Desastre provocado pela pandemia de covid-19 foi para ninguém botar defeito, mas o país dá sinais de recuperação econômica
J. R. Guzzo
Não é isso que está
acontecendo. Ao encerrar-se o primeiro trimestre do ano, ficou claro que a
recuperação não apenas tinha começado, mas vinha forte — 5% de crescimento em
2021, o que recupera todo o desastre do ano passado e vai ainda adiante. Seria
um número “bolha”, destinado a desfazer-se nas previsões seguintes? Pelo jeito,
não. Segundo o último cálculo do Banco Central, os dados são bons para todo o
semestre; o crescimento deste ano, com base no que aconteceu até agora, deve
ser de 5,2%, o maior dos últimos onze anos.
É natural, com a progressiva retomada da produção, que os números sejam altos — afinal, o porcentual de aumento está sendo feito sobre uma base muito baixa. Mas é indiscutível que o Brasil voltou a funcionar, e que está melhor do que estava.
O desastre provocado pela
pandemia da covid-19 foi para ninguém botar defeito, sobretudo no mercado de
trabalho. O fechamento geral do “fique em casa”, para ficar num exemplo só,
levou o desemprego para as vizinhanças dos 15%, piorando ainda mais os 14%
atingidos no auge da recessão de Dilma Rousseff. Mas já neste primeiro semestre
de 2021 foi criado 1,2 milhão de empregos com carteira assinada. São postos de
trabalho recuperados, e, se a retomada continuar nesse ritmo, não há como não
haver consequência na economia.
O ano não acabou, é claro, e o
ano-chave de 2022 ainda nem começou. Para 2021 ter 5,2% de crescimento, o
segundo semestre terá de repetir o primeiro; para o ano da eleição ser forte,
será preciso repetir 2021. Cada vez mais, daqui para a frente, a política terá
de prestar atenção ao que está acontecendo não apenas no seu mundinho, mas
também no front da economia.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Gazeta do Povo, via revista Oeste, 12-7-2021, 20h50
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