segunda-feira, 2 de agosto de 2021

[O cão tabagista conversou com…] João Brás: “Vivemos atrelados à UE que nos dá o dinheiro, como em outros tempos vivemos atrelados às riquezas das Áfricas e dos Brasis.”

Nome completo: João Maurício Barreiros Brás

Nome de Guerra: Não tenho. A vida é também uma guerra, e como dizia Ferreira Gullar, o ser humano é uma especizinha meio cinzenta. Mas ainda não declarei guerra pessoal à humanidade, por isso, não tenho nome de Guerra.

Onde e quando nasceu?

Agosto de 1968, Santiago do Cacém, mas sou de Sines. Quem não tem uma terra não é boa pessoa. A minha é Sines.

Onde estudou?

Licenciatura em Filosofia em Lisboa, Universidade Católica, e mestrado (sobre Cioran) e doutoramento (sobre o conceito da desconfiança) na Universidade Nova de Lisboa.

Onde passou a infância e juventude?

Em Sines, e porque só havia ensino secundário em Santiago do Cacém [foto], também nessa localidade. Que são no Alentejo Litoral, uma espécie de Minas Gerais portuguesa. Os alentejanos estão para os restantes portugueses, como os mineiros para os restantes brasileiros.

Por que diz isso?

Pelos regionalismos linguísticos e pelas características especificas que dão origem a anedotário nacional. No caso dos alentejanos, seriam aquilo a que vocês designam de caipiras, com um linguajar e expressões muito vincadas, preguiçosos, o que é uma grande mentira, e com o saber muito peculiar.

Cioran, o filósofo romeno?

Sim, Cioran, o filósofo romeno. Do trabalho de mestrado resultou um livro "O pensamento Insuportável de Émile Cioran. Um Itinerário do desespero à lucidez". No Brasil há um interesse extraordinário por Cioran, provavelmente o último filósofo, na acepção grega da indistinção entre pensar e viver. 

Qual (ou quais) acontecimento marcou a sua infância e juventude?

A infância e adolescência são, regra geral, o paraíso, mesmo que sejam autênticos infernos. O grande susto e excitação de todas as descobertas, a vertigem da descoberta de tudo o que é novo. Não consigo isolar um acontecimento.

Nasci junto ao mar, se o mar pode ser um acontecimento, percebi depois. Não se devia viver sem o mar, portanto, viver na presença diária do mar, foi o grande acontecimento.

Quando começou a trabalhar?

Comecei a trabalhar de modo regular no fim do ensino secundário, nesse último ano fui estudar no ensino noturno e trabalhar de dia, porque queria independência, depois voltei a trabalhar nos dois últimos anos da licenciatura, queria ter o meu dinheiro e já não parei.

Começou em quê, explicitamente?

Quando estava no fim do ensino secundário trabalhei como segurança na portaria de uma grande refinaria, nos dois anos finais dos meus estudos de licenciatura trabalhei num consórcio de obras públicas na construção de áreas do metropolitano de Lisboa, numa frente de obra. Depois, quando terminei a licenciatura comecei a lecionar como professor de Filosofia, o que faço até hoje, profissionalmente. Professor, investigador e ensaísta.

Filosofia, uma área de paixão na juventude. Cheguei a obter Certificado da École des Sciences et Arts, Paris, dos cursos que frequentei, por correspondência: Iniciação às Grandes Filosofias e Iniciação aos Grandes Problemas. Faz muito tempo…

Mas voltando à sua carreira, quando começou a lecionar Filosofia e, onde leciona atualmente?

Então, somos parceiros de armas.

A minha "carreira" não é o ensino, mas os livros. O ensino que faço com muito gosto é um meio de sobrevivência. Não preciso de muito, e não precisar de muito é o caminho mais fácil para se ser minimamente livre.

Sou professor do ensino público no ensino secundário (liceal), agora estou na formação de adultos que é a minha preferida, e lecionei em tempos numa escola superior de educação e de enfermagem, experiências muito interessantes para mim, porque sempre dentro da área da Filosofia permitiu centrar-me em outras áreas.

Mas o ensino é principalmente o meio de sobrevivência.

Avizinhando o seu 53º aniversário (que dia?), se tivesse que fazer um balanço?

12 de agosto.

Quando se tem uma filha que se adora, quando se vive com quem se ama, e o amor significa um percurso em comum em que se vivem grandes momentos, mas também se enfrentam fracassos, quando se tem uma família de que se gosta, e lembre-se, somos sempre quem somos apesar dos nossos pais.

Estou a brincar, gosto muito deles, e devo-lhes muito, quando se faz o que se gosta, quando se aprendeu ao longo da vida a cultivar uma visão sem grandes ilusões sobre os humanos e a vida, nós não temos qualquer importância, somos insignificantes, assinava de novo o contrato para mais uma volta no carrossel (a vida).

Se voltasse a viver, pouco mudaria, talvez tivesse cultivado um maior distanciamento de pessoas que não prestam, talvez tivesse estudado mais quando novo.

Como dizia santo Agostinho, preciso de pouco, mas desse pouco preciso muito, da minha mulher, da minha filha, dos meus poucos, mas bons amigos, dos livros...

A vida é breve e desprovida de qualquer sentido, por isso os aspectos que referi são os meus grandes tesouros.

Você crê em Deus?

Não. Já fui um ateu convicto e furioso, via Deus como uma invenção para aligeirar o fardo da vida. Não me esqueço de uma frase de Giovanni Papini: "Deus é uma fábula inventada pelos homens nas noites da ignorância".

Feuerbach e Nietzsche marcaram-me muito. Mas atualmente sou agnóstico, penso que a eventual existência de Deus ultrapassaria a compreensão humana. A vida humana e de toda a natureza têm uma complexidade que a tese do puro acaso oferece dúvidas. Muitos dos grandes filósofos do presente, os físicos e os cientistas, são crentes. Continuo a ter grandes resistências ao facto de Deus existir, poder ser compreendido só por alguns grupos específicos de homens. As religiões institucionais e os seus oficiantes.

Há inegavelmente uma dimensão religiosa e espiritual do ser humano, e isso tem significado. A religação com o que nos transcende. As religiões institucionais, contudo, no seu esforço de uma ordem e uma moral, levaram a cabo práticas hediondas, como as que encontramos nas ideologias.

Na verdade, a sua dimensão de fazer o bem e de humanidade é incomparavelmente superior a todo o resto. Hoje colocamos o homem no altar de onde derrubamos Deus, o que torna tudo mais patético, absurdo e perigoso.

Henrique Neto, a propósito do 50º aniversário do ‘25 de Abril, escreveu’: “Meio século de democracia para nada – Tudo indica que vamos terminar este meio século pior do que antes. Sem glória e sem honra, porque a corrupção e o jogo sujo dos interesses individuais do presente crescem à custa do futuro da generalidade dos portugueses.” Qual a sua avaliação?

Há um desporto nacional, que não é só português, que é o da autoflagelação, estamos sempre a dizer mal de nós próprios, mas não consentimos que ninguém de fora o diga. E somos bipolares, ou pensamos que somos os melhores ou os piores.

Na verdade, Portugal é um país com problemas de crescimento e desenvolvimento muito sérios. E o problema não é tanto econômico, mas de mentalidade, é um problema de cultura e de educação, ou seja, da falta delas.

Portugal é governado por elites medíocres desde 1700, essas elites perpetuam-se no poder, e mantiveram as populações num estado de dependência e servilismo. A autonomia, o sentido crítico, a responsabilidade, não fazem parte do nosso quadro mental. Por exemplo elogiamos o "desenrascanço", que é algo, na verdade, lamentável. O "desenrascanço" significa que não há planificação, rigor e seriedade, é tudo em cima do joelho, é tudo reativo.

Temos problemas estruturais muito sérios em todos os planos, que não resolvemos. E os problemas estruturais não se mudam com decretos ou com alterações conjeturais medíocres da Europa. Portugal é uma pseudodemocracia. Aliás, o Ocidente é cada vez mais uma falsa democracia. A democracia é apenas formal, vivemos numa partidocracia e com esquemas e estruturas quase feudais.  Vivemos atrelados à UE que nos dá o dinheiro, como em outros tempos vivemos atropelados pelas riquezas das Áfricas e dos Brasis.

Desde 1700 deixamos de ter pensamento estratégico, a médio e longo prazos. Vivemos só do presente, de esquemas e de irresponsabilidade.

Neto tem toda a razão no que diz. Veja-se todas as elites portuguesas: políticos, banqueiros, empresários etc., parece que afinal se destacavam pela capacidade de engendrarem esquemas. Antero de Quental publicou no século XIX, um livro muito citado, mas pouco lido, “As causas da decadência dos povos peninsulares”, que ainda (hoje) contém a chave para percebermos o atraso português. Somos dos países mais pobres e atrasados da Europa. Quando o português sai para fora, em outra estrutura é do melhor que há.

Conhece o Brasil?

Nunca fui ao Brasil, mas tenho como referências maiores Nelson Rodrigues, Millôr Fernandes, e em outras latitudes Machado de Assis, e Melquior. Os dois primeiros nomes que referi, se só pudesse ler dois autores de toda a literatura mundial, esses dois, eram sérios candidatos. Por isso conheço um pouco o Brasil. A Playboy brasileira nos anos 80 foi também importante na minha formação. Não falo dos belos corpos, mas dos excelentes textos que publicava. Gosto também muito da música brasileira, especialmente Cazuza e Cássia Eller e o grande Cartola.

Melquior?! Quem é?  

Escrevi mal o nome. Falava de José Guilherme Merquior [foto]. Li, sem o conhecer, um texto admirável onde ele desconstrói a desconstrução de Foucault, mas sempre com uma enorme elegância e até elogiando Foucault…

Foucault, Deleuze e Derrida são invariavelmente uns grandes aldrabões, é (só) pseudoconhecimento e verborreia. Filosofia vazia para gente confusa. Merquior teve a coragem de expor esse vazio.

As críticas de Merquior ao marxismo e à escola de Frankfurt são simplesmente brilhantes. Foi um homem que morreu novo. Foi diplomata, cientista político, ensaísta, sociólogo, crítico literário. Um autor altamente refinado. Era, contudo, demasiado liberal para o meu gosto.

Pintou uma baita saudade! É fato que a revista trazia grandes textos. Era dedicada a homens cultos, well 😉

Era vendida nas bancas portuguesas?

Sim, era vendido em banca, (fazíamos coleção e trocávamos revistas entre nós). Nos anos 80 o mundo ainda não estava dominado pela internet e pelos biliões de vídeos de tudo e mais alguma coisa e pela profusão das imagens.

A Playboy permitia a miúdos verem corpos de mulheres fabulosas. Ainda não era proibido elogiar a beleza física, nem era crime desejar a beleza física, nem era desprezível mulher que gostavam de ser femininas. A Playboy tinha depois esses textos e pequenos ensaios fabulosos. Eu era um miúdo, mas já gostava muito de ler e de bons textos.

Belos corpos e belos textos, é quase o ideal ético e estético Grego. O belo é bom e o bom é belo. Brinco.

Também assistiu a “Gabriela, cravo e canela”?

Sim, claro, era muito, muito novo, quando estreou em Portugal, mas vi mais tarde.  A sensualidade de Sônia Braga trazia toda uma mudança de paradigma. Houve mudanças muito importantes em Portugal provocadas por essa novela que, segundo a mitologia da época, deixava de ser um país a preto e branco e passava a ser a cores, como a televisão. O país parava para ver a novela…

De qualquer modo, marcou-me mais os "Capitães da areia", do grande Jorge Amado, escritor maior que a sua ideologia. Bem, ouvi Jorge Amado dizer numa gravação, "Marx era uma merda", menos mau.

Acompanha a atualidade brasileira?

Sim, com muito interesse, tenho muitos bons amigos brasileiros. O Brasil está cindido de modo suicidário.

Tem um senhor por aí, de origem africana, dirigente do Bloco de Esquerda, que afirma que Portugal é uma nação racista… é sério?

Há um antirracismo racista, que é o pior inimigo das causas que diz defender. As sociedades decentes são sobre como unir e não como dividir. Há movimentos ativistas negros que querem de novo, lugares, escolas, professores, bairros só para negros, o que é insano.

O bom antirracismo luta por condições dignas para as pessoas, condições laborais condignas etc. Não é a luta desse ativismo, que é meramente cultural, com a treta do “só há racismo branco”…

A mim interessa-me a Pessoa, e não a sua cor, orientação sexual ou religião… O racismo é intrínseco ao ser humano. O outro, o do outro grupo, é sempre o outro. Em Portugal há racismo, mas não há um problema racista na sociedade portuguesa. Há brancos racistas, e há negros racistas e há quem explore o racismo.

e há quem explore o racismo”, na falta dele… 

Sim, há racistas antirracistas que fazem-me lembrar uma personagem de um livro de banda desenhada, penso que do Lucky Luke, que num período de peste criava ratos, para depois receber por cada rato que era apanhado.

Por que não existem ciganos em África?

É uma pergunta interessante. Não tenho resposta sobre ela, a não ser dizer alguma brincadeira, o que nos tempos que correm é facilmente considerado herético pelos novos inquisidores.

O atual presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, é um comentador televisivo, um populista, um grande maroto ou…?

O atual presidente é mais um episódio triste do atraso português, a perpetuação das tais elites medíocres (não falo do caráter das pessoas, das suas ações e tomadas de posições políticas). Marcelo é um homem inteligente, o que torna tudo ainda mais triste. Dizem também que é uma boa pessoa, mas o seu papel político é caracterizado por meras ações de corta-fitas, e é também o exemplo mais óbvio do que é o populismo.

O populismo, se consistir em ouvir as pessoas, escutar os seus problemas e procurar respostas para os problemas fundamentais, é um bom populismo. Não é este o caso, pois trata-se apenas de mexer nas emoções das massas para ter sempre uma boa popularidade.

Este presidente nada faz para tomar posições de fundo sobre os problemas cruciais do país. Um logro, um exemplo do nosso atraso. Dos políticos mais nocivos da democracia portuguesa, que precisa de se tornar verdadeiramente democrática e adulta.

O episódio da troca de sunga na praia, em frente a jornalistas (que estavam lá por meríssimo acaso) foi dégradant


Sim, faz lembrar o presidente Trudeau do Canadá, já o vi vestido de índio, de boxeur, a abraçar pessoas de hijab, a dançar num desfile gay, vestido de Hindu etc. Vale tudo.

Você se interessa por Política?

Sim, interesso-me muito. A política é fundamental. O ser humano é em muito um ser social e a política tem que ver com as propostas sobre o melhor modo como podemos viver uns com os outros. É uma dimensão fundamental. Penso, contudo, que vivemos, pelo menos nos países Ocidentais, num período pós-político, as ideias estão secundarizadas e triunfa a manipulação e os interesses particulares.

A democracia atravessa um período difícil. As pessoas comuns estão cansadas, foram abandonadas, os problemas concretos e reais das sociedades, das vidas concretas. Uma visão predatória da economia predomina e, para nos entreter, são-nos fornecidas doses maciças de novos objetos de consumo.

Descobre-se que no século XXI, somos todos racistas, machistas, homofóbicos etc. Que mais não é que uma manobra dilatória para nos entretermos enquanto já só nos tratam como consumidores. Escrevi sobre o tema num livro “Os democratas que destruíram a democracia” (Opera Omnia, 2020).

Encomende aqui.

Milita/simpatiza com algum partido político?

Não milito em nenhum partido. Os partidos exigem o grau de obediência e até de submissão que eu não conseguiria ter. Num bom exército não se questionam ordens nem os chefes. Eu seria um péssimo soldado.

Sou conservador, que é muito diferente de ser reacionário, fascista, nazi etc. O que melhor pensamos e fazemos deve ser conservador e transmitido e, claro, adaptado a cada tempo. Preocupam-me também as questões sociais e da injusta redistribuição da riqueza. Para mim não pode haver política sem ética. E vivemos num tempo em que a ética e a moral foram arrasadas e substituídas pelo plano legal-jurídico. O que interessa é se é ou não legal, lícito ou não.

Mas posto isto, simpatizo com qualquer partido que seja contra esta pseudodemocracia cada vez mais totalitária em que vivemos. Sou completamente anti ideários políticos que pretendem salvar o ser humano ou instituir o paraíso na terra. Esses projetos resultam sempre em farsas sangrentas.

E sobre o atual governo de esquerda e extrema-esquerda?

Seria fácil dizer que o governo é de esquerda e se coliga ou manipula, mas também está sequestrado pela extrema-esquerda, mas penso que a realidade é mais profunda. Não há esquerda, há partidos que fingem ser de esquerda.

Na Europa e até no Brasil, o PT não era de esquerda, fingia-se de esquerda... O que há é um uma espécie de centro difuso, gelatinoso, que muda consoante o vento.

As democracias estão dependentes de um poder econômico-financeiro que já nada tem de ético. O capitalismo é fundamental, a livre iniciativa, a liberdade individual, o funcionamento dos mercados de modo livre, mas ético. O capitalismo ocidental é, regra geral, amoral e predatório. A ideia de crescimento ilimitado tudo destrói, mas é necessário uma caução cultural de causas, e temos o progressismo, que é uma deformação do progresso e que tudo destrói, tudo o que identifica, filia e enraíza.

O que há é um liberalismo econômico disforme, um progressismo demencial, ou seja, a ideia do mundo como um supermercado e um manicômio, em que os partidos fingem ser de esquerda ou de direita, mas não há esquerda nem direita, pelo menos na acepção clássica e genuína dos conceitos.

O partido socialista português não é diferente do partido social-democrata. Aliás, Portugal é um protetorado da Europa, perdemos a soberania a troco de dinheiro, que mascara a nossa incapacidade de criar estruturas que promovam o crescimento e o desenvolvimento do país. Somos dos países mais atrasados da Europa. O partido liberal, socialista, social-democrata, de esquerda radical, e até de outras alas votam todos no mesmo sentido nas questões da eutanásia, do aborto, da inseminação post mortem, barrigas de aluguer para casais do mesmo sexo etc. Penso que já não há ideologia, há economia e uma ficção de causas que estão entregues a ativismos monomaníacos, e depois há a população em geral, a grande massa que mais de 50% não vota, não acredita nos políticos, e outros 40% são manipulados, e 10% fazem parte dos partidos ou vivem à custa destes.

Na crise de 2012 se o PSD fosse poder tinha feito o mesmo que o PS, e em 2021 se o PSD fosse poder faria o mesmo que o PS, são faces diferentes da mesma moeda. São todos amigos, todos vivem do Estado e da tomada do poder do Estado para distribuição de cargos e benesses. O país deve o seu atraso ao PS e PSD e às suas muletas partidárias, CDS, PCP e BE

Atualmente reside em Santiago do Cacém ou em Sines [foto]?

Vivo em Lisboa desde os 18 anos. Com uma grande vontade de viver num local onde só ouça os ventos, os pássaros, o mar e os bichos.

A União Europeia está parecendo um grupo de tecnocratas, burocratas e amigos destes e daqueles, NÃO ELEITOS, decidindo por e comandando eleitos submissos… daí o BREXIT. O que lhe parece?

A União Europeia foi um projeto interessante, principalmente pelo ideário que não era apenas econômico, de uma união baseada em princípios democráticos fundamentais. Mas depressa sucumbiu num projeto totalitário, tecnoadministrativo com a sua elite de burocratas, regra geral políticos na reforma ou a cumprir algum tipo de ostracismo dos seus países.

Trata-se principalmente da criação de um mercado para os países mais poderosos da Europa em que compraram a soberania dos países mais pobres e atrasados. Estes países são agora protetorados de unidades de produção e de consumidores ou mão de obra dos países como a Alemanha.

A União Europeia já não é um bem, mas um mal. É o expoente de uma visão hiperliberal e progressista do mundo. Lembro que o hiperliberalismo é uma deformação do liberalismo, como o progressismo do progresso.

A União Europeia falhou, é uma organização cínica. Por exemplo, com os refugiados, pagou milhões de milhões aos turcos para os conter na fronteira e ficar com o papel benemérito de caridade lacrimejante com os que sofrem… Os países do norte da Europa nada têm a ver com os do Sul.

Os ingleses fizeram muito bem, mostraram um grande sentido de autonomia e independência do projeto que é já apenas uma ficção destrutiva da Europa.

Esta União Europeia é cada vez mais um totalitarismo sinistro disfarçado de boas intenções. Portugal tem com a UE a mesma relação que o toxicômano tem com o dealer, precisamos de “produto”, mas, na verdade, devemos à Europa alguma ordem na casa.

Portugal é um país com corrupção e ainda feudal na organização dos grupos de poder. A UE colocou alguma ordem na casa, temos que por vezes apresentar contas, para receber mais “produto”.

O cristianismo teve um papel preponderante e fundamental na modelagem da civilização ocidental, não? Ou sim?

Sim, claro, aliás, até muito dos princípios democráticos, da questão da política como procura de paz e justiça (veja-se Santo Agostinho), da separação do poder terreno e espiritual etc., são princípios cristãos. Não se pode pensar o Ocidente sem o cristianismo.

De qualquer modo, o cristianismo foi substituído pela religião do progresso que é uma providência laica, até a ideia de progresso e em outra latitude o marxismo tem a estrutura do cristianismo, claro que sem a mensagem e profundeza do cristianismo, que é um dos grandes tesouros da humanidade, do ocidente e da cultura humana.

A dimensão espiritual é fundamental, muito da autodestruição e da ideologia suicidária em que vivemos tem a ver com a “morte de deus”, e a transformação da igreja num museu, numa atividade cultural, uma ONG cultural. Mesmo que o cristianismo seja apenas uma ideia, nada há de mais belo que as ideias, algumas, e o cristianismo é uma bela ideia.

Sobre o vírus que começou na China, mas que, de acordo com as afirmações de governantes da China e de embaixadores da China em países ocidentais, não é chinês!!...

Todos nos tornamos especialistas em vírus nos últimos anos. Somos todos tudólogos, especialistas em generalidades, política, vírus, tsunamis, bola, doenças, cada um de nós é um doutorado em tudo. Típico do relativismo do presente e do subjetivismo.

Sobre a covid, há a pandemia, o pandemônio e a pantomima. O vírus existe, pode ter sido isolado em laboratório para ser estudado e alguma das suas variantes saiu, mas isso poderia acontecer na China, na Europa, nos EUA etc.

Duvido que tenha sido isso que aconteceu. (E duvido que) outros países, se sucedesse o mesmo, assumissem o problema. Mas que é um gravíssimo e sério problema é. A China vai ultrapassar os EUA.

Essa “ultrapassagem” é um bem para a humanidade?

Não sei se a ultrapassagem é um bem. Os ocidentais vivem virados para o seu umbigo. Mas na verdade 60% da população mundial e Chinesa e Indiana, se juntarmos o resto da população da Ásia e de África, o Ocidente e os países de influência Ocidental estão em minoria. O Ocidente vive um tempo terminal e uma ideologia suicidária, odiamos o que fomos, a nossa cultura, a nossa civilização, o que somos. O Ocidente descobriu-se colonialista, machista, homofóbico, opressivo, sexista etc., o passado é considerado mau, nada presta, rejeitamos os nossos valores fundamentais. O mundo Ocidental é um supermercado, na economia, e um manicómio nos valores. A China ao menos tem e preza uma cultura milenar, tem valores e cultura. Penso que desconhecemos totalmente a China e somos vítimas da grande campanha anti-China. Claro que esta tem o projeto de poder, são 40% da população mundial.

Você prevê outros brexits?

Esta Europa irá desmoronar-se, é pena que não seja de modo deliberado, um balanço e uma transformação total do projeto europeu que devia ser civilizacional...Sim, a França por exemplo, tem problemas muito sérios com a imigração, os países de leste que pertencem à União Europeia do Leste que ainda têm cultura e identidade...Claro que tudo o que envolve dinheiro, muito dinheiro é de mais difícil dissolução, mas tudo isto é já só sobre economia.

Curte futebol?

Muito, o meu maior arrependimento, não tenho muito, foi não me ter empenhado no futebol, sempre fiz desporto, futebol, natação, kickboxing. Mas o que levei a sério, mesmo em competição foi no futebol, era um esquerdino com muito talento, mas pouco agressivo e trabalhador. Ainda joguei muitos anos futebol federado. Amo o futebol.

Sou sportinguista, o que é uma desgraça, e o futebol português é muito corrupto. Durante décadas os campões pareciam estar já decididos e desiludi-me da bola como espectador e até adepto de claque, de ir em romaria ao campo do adversário.


Se no Brasil estivésseis, Vascaíno seríeis, por supuesto


Curiosamente, o clube da minha terra, Sines, terra do navegador Vasco da Gama, tem o nome de Vasco da Gama de Sines.

Quando começou a escrever?

Sempre gostei de ler e de escrever. Todos os portugueses são poetas, maus, mas são. Escrevia uns poemas e uns contos que eram o resultado de ler autores e que gostava, e saíam autênticas cópias, só depois da universidade comecei a escrever ensaio e textos filosóficos.
Quantos livros já escreveu?

Uns sete ou oito.

E a imprensa lusa, continua a encandear a população com a sua irradiante imparcialidade? 😁

Isso é bom humor, infelizmente a imprensa para sobreviver precisa de se submeter quer ao mundo da finança privada, quer ao estado. Há pouca imprensa e jornalismo livre, escrevo crônicas num jornal livre “Sol”, mas a maior parte da imprensa funciona como agências de informação estatal, são meros press release.

Karl Krauss alertou para o fim da imprensa e tinha razão. O que há são meios de propaganda. O grande jornalismo morreu.

Conhece a ponerologia?

Sei o que significa o vocábulo grego, mas não conhecia o sentido, fiquei curioso. Cada vez concordo mais que as ideologias políticas não são verdadeiras convicções sobre como organizar as sociedades, mas reflexo do funcionamento de determinados tipos de mentes.

Sobre a ponerologia, trecho do prefácio de Olavo de Carvalho:

“O estudo prosseguiu em segredo, durante décadas, sem poder jamais ser publicado. Aos poucos os membros da equipe foram envelhecendo e morrendo (nem sempre de causas naturais), até que o último deles, o psiquiatra polonês Andrej (Andrew) Lobaczewski (1921-2007), reuniu as notas de seus colegas e compôs o livro que veio a sair pela primeira vez no Canadá, em 2006, e que agora a Vide Editorial, de Campinas, está a publicar em tradução brasileira de Adelice Godoy: “Ponerologia: Psicopatas no Poder.

“Poneros”, em grego, significa “o mal”. O mal, porque o traço dominante no caráter dos novos dirigentes, que davam o modelo de conduta para o resto da sociedade, era inequivocamente a psicopatia. O psicopata não é um psicótico, um doente mental. Só lhe falta uma coisa: os sentimentos morais, especialmente a compaixão e a culpa. Não que ele desconheça esses sentimentos. Conhece-os perfeitamente, mas os vivencia de maneira puramente intelectual, como informações a ser usadas, sem participação pessoal e íntima.

Quanto maior a sua frieza moral, maior a sua habilidade de manipular as emoções dos outros, usando-as para os seus próprios fins, que, nessas condições, só podem ser malignos e criminosos. Justamente porque não sentem compaixão nem culpa, os psicopatas sabem despertá-las nos outros como quem toca um piano e produz o acorde que lhe convém.

Não é preciso nenhum estudo especial para saber que, invariavelmente, o discurso comunista, pró-comunista ou esquerdista é cem por cento baseado na exploração da compaixão e da culpa. Isso é da experiência comum.

Mas o que o dr. Lobaczewski e seus colaboradores descobriram foi muito além desse ponto.

Eles descobriram, em primeiro lugar, que só uma classe de psicopatas tem a agressividade mental suficiente para se impor a toda uma sociedade por esses meios.

Segundo: descobriram que, quando os psicopatas dominam, a insensitividade moral se espalha por toda a sociedade, roendo o tecido das relações humanas e fazendo da vida um inferno. Terceiro: descobriram que isso acontece não porque a psicopatia seja contagiosa, mas porque aquelas mentes menos ativas que, meio às tontas, vão se adaptando às novas regras e valores, se tornam presas de uma sintomatologia claramente histérica, ou histeriforme.

O histérico não diz o que sente, mas passa a sentir aquilo que disse – e, na medida em que aquilo que disse é a cópia de fórmulas prontas espalhadas na atmosfera como gases onipresentes, qualquer empenho de chamá-lo de volta às suas percepções reais abala de tal modo a sua segurança psicológica emprestada, que acaba sendo recebido como uma ameaça, uma agressão, um insulto.

É assim que um grupo relativamente pequeno de líderes psicopáticos destrói a alma de uma Nação.”

Obrigado, Jim, participei por cá numa conferência sobre Olavo, tenho por aí o texto.

A tese é muito interessante, mas temos que ter cuidado com as generalizações...

Portugal tem jeito?

Não. Enquanto não levarmos a cabo mudanças estruturais, mudanças profundas que demoram gerações, não passamos da cepa torta, oscilando entre a euforia e a depressão, cada vez mais pobres, cada mais endividados, onde tudo é apenas mão estendida para os dinheiros da União Europeia.

O realizador de cinema João César Monteira dizia "Portugal é um buraco onde se cai, um cu de onde não se sai"

Conhecia o Cão?

Não, mas já li algumas entrevistas e estou a gostar. Há algo de estranho entre países que deviam ser próximos, é que na verdade estamos um pouco de costas voltadas uns para os outros, e tudo o que seja um diálogo ou intercâmbio genuíno é fabuloso.

Uma pergunta que não foi feita?

Qual a tua orientação política?

A derradeira mensagem:

Vivemos um tempo difícil, muito reativo, com muita manipulação, em que tudo tem a duração de meia dúzia de horas ou dias, numa profusão de notícias e estímulos, onde já não conseguimos distinguir o essencial do acessório.

Mas podemos e devemos fazer algo, perante o que quer que seja, não ceder a uma visão maniqueísta do mundo, os bons e maus, mas ousemos um pensamento complexo, indagador, crítico, curioso, e que consigamos também colocarmo-nos no lugar do outro.

Obrigado, João! 😉

Conversas anteriores: 

6 comentários:

  1. Ola, gostei muito da sua colocação referente a eterna necessidade de Portugal ' sempre viver na aba de alguém'. Eu estava em Portugal em 1990/91, quando a UE correu pra investir em Portugal ,para que não ficasse fora do mercado. Quanto ao "Brasil está cindido de modo suicidário", acredito que, ou vc seja contra a forma do nosso Presidente governar o que não entendi pq vc não conhece nem vive no BR, ou vc tem informações distorcidas qto a politica dele na realidade. Mas ta valendo, sempre!

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  2. Viva, Tina, não costumo comentar comentários, pois cada um tem direito à sua opinião. Dizer-lhe apenas que quando afirma que o Brasil está cindido de modo suicidário, refiro-me principalmente, e como mágoa ao modo como o Brasil se dividiu de um modo inconciliável, de um lado defensores de Lula, do outro opositores, entre eles muitos que votaram Bolsonaro, e não aparece haver quase diálogo possivel. È isso que referia, a mera constatação :) . Pois o Brasil é só um, e todos os brasileiros pertecem ao Brasil, e vejo uma divisão enorme. Outra coisa seria discutirmos as razões, etc.

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  3. Adoro filosofia, ela extingue a necessidade de iseologias para viver.
    Minha definição de democracia é a isonomia dos seres humanos.
    Quanto a deus eu defino como a própria natureza que o homem crédulo em um ser supremo, destrói.
    A Terra é uma nave no espaço, enquanto os humanos se multiplicam, as belezas naturais e a biodiversidade são destruídas. O teorema das massas de Lavoisier é para mim a máxima da natureza.
    Não podemos transforma tudo em humanos.
    Quanto ao agnosticismo para mim é como definir uma mulher estar meio grávida.
    Sou partidário do dualismo no universo sem haver meios ou metades.
    Ou se está ou não se está.
    Ou se é, ou não se é.
    Também sou apaixonado por Nietzsche e Feuerbach.
    Quanto à política sou favorável ao dualismo de Duverger, se não houvesse corrupção não teríamos diversos partidos políticos.
    O brasileiro está cansado de sustentar uma máquina pública de dimensões estapafúrdias.
    As razões, até a própria razão desconhece quando se fla em valores monetários.
    Quando morei em Lisboa, um prego caprichado custva menos de 1 dólar, e hoje beiram 7 euros.
    Quanso o corruto de 9 dedos assumiu o Brasil 1 dólar comprava 2 qulos de costela, hoje um bom assado de tira custa 14 dólares.
    O brasil é um grande patriarcado com uma horda de cordeiros cercada de leões envelhecidos que passam seus territórios de pais para filhos.
    É muito bom dialogar com pessoas mais inteligentes, enche meu camiãozinho areia.
    Meu livro predileto é DEUS ESTÁ MORTO, não consigo enxergar entre bispos e pastores seres iluminados para nos protegerem.
    Finalizando ainda digo e repito que o socialismo é uma criação da igreja católica.
    FUI e grato pela aula de conhecimento.

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  4. Se entendermos “cisão” como “crispação” e/ou “divisão”, então, vou deixar a minha contribuição para a conversa.
    Sempre que a Direita é empossada, no dia seguinte começa a narrativa da cisão.
    Lembro que aquando da eleição de Donald Trump, a revista TIME estampou na capa “Trump, presidente de uma nação dividida”.
    TIME panfletária
    Ué?! Depois de qualquer eleição presidencial em qualquer nação esta fica dividida/cindida entre os votos do perdedor e os votos do vencedor, que teve mais do que aquele. A não ser que este vença com cem por cento dos votos.
    Depois, durante o governo de Trump, foi o que se viu e leu, na TIME e em outros títulos.

    Em Portugal, nos últimos meses do governo do ex-primeiro-ministro, José Sócrates, assistia aos telejornais portugueses, e até achava interessante a duração dos mesmos.
    Até que o ex-primeiro-ministro de Portugal, acompanhado do ministro das Finanças, anunciou ao país a bancarrota. Sim, Portugal não tinha dinheiro nem para pagar o funcionalismo. Pediu um empréstimo urgente. A Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu acudiram, e, evidentemente, impuseram condições. O memorando foi assinado pelo socialista governo de Portugal.
    Bom, aí Pedro Passos Coelho é eleito PM. Cheguei a escrever por aí: “Acabou a eleição, vamos em frente!”. Mas, no dia seguinte já começou:
    Cresce a miséria em Portugal, Maria perdeu o xale, José não vê o tio há sete anos, aumenta o número de animais abandonados…
    Lembro até de uma emissora de TV ir ao aeroporto do Porto filmar a ida de um jovem enfermeiro para a Inglaterra, como tal se tratasse de uma desgraça para ele e para a família.
    … os comboios da Linha do Estoril estão velhos, os comboios da Linha de Sintra estão feios, Coimbra tem menos estudantes do que em 1830, Passos Coelho é incompetente, Passos Coelho é racista, Passos Coelho tem pouco cabelo…
    …Nunca fez tanto calor em Portugal, nunca fez tanto frio em Portugal, Bombeiros da Parede om menos uma viatura…
    Tudo por culpa única de Pedro Passos Coelho e da Austeridade.
    Os comentaristas “especialistas” (noventa e nove por cento deles de esquerda ou da extrema-esquerda) ‘comentavam’ a miséria de Portugal.
    Um desses caras, um tal de Pedro Adão e Silva, com o seu permanente cínico sorrisinho, despertou a minha repulsa, por ele, por essa gente e pela ‘imprensa’ que os acolhe e abriga. Nunca mais assisti TV, nem nunca mais comprei um jornal português.

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    Respostas
    1. Me perdi? Não, volto à “cisão”.
      Sindicalista se jogava em cima do capô do carro do ministro da Economia, turminhas de babacões “democratas” interrompiam discursos e intervenções públicas dos governantes, o puxadinho do PCP, a CGTP, proprietária dos sindicatos dos funcionários públicos, espocava uma greve aqui, outra acolá, dia sim, dia sim. E promovia greves gerais mês sim, mês sim, contra a política da austeridade, contra Pedro Passos Coelho, contra Angela Merkel…
      Tenho tantas más lembranças desse tempo. Na verdade, más não, muito boas, pois me abriram os olhos para a realidade. A realidade construída, desde o século passado, por Derrida, Foucault, Deleuze, Sartre…
      Sim, Antonio Gramsci existiu, foi um gênio e… quase ia conseguindo…
      … Um canal de televisão, provavelmente em busca de uma desgraça, conseguiu noticiar no horário nobre uma possante manifestação de trabalhadores em frente a uma fábrica em Famalicão. Eu contei, eram quatorze pessoas!
      E os militantes (alguns, quadros) de esquerda e extrema-esquerda fantasiados de comentadores lá iam repetindo o mantra da miséria e lamentando a “crispação” no país, como se esta fosse de responsabilidade de Passos Coelho! E não da canalhada, aqui com os piores significados do vocábulo.
      É a mesma coisa que acontece no Brasil, exatamente a mesma coisa, só muda o sotaque: a canalhada perdedora não quer deixar o vencedor governar.
      Como vejo Portugal (3)
      A conspiração do Governo (de Passos Coelho) para aumentar a pobreza
      Enfim, fica aqui a minha atabalhoada explicação sobre a “cisão” atual no Brasil.
      Abraços e beijos de carinho./-
      JP

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  5. DESCUPAS POR ALGUNS ERROS MEU TECLASO SIFO...

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