precisa como pão para a boca. O Parlamento aprova uma lei que aparentemente viola a Constituição por falta de cabimento orçamental e o PR promulga. Que faz Costa? Primeiro hesita porque poderia propor um orçamento retificativo, como sugeriu Jorge Miranda, ou será que não há dinheiro e a vitamina ainda não chegou, mas prefere o confronto, “via constitucional”, vincando bem quem manda e é dono disto tudo. Com que argumentação?

Invoca o dever sagrado do governo cumprir a Constituição, mas nenhum como este a violou, tanto quanto a direitos, liberdades e garantias, a parte onde ela é melhor, que em organização política e administrativa, apesar das alterações, mais parece talhada para perpetuar no poder uma certa classe política.

Apela ao TC, um órgão muito politizado onde está à vontade, mas uma coisa é a substância da lei fundamental e outra é a sua interpretação. Votações quase paritárias, ou mesmo por voto de desempate, são frequentes.

E ainda tem a lata de envolver Passos Coelho, ultimamente já esquecido como culpado de tudo, e a sua dificuldade em fazer passar legislação que permitisse cumprir o memorando da “Troika” com o PS de Sócrates para evitar a bancarrota.

Chega! Estamos entregues aos bichos.

Título, Imagem e Texto: Lino Oliveira, o Diabo, nº 2311, 15-4-2021

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