quinta-feira, 15 de julho de 2021

Da esquerda brasileira se pode esperar sempre o pior

Todas as vezes em que o militante ‘de esquerda’ tiver de escolher entre o certo e o errado, vai pular de cabeça no lado ruim

J. R. Guzzo

Da esquerda brasileira se pode esperar sempre o pior — não se conhece absolutamente nenhum caso, até hoje, de alguém que tenha perdido dinheiro por apostar que o militante “de esquerda”, todas as vezes que tem de escolher entre o certo e o errado, vai pular de cabeça no lado ruim. Não sobra ninguém — a começar por Lula, que é visto hoje por muita gente boa como a única opção para salvar a “democracia” no Brasil. Acaba de acontecer, mais uma vez, com as manifestações de rua em Cuba.

A população cubana está exausta da ditadura comunista que manda no país há 62 anos — a mais longa da já lamentável história política da América Latina. Falta comida. Faltam remédios. Falta luz elétrica — tudo ao mesmo tempo. A inflação, num país cronicamente em estado de coma econômico, é recorde. A recessão da covid-19 foi de 11%, quase três vezes pior que a brasileira. A internet é um desastre. A pobreza cresce sem parar. O governo é incompetente, corrupto e violento.

Diante dessa calamidade, de que lado fica a esquerda brasileira? É claro que fica contra o povo cubano e sua pauta mínima de reivindicações e a favor da ditadura do governo e da sua repressão. Todos os seus líderes, porta-vozes e agregados, sem falhar um, só vieram a público para dizer que o povo está errado (seu protesto é descrito, horrivelmente, como atividade “contrarrevolucionária”) e que os ditadores têm o seu mais completo apoio. Ou é isso ou, então, os chefes se escondem e dizem que não podem falar porque “não sabem” o que está acontecendo lá.

Lula foi um dos mais exibidos. O homem que, segundo o ex-presidente Fernando Henrique e outras estrelas-guia do liberalismo civilizado do Brasil é hoje o presente enviado por Deus do céu para salvar a democracia brasileira dos “fascistas”, etc. etc. não apenas ficou a favor da ditadura cubana e da brutalidade policial contra os manifestantes. Falou bobagens de 400 talheres — e mostrou, mais uma vez, que continua igualzinho em sua obsessão pela ignorância mal-intencionada, agressiva e arrogante. Para ele, a culpa por toda a calamidade que está acontecendo agora em Cuba, e que acontece há mais de seis décadas seguidas, não é do governo cubano, nem do seu sistema comprovadamente ruinoso de governo, e sim dos “Estados Unidos”.

Como assim — que raio os Estados Unidos, ou qualquer outro país do planeta, têm a ver com isso? Segundo Lula, a Cuba comunista de Fidel e dos seus sucessores “poderia ser uma Holanda”, se não tivesse havido “um bloqueio”. Do que ele está falando? Os Estados Unidos, durante anos, não aceitaram nenhum comércio com Cuba. Por que haveriam de aceitar? O governo cubano os acusava todos os dias dos piores crimes, se aliava com todos os seus inimigos e não permitia ao seu povo, sob pena de prisão ou fuzilamento, qualquer contato com os norte-americanos. Mais ainda: por que Lula e a esquerda acham que Cuba tem um sistema praticamente perfeito de sociedade, de economia e de governo e, ao mesmo tempo, precisa dos Estados Unidos para resolver as suas necessidades mais elementares?

O “bloqueio norte-americano”, na verdade, é a única explicação — a única mesmo, como se viu pelas declarações de todas as suas lideranças — para explicar o que não pode, simplesmente, ser explicado: o fracasso grosseiro, e sem atenuantes, do regime cubano. O que a esquerda brasileira está dizendo é o seguinte: o comunismo teria dado certo em Cuba se os Estados Unidos não fossem capitalistas. É um caso único na história das nações: um país dá errado há mais de 60 anos, em tudo o que faz, sem um respiro, porque outro país não vai com a cara dele. O mundo tem 200 países; porque Cuba não se desenvolveu (e virou “uma Holanda”) comerciando com os outros 199? Poderia estar fazendo isso desde 1959, não é mesmo? É esse o nível de honestidade dos argumentos da esquerda brasileira.

Lula, para explorar os sentimentos de compaixão do público e explicar por que fica a favor de uma ditadura 100% fracassada, diz que “Cuba não conseguiu comprar nem respiradores” por causa do “bloqueio” norte-americano. E porque não foi comprar do México, da Transilvânia ou de qualquer outro país do mundo? Até o Brasil fabrica respiradores. A esquerda é isso. Lula é isso.

Título e Texto: J. R. Guzzo, Estado de S. Paulo, via revista Oeste, 14-7-2021, 18h18

2 comentários:


  1. O PENSAMENTO DA POBREZA, OU POBREZA DE PENSAMENTO
    Desde 1988 uma das frase mais ouvidas é que podíamos votar livremente, que finalmente o Brasil estava livre da ditadura, e que nossas vidas mudariam para sempre.
    Realmente ficamos livre da ditadura, nossas vidas ficaram piores, e o voto tornou-se escravizado por uma elite perversa.
    POBRE VOTA E NÃO FAZ ESCOLHAS, vota por uma cesta básica, por um bolsa família, e pelo consumo.
    O pobre acredita no perdão, tanto que por 3 ou 4 vezes o governo perdoou maus pagadores do BNH, perdoou juros de dívidas privadas, trocou a moeda e usou como desculpa.
    Hoje a renda dos trabalhadores de classes baixas que o governo teima em dizer que são classe média, tem mais de 50% de suas rendas mensais comprometidas, a inadimplência ultrapassou 40% dos devedores, o número de automóveis aprendidos por falta de pagamento é enorme.
    Mas pobre vota.
    Não tem saúde e educação mas vota.
    No caos da segurança pública e no domínio dos traficantes e bandidos, o pobre vota.
    Os candidatos estão ai, é o neto do Brizolla, o neto da ACM, o neto do Tancredo, os parentes do Sarney, mas o pobre vota.
    E nós continuamos a pregar o voto.
    O POVO VOTA MAS NÃO ELEGE, A RIQUEZA E A MÍDIA ELEGE.
    Já escrevi que 70% do eleitorado estão em 7 estados a saber:
    RS,SC,PR,SP,RJ, MG, e ES.
    E que 19 estados e o DF tem 30% do eleitorado.
    Também já escrevi que os 70% de eleitores tem o mesmo número de deputados que os 30% e 21 senadores contra 60.
    Aliás cometo um erro, esses 7 estados tem 256 deputados contra 257 dos outros 20.
    Também já escrevi, que que a escolha dos rumos de nosso país está no sul e sudeste, e justamente nesses estados mais ricos temos um número surpreendente de pobres, e eles fazem as escolhas juntando-se ao voto do coronelismo predominante nas outras regiões.
    POBRE VOTA, não por direito ou obrigação, nem por acreditar em promessas, vota porque é corrupto, vota porque é comprado.
    Pobre morre na fila do SUS, mas já colocou outros 10 no mundo para a posteridade medíocre, pobre é assassinado e tem os filhos no vício, mas já colocou no mundo mais outros 10 para serem assassinados e usarem as drogas como malefício ou trabalho.
    E os ricos que criam seus filhos como animais de estimação contribuem, para que os negócios evoluam.
    Não temos grandes brasileiros, temos grandes caricaturas votantes.
    Os méritos dos antigos foram esquecidos, temos de nos contentar com ídolos de barro tipo Luan Santana, neymar e Ivete Sangallo.
    Isso é um crime para a história do Brasil, a corrupção generalizada prova que o crime é a história de nosso futuro.
    bom dia

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  2. Impossível mudar/transformar um século de doutrinação, manipulação, infiltração e encampação marxista em quatro anos! No mínimo, sendo otimista, uns quarenta!

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