Telmo Azevedo Fernandes
Há 32 anos viveram-se dias de glória!
Os regimes comunistas e socialistas chegaram a 1989 putrefatos e o início da queda do muro de Berlim a 9 de novembro desse ano foi um momento histórico absolutamente inesquecível.
O muro foi construído nos anos
60 para tentar impedir e conter a fuga de cidadãos das sociedades de
planeamento central para os países capitalistas. Mais de quatro milhões de
pessoas escaparam à tirania.
No fundo estas pessoas
concretas pouco ou nada se importavam com a retórica ideológica do socialismo
versus capitalismo. Apenas reagiram a factos e procuraram reconquistar aquilo
que de mais humano existe: serem senhores das suas próprias vidas e
responsáveis pelas suas próprias escolhas. Não quiseram ficar dependentes nem
subjugados a ordens do Estado sobre o que podiam fazer, ver, ouvir, ler, comer,
vestir, comprar, que amizades poderiam cultivar, para onde poderiam viajar.
Enfim, rejeitaram uma vida estúpida e sem sentido.
Mas se após longas e
traumáticas décadas de opressão a queda do comunismo trouxe finalmente ao
antigo bloco oriental a possibilidade de desfrutar do nascimento da liberdade e
da democracia, na Europa Ocidental, apesar de vivermos hoje muito melhor em
inúmeros aspectos da nossa vida, a verdade é que as nossas liberdades têm vindo
a ser paulatinamente cerceadas e estamos – três décadas depois – quase que
entregues a outros coletivismos e dirigismos, dominados por uma nova Esquerda
progressista que controla as universidades, os media e todos os principais
partidos políticos.
Hoje, no Ocidente, a liberdade
de expressão é mais limitada e a dissidência política mais mal tolerada. Há
repressão contra opiniões desalinhadas, controlo de linguagem e imposição de
vocabulário politicamente correto. A democracia deu lugar ao ativismo e à
política de causas.
A pretexto da covid19 e tolhidos pelo medo conferimos aos políticos a possibilidade de limitar fortemente a nossa liberdade de circulação, outorgamos confinamentos de pessoas saudáveis, deixamos que nos proibissem de trabalhar, toleramos que fechassem escolas, permitimos que nos impedissem de ver familiares, anuímos a que nos obrigassem a ser vacinados, autorizamos a segregação de pessoas, consentimos passaportes sanitários, admitimos todos os atropelos à legalidade e ao estado de direito.
Com a histeria apocalíptica a
pretexto das alterações climáticas, santificamos uma adolescente desequilibrada
alvo de abusos e aproveitamentos políticos, demos espaço a que a flatulência
das vacas alterasse os menus das cantinas escolares, estamos disponíveis para
sacrificar a vida de milhões de seres humanos para sinalizar a suposta virtude
ambiental de uma classe urbana abastada que vive em círculo fechado.
Também a ideia original de
integração amigável da Europa baseada na cooperação voluntária e na eliminação
de barreiras entre os países foi hoje de tal modo substituída pela unificação,
centralização e erosão democrática que a nomenclatura da União Europeia não se
coíbe de tentar punir e humilhar o Reino Unido pelo Brexit, nesta tentativa dos
britânicos em recuperar alguma da sua soberania perdida.
Assim como a União Europeia
faz ameaças infames e aplica multas ultrajantes à Polónia pelo facto de o
regular funcionamento das instituições democráticas e judiciais daquele país
ter interpretações menos convenientes ao poder central de Bruxelas. A Polónia,
veja-se lá, povo martirizado pelos desmandos comunistas e que nos deu lições
heroicas de resistência através do Solidariedade de Lech Walesa ou de impulso à
liberdade pelo Papa João Paulo II…
Hoje, no Ocidente, caminhamos
para uma vida de servidão. Vale a pena por isso recordar algumas imagens de
quem sofreu as consequências dos poderes alargados da máquina do Estado, mas
que em novembro de 1989 decidiu voltar a ser livre. A partir do minuto 4:50
deste vídeo:
Título, Texto e Vídeo: Telmo
Azevedo Fernandes, Blasfémias,
10-11-2021
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