Vamos repetir que elegemos um condenado e
preso por corrupção para presidente do Brasil e que a honestidade deixou de ser
uma condição essencial para 60 milhões de cidadãos
Ana Paula Henkel
A eleição de Jair Bolsonaro em
2018 mexeu nas entranhas do establishment e desordenou toda
uma sequência de um teatro que enganou o brasileiro durante décadas. O deep
state se reorganizou para expurgar aquele que, considerado do baixo
clero no Congresso, não apenas apontou o caminho de um projeto de nação — com
alguns erros e muitos acertos —, mas aterrorizou os monstros do cerrado com a
ameaça de um movimento que, ainda um pouco desordenado, desnudou a falsa
rivalidade entre PT e PSDB.
Geraldo Alckmin está de volta
à cena do crime abraçado ao ex-presidiário Lula. O retrato do cenário político
brasileiro começa a ser desenhado com o que parecia ser possível apenas em um
pesadelo. Os fantasmas de quem testemunhou o aparelhamento do Estado por
militantes cleptomaníacos, feitiçarias econômicas, a pilhagem bilionária dos
cofres públicos, verdadeiras fortunas “emprestadas” a ditaduras companheiras, a
total incapacidade de viabilizar no país um ambiente favorável ao investimento
e à geração de empregos está de volta… O Dia das Bruxas no Brasil que pode
durar quatro anos.
Enquanto a bolha de falsos conservadores e liberais, jornalistas militantes e celebridades hedonistas se preocupavam com o pagamento de pedágio ideológico e a proteção de seus próprios vícios e perversões, manobras ativistas e inconstitucionais foram tomadas pelo STF e TSE para que um governo extremamente técnico fosse expurgado de Brasília. A imprensa de necrotério, completamente impregnada com seus agentes políticos torpes, foi mais um tentáculo na volta à cena do crime. O braço usado como assessoria de imprensa de um projeto de poder agora vai, finalmente, sair do “despiora”. Diante do evidente caminho tortuoso que será (re)pavimentado pelo partido mais corrupto da nossa história, e dessa vez com requintes de vingança pessoal, não demorará muito para o brasileiro ler nas manchetes que nosso futuro está “desmelhorando”.
Não houve antiácido suficiente para assistir às cenas das entrevistas de Lula nos últimos dias. Fica a pergunta se os mais jovens que fizeram o “L” durante a campanha política mais suja que este país já viu, e assim marcaram pontos extras nas redes sociais com os colegas das carcomidas universidades brasileiras, sabiam quem estava nas fotos com Lula: o cara do dinheiro na cueca, o cara dos R$ 52 milhões no apartamento, aquele que foi ministro do Esporte e acusado de corrupção na pasta, o que saqueou a Petrobras… Ê, Seu Geraldo, mais de uma década governando o Estado mais rico da República e a semana foi marcada como o ponto alto de sua vida pública — o baixo nível, o mais baixo possível, a que o senhor se submeteu. A volta à cena do crime com toda a gangue petista que o senhor tanto demonizou durante anos. Hoje sabemos que tudo não passou de um teatrinho.
A volta à cena do crime. Sim,
vamos repetir isso durante quatro anos, Geraldo. Na verdade, a partir desta
semana, não apenas pressionaremos o Congresso a realizar nossas demandas, assim
como pressionaremos o Senado para que um processo de impeachment de
Alexandre de Moraes obtenha robustez e vá para o plenário. O Brasil já superou
os nefastos caminhos petistas uma vez — por muito pouco, fato! —, e até podemos
fazer de novo. Mas o país não sobreviverá à tirania do Judiciário e a vilões
como Moraes e Barroso, que, claramente, interferiram nas eleições.
Mas não vamos ficar apenas
nisso, não. Vamos repetir sem parar e sem medo de sermos tachados de chatos que
o Brasil testemunhou em 2022 uma subversão da realidade e uma relativização de
premissas verdadeiras, já que Alexandre de Moraes não queria “conclusões
erradas”. Vamos falar durante quatro anos da censura imposta à imprensa.
Vamos repetir que elegemos um
condenado e preso por corrupção para presidente do Brasil e que a honestidade
deixou de ser uma condição essencial para 60 milhões de cidadãos. Vamos repetir
que a nossa Suprema Corte cometeu a vergonha suprema de rasgar a Constituição e
coroar a impunidade. Vamos repetir, como um disco arranhado, que, por causa da
“desordem informacional”, o mundo vai testemunhar a desordem moral e
institucional — e que o crime no Brasil compensa.
Vamos repetir que entre
trancos e barrancos, na UTI sobrevivendo por aparelhos, o Brasil deu um suspiro
de vida e esperança com a Lava Jato. Que o país viu os roteiros de Hollywood
saltarem das telas para a nossa realidade com políticos e cidadãos poderosos e
influentes sendo encarcerados e verdadeiras fortunas desviadas dos cofres
públicos devolvidas. Ah… o tal império da lei… estávamos quase lá… mas que o
Supremo Tribunal Federal soltou um corrupto condenado em três instâncias, com
“provas de sobra”.
O
país elegeu um ex-condenado, preso por corrupção, que nunca foi inocentado e
deu a ele um cheque em branco
Já avisamos ao Geraldo que
vamos repetir sem dó nem piedade que ele ESCOLHEU voltar à cena do crime com
Lula. Mas vamos repetir também que Simone Tebet, que bradou em inúmeras
entrevistas que o PT era o partido do Mensalão e do Petrolão, agora mostra sua
face mais oportunista pela esmola de um ministério, uma pastinha qualquer:
mesmo ouvindo de sua companheira de chapa presidencial, Mara Gabrilli, que Lula
seria o mandante do assassinato de Celso Daniel, Tebet foi parar no escurinho
do cinema com Lula. De mãos dadas com o PT, a senadora que diz proteger as
mulheres, mas que não protegeu as médicas Nise Yamaguchi e Mayra Pinheiro na
CPI da Covid diante dos covardes ataques de figuras como Renan Calheiros e Omar
Aziz, agora senta no sofá com quem estuprou o Brasil.
Vamos ser um disco arranhado
também — e vamos voltar a fita e apertar o play durante quatro
anos — das imagens de Gilmar Mendes chorando emocionado prestando homenagens ao
advogado do corrupto de estimação do STF. E que tal “Eleição não se ganha, se
toma”, de Barroso? Não, não esqueceremos por mais que eles queiram apagar ou
reescrever o passado, no melhor estilo Renata Vasconcellos “fique em casa, SE
PUDER”.
O sistema judiciário do Brasil
foi desmontado para que Lula pudesse concorrer à Presidência, e seremos um
disco arranhado para mostrar isso todo santo dia. A cruzada contra Jair
Bolsonaro destruiu por completo a separação, a autonomia e a independência
entre os Poderes. O Judiciário legislou, abusou, brincou, riu, debochou e
governou o país livremente sem qualquer questionamento ou anuência do Parlamento
que beijou o anel do monarca Moraes. Um parlamentar foi preso de ofício, sem
processo, sem defesa, sem leis. Sim, repetiremos isso durante os próximos
quatro anos.
Antes que tentem reescrever a
história, vamos repetir todo o passado e o manual de operações do PT, como o
envio de dinheiro ilegal para paraísos fiscais, a CPI do Banestado, que mostrou
os primeiros sinais de corrupção generalizada no governo Lula. Vamos repetir
sobre o desvio de dinheiro dos transportes envolvendo o ministro petista
Anderson Adauto quando, em junho de 2003, veio à tona o esquema de corrupção no
DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte), com desvio de R$
32,3 milhões de recursos destinados à construção de estradas.
Vamos falar sem parar também
do pedido de propina de Waldomiro Diniz, primeiro grande escândalo de corrupção
no governo Lula, quando, em 2004, o então assessor da Casa Civil da Presidência
da República foi filmado por Carlinhos Cachoeira cobrando propina para
campanhas eleitorais do PT. Correios? Sim, vamos ser um disco arranhando e
refrescar a memória dos mais jovens que não sabem que, em 2005, um esquema que
rifava o comando das estatais brasileiras ao interesse de políticos e partidos
da base do governo Lula no Congresso foi desmascarado. Mais uma vítima de
saques durante anos, os Correios também amargaram terríveis prejuízos.
Claro que em nossa coleção de
discos arranhados não vão faltar as malas de dinheiro do escândalo do Mensalão.
Ei, você aí com 18 anos e que fez o “L”! Chega aqui. Antes que Alexandre de
Moraes mande mudar o verdadeiro roteiro do que foram, de fato, as páginas do
Mensalão, vamos registrar: o esquema consistia na compra de parlamentares com
dinheiro desviado de estatais e órgãos públicos para que o governo Lula
aprovasse projetos que viabilizaram mais desvios de recursos para bolsos e
caixas de campanha, favorecendo a perpetuação do PT no poder. O escândalo
resultou na prisão de grandes figuras do PT, como José Dirceu, então chefe da
Casa Civil de Lula, que foi condenado por ser apontado como chefe do esquema
criminoso.
Geraldo, corre aqui que você
vai gostar desse disco: lembra dos dossiês forjados dos “Aloprados” do PT? Ô,
Alckmin, não lembra? Daqueles petistas foram presos em 2006 pela Polícia
Federal tentando negociar dossiês forjados contra o senhor e José Serra? Não
lembra que os dossiês ligavam os tucanos à Máfia dos Sanguessugas, que desviou
dinheiro da Saúde durante os governos de FHC? Geraldo, eu sei que o senhor
agora é vice do Lula, mas temos de repetir para os esquecidos que fizeram um
“L” que a fábrica de dossiês falsos do PT era famosa em Brasília e pode até ser
reconhecida como a “mãe” das fake news no Brasil.
Vamos repetir também que Antônio Palocci, homem forte de Lula, estampou inúmeras manchetes com escândalos de corrupção por ter chefiado um esquema de corrupção na época em que era prefeito de Ribeirão Preto. Palocci teria cobrado “mesadas” de até R$ 50 mil mensais de empresas que prestavam serviços à prefeitura. O dinheiro seria destinado aos cofres do PT para financiar campanhas eleitorais e fraudar a democracia.
Lista de propinas da
Odebrecht? Temos. Segundo um dos operadores da lista, os apelidos eram
utilizados para que os funcionários da empresa não soubessem quem eram os
beneficiários finais das propinas pagas. Viagra, Barbie, Vampiro, Maçaranduba,
Amante e Kibe são alguns dos apelidos encontrados nas planilhas da Odebrecht.
As pessoas por trás desses apelidos? Algumas estavam com Lula e Alckmin ontem
na TV. Acabou seu antiácido? Compre mais, serão intensos quatro anos. Mas
seguiremos com a nossa vitrolinha.
Será que o STF vai deixar a
gente relembrar da prisão do senador petista Delcídio do Amaral e a revelação
dos planos contra a Lava Jato, quando o político foi preso em flagrante ao
tentar comprar o silêncio do delator Nestor Cerveró? Ou as pedaladas fiscais e
os crimes de responsabilidade que derrubaram Dilma?
Eu não vou cansar a beleza
daqueles que, como eu, têm idade suficiente para lembrar de tantos esquemas de
Lula, o novo velho presidente do Brasil. Mas se você tem algum sobrinho ou
enteada que acreditou que fazer o “L” era “cool”, peça aos
pupilos para fazerem uma pesquisa rápida sobre os anos em que a sociedade
brasileira assistiu a um festival de escândalos na gestão do Brasil pelo PT.
Além dos casos acima, jamais vamos esquecer sobre o escândalo dos bingos; o
escândalo dos Fundos de Pensão dos Correios (Postalis), que trouxe um rombo de
R$ 5 bilhões para nossos cofres; o escândalo dos Fundos de Pensão da Petrobras,
com rombo de R$ 20 bilhões; o escândalo dos Fundos de Pensão do Banco do
Brasil, com rombo de R$ 13 bilhões; o escândalo dos Fundos da CEF (Funcef ),
com rombo de R$ 12,5 bilhões; a Operação Porto; o caso Erenice Guerra do PT,
ministra de Minas e Energia de Dilma; o Caso Fernando Pimentel, do PT de Minas
Gerais, que foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; e o
caso de tráfico de influências; os escândalos envolvendo o Ministério dos Transportes
da presidente Dilma Rousseff; e os casos de irregularidades no ministério que
envolviam desde pagamentos de propina ao partido da base do governo petista e
controlador da pasta; o escândalo do Ministério do Trabalho, em 2011, pasta
acusada de cobrar propina de organizações não governamentais que eram obrigadas
a pagar “pedágio” para receber recursos.
Ah! E, claro, não poderia
faltar o caso do Ministério dos Esportes. Outro ministério da era petista que
se envolveu em escândalos. O comunista Orlando Silva foi acusado de estar
envolvido em um emaranhado esquema de desvio de dinheiro em programas da pasta,
visando a beneficiar seu partido, o PCdoB.
Mas claro que nenhum dos
esquemas de corrupção anteriores da era petista se comparou ao Petrolão. As
investigações e as delações premiadas mostraram que estavam envolvidos em
grandes e complexos esquemas de corrupção membros administrativos da Petrobras,
políticos dos maiores partidos do Brasil, incluindo presidentes da Câmara e do
Senado, governadores de Estados, empresários de grandes empresas brasileiras e,
claro, um presidente do Brasil. Esse mesmo que acabou de ser eleito com as
bênçãos e todas — todas! — as proteções da Suprema Corte no Brasil.
Vamos repetir também que até o
que o queridinho da esquerda no Brasil e no mundo, Barack Obama, disse sobre
Lula: “Escrúpulos de chefão do crime e corrupção bilionária”.
O país elegeu um ex-condenado,
preso por corrupção, que nunca foi inocentado e deu a ele um cheque em branco.
O que esse cheque compra no lado de cá? Uma vitrola e 58 milhões de discos
arranhados.
Título e Texto: Ana Paula
Henkel, Revista Oeste, nº 137, 4-11-2022
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