quinta-feira, 1 de julho de 2021

O triunfo dos pedintes é a ruína dos portugueses

O caso Adão e Silva é revelador do esbanjamento das esmolas europeias e impostos lusos

Pedro Caetano

Quando Ursula Von Der Leyen deu mais ajuda europeia a António Costa, mas avisando-o: “agora tens que ir trabalhar muito”, a resposta dele foi reveladora. Costa nem sequer mentiu ou fingiu que ia trabalhar, mas perguntou logo sorridente: “já posso ir ao banco?”. A seguir meteu-se num avião para se divertir e ir ver a bola. Já podia gastar mais com os seus amigos, como Cabrita (e esposas deles, como Ana Paula Vitorino), e nos seus propagandistas pessoais, como Pedro Adão e Silva [foto]. Nos anos 1980 e 1990, nas ruas de Lisboa e arredores, havia outros pedintes a quem os dadores também diziam que fossem trabalhar, mas eles iam logo gastar em heroína. Trabalhar ou estudar não era com eles. Décadas depois estão pobres ou muito doentes. Nem as pessoas nem os países pedintes progridem, por muito que lhes deem.

A maioria dos pedintes tem vícios como a toxicodependência ou problemas de saúde física e mental que os impede de trabalhar e ser financeiramente independentes. Vestem roupas gastas, não passeiam. Merecem a nossa empatia e esmola. Os pedintes, quer sejam anónimos sem abrigo ou governantes portugueses, são geralmente desgraçados ou desgraçam a vida daqueles em seu redor. 

Os governantes pedintes portugueses, como Costa, Sócrates e restantes “boys” do PS, apesar de terem em comum com outros pedintes estarem no chão, de joelhos e de mão estendida perante senhoras ricas, e a ausência de qualquer plano de vida que não seja a eterna subsídio-dependência, vestem nas melhores lojas de Paris e têm carros alemães topo de gama com motorista! Ou seja, com o dinheiro das esmolas pagam-se a si próprios – e aos amigos que os elogiam caninamente, como Adão –, permitem-se mordomias bizarras e salários multimilionários inexplicáveis, dezenas de vezes acima do valor de mercado, mesmo que não tenham experiência profissional nas áreas para que são nomeados. Logicamente, assim Portugal definha.

Segundo a própria comissária europeia Elisa Ferreira, estes pedintes nunca souberam aproveitar 35 anos de ajuda externa europeia. Só confessou isto agora, alarmada e cansada com mais esta reação brejeira e irresponsável de Costa, na senda de outro pedinchão, Sócrates, ambos sempre elogiados por Adão. Este último, na televisão doente, que também ela vive de subsídios do Estado, disse-nos, diz-nos e dir-nos-á sempre – enquanto lhe caírem mais 300 mil euros no banco vindos do governo de pedintes – que a subsídio-dependência demonstra excelência na governação. Ora não para ele, Adão, mais um comilão de esmolas do Estado! A maioria do que é gasto com esta gente nem sequer é dado pela Europa, mas por todos nós em impostos que não param de crescer, pois são logo esbanjados em vez de bem aplicados.

A nomeação, por este governo de pedintes, do pedinte propagandista da política, Pedro Adão e Silva, que recebe muito dinheiro durante dois mil dias para comemorar um só, o das bodas de ouro do 25 de abril, poluídas com a propaganda a este governo, exige reflexão continuada e não apenas as observações que fizemos na semana passada.

Devemos evitar hiperatividade e défice de atenção perante mais este exemplo pedinchão, mais revelador e mais evidente que outros sobre a falta de qualificação de topo e o esbanjamento do dinheiro do Estado, com pedintes da política, como Adão, em três áreas.

O caso Adão é revelador do esbanjamento das esmolas europeias e impostos lusos, em primeiro lugar na organização de eventos (como exemplo da área dos cargos técnicos nas mais variadas especializações, que vão para gente sem qualificação técnica); segundo, num certo “ensino” e “investigação” universitária públicos, capturados por “boys” da política, pagos pelo Estado a “investigarem cientificamente” os seus amigos políticos; terceiro, em grupos de comunicação social estatais ou privados, mas doentes, falidos e também eles pedintes, dependentes do Estado a gastar em propaganda as esmolas europeias que deveriam ser para desenvolver Portugal.

Nestas três áreas, em Portugal, há um triunfo dos pedintes que nos arruínam a todos. Somos tão desgraçados como as mães e pais dos pedintes toxicodependentes dos anos 1980s e 1990s.

Relembremos em primeiro lugar a organização de grandes eventos, como exemplo de área técnica de especialização.

Com tantos profissionais portugueses de sucesso em empresas de organizações de eventos – facilmente identificáveis em “enventex.co”, por exemplo, - por que tem de ser Adão a organizar tão importante comemoração?

Como figura histórica e simbólica do melhor do 25 de Abril já temos na organização, merecidamente, Ramalho Eanes.

Dos outros, sem história e nenhum simbolismo, necessitamos que sejam excelentes tecnicamente a organizar eventos ao melhor nível do mundo.

Por exemplo, ainda agora em www.civilservicejobs.service.gov.uk pode ver-se precisamente um lugar disponível no governo britânico para diretor-geral de organização e marketing de grandes eventos. Além disso, um diretor-geral, neste caso de figura, é muito mais produtivo e rentável, pois é suposto organizar vários eventos por ano e não apenas um em cinco anos.

Por que não fazemos como o Reino Unido – que nunca fala em pedir ajuda à Europa (pelo contrário!) –, onde as vagas para cargos acadêmicos e diretores-gerais no serviço público, a liderar equipes consideráveis, seja no marketing de eventos, ensino, comunicação ou qualquer área, são anunciados publicamente para os melhores concorrerem e, assim, o dinheiro do Estado ser bem aplicado, em vez de ser esbanjado com gente sem experiência profissional relevante?

Finalmente, quanto aos cargos de Adão, falemos das suas qualificações como comentador e analista político. Também aí não há evidência de que Adão seja capaz de ter grandes audiências ou promover qualquer debate importante sobre reformas urgentes para tirar Portugal do vício das esmolas.

No entanto, a sua presença e a de outros exemplos semelhantes de políticos escolhidos, é claustrofobicamente constante há décadas em estações televisivas estatais ou privadas, que recebem apoios de milhões de euros do Estado e pertencem a grupos falidos, que devem 400 milhões de euros à banca, ambicionando que seja o fundo de resolução bancária dos contribuintes a dar as esmolas a quem não se foca em atrair audiências ou dar aos portugueses o que eles realmente querem ver.

Até em telenovelas vemos mais profissionalismo, apreço pelos dados e originalidade que nalguns programas políticos da TV ou nalguns “centros de investigação” universitários, repletos de políticos ou dos seus homens de mão. 

Quantos jornalistas sérios de investigação ou comentadores isentos foram perseguidos ou despedidos das TVs e jornais subsidiados pelo Estado para permitir a onipresença de Adão e pares?

Abril não estará a desapontar muitos portugueses, precisamente por esse minguar da liberdade e debate controlado por meia dúzia de pedintes subsídio-dependentes e seus subordinados?

Quando nos livraremos de tantos pedintes em tantos cargos no Estado – sustentado por nós e pela Europa – que pretendem ir ao banco sem perda de tempo para esbanjar?

Não seria melhor trabalharem para nos tirarem do último lugar da Europa, para onde a sua pedinchice incorrigível nos atirou?

Título e Texto: Pedro Caetano, o Diabo, nº 2321, 25-6-2021
Digitação: JP, 1-7-2021

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