quinta-feira, 24 de novembro de 2022

[Daqui e Dali] A propósito de um comentário no "Luso-Brasileiro"

Humberto Pinho da Silva

Ao ler o comentário de leitora do "Luso-brasileiro" referente ao perigo de expressar opinião em público, recordei-me de história, que li, contada por nosso clássico, cujo nome se varreu.

Vou tentar contá-la, por palavras minhas, ainda que reconheça que o texto perderá muito da beleza e graciosidade do original, para não falar da vernaculidade.

Penso que é do nosso Padre Manuel Bernardes ou de D. Manuel de Melo, mas infelizmente confiei na memória e não no bloquinho de apontamentos – a minha memória de papel.

No tempo de El-Rei de Espanha, cujo nome não sei, nem interessa, foi necessário transladar o Tesouro Real, para outra cidade.

Como naquela época era perigoso viajar, carregou-se o Tesouro em possantes éguas, acompanhadas de bem armados janízaros.

Inesperadamente, salteou-lhes pelo caminho perigosos salteadores, desejosos de assenhorearem-se de tamanha riqueza.

Os guardas, enquanto desbaratavam a aguerrida quadrilha, gritaram a bom gritar para as quadrúpedes:

- Fujam!... Corram!... Que querem roubar o Tesouro do Rei!...

Mas estas continuaram a passos entorpecidos, conversando umas com as outras:

- E a nós que importa! Seja o Tesouro do Rei ou dos larápios, andamos sempre de albarda...

A pericópia mostra-nos que em Monarquia ou República, em Ditadura ou Democracia, o povo andou, anda e andará, sempre de canga.

O mais triste é que muitos, levados por astuciosos demagogos, pensam erradamente que a revolução ou mudança de regime é varinha mágica de fada benfazeja, que transforma a sociedade.

Em "Olhai os Lírios do Campo", pela boca do Dr. Eugénio, Erico Veríssimo diz "Não é com revoluções que se consegue esses milagres. Uma revolução pode mudar um sistema de governo, mas não conseguirá melhorar a natureza do homem."

Termino com a sábia definição do célebre Millôr Fernandes:

"Democracia é quando eu mando em você; ditadura é quando você manda em mim."

Em poucas palavras explicou o que é a liberdade.

Devo acrescentar, em abono da verdade, que ainda há políticos honestos, que abandonam o poder de mãos limpas, tão pobres como entraram. Mas são tão raros!... Pelo menos penso que sim. Queira Deus que esteja enganado.

Título e Texto: Humberto Pinho da Silva

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4 comentários:

  1. Toda a revolução é uma farsa. Quem realmente fez a revolução francesa foi napoleão, os outros eram nefastos à França. O Brasil PRECISA DE UMA REVOLUÇÃO. Obrigar juízes do supremo a respeitar a constituição é primazia do congresso, se este é corrupto faça-se revolução. O único caminho é a primavera brasileira.

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    1. Hoje tô meio desanimado! Na verdade, muito!
      As primaveras árabes, até onde sei, não contavam com o Poder Judiciário CONTRA... 😢

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  2. A população deveria fazer a "Revolução das cintas". Cada brasileiro passar a mão em uma e meter com força, com vontade, nas fuças desses deuses de mentirinha, deuses porcos que chafurdam nos puteiros do Epicentro. Caras lanhadas, certamente essas desgraças pensariam duas ou três vezes antes de saírem por ai como bundas, ou seja, com seus rabos espalhando merdas.
    Aparecido Raimundo de Souza
    da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro

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  3. Acho que estamos na revolução das sintas no rabo, não sai nem merdas.

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