Eles são profissionais, isso é
inegável. E seus adversários, sem um Plano Real como eleitor, são bisonhamente
amadores. A quem estou me referindo? Respectivamente, ao PT e ao PSDB. Por que
isso? Vou lhes contar como eram as coisas.
Entre 1992 e 1996, fui
editor-adjunto de Política da Folha de S. Paulo e coordenador de Política da
Sucursal de Brasília — fim do governo Collor, governo Itamar e os dois
primeiros anos do primeiro mandato de FHC. Vou lhes contar como eram as coisas
no tempo em que o PT ainda era um partido pequeno — bem menor do que o PSDB é
hoje.
Bastava o pronunciamento
oficial de qualquer um desses presidentes (Collor já não contava porque não
mais se pronunciava, apenas estalava os olhos), e o telefone não demorava muito
a tocar. Era alguém da direção do PT avisando que o partido tinha em mãos dados
que demonstravam que o que o presidente acabara de falar era “menas” verdade.
Em breve, diziam, o partido emitiria uma nota etc. e tal. E, sim, lá vinha uma
nota com contestações políticas e técnicas.
Vira notícia quem se faz
notícia. Se um presidente da República faz um pronunciamento oficial e se o
principal partido de oposição contesta o que foi dito, a obrigação do
jornalismo é noticiar.
Muito bem! Dilma ocupou alguns
bons minutos na TV, em rede nacional, no 1º de Maio. Para não variar, não se tratou
de um “pronunciamento à nação”, mas do mais descarado palanquismo, a exemplo do
que já fizera com o anúncio da energia mais barata.
Não! Eu não esperava encontrar
alguma contestação já no dia seguinte porque tucanos não são aves notórias pela
agilidade no voo. Ao contrário até, né? É pássaro garboso, mas meio pesadão.
Quem sabe, então, nesta sexta… Mas quê… Nada! Nadica! Parece que ninguém teve a
ideia de pegar a íntegra, submeter aos “universitários” do partido com uma
ordem: “Desmontem isso aí…”. Ainda que Dilma só tivesse falado verdades
factuais, na disputa pelo poder, há as verdades políticas. “Uma verdade
política é uma verdade factualmente mentirosa, Reinaldo?” Claro que não! Uma
verdade política é aquela que ficou escondida sob o dado eventualmente virtuoso
que foi adrede selecionado.
Nada! Zero! Silêncio
sepulcral!
Em vez disso, o que entra no ar no dia seguinte, nesta quinta? O horário político do PT, com Dilma e Lula repetindo, agora em linguagem escancaradamente publicitária, os mesmos dados que a presidente desfilou em horário nobre no dia anterior, num feriado que caiu numa quarta-feira gorda — com um bom ibope, portanto.
Em vez disso, o que entra no ar no dia seguinte, nesta quinta? O horário político do PT, com Dilma e Lula repetindo, agora em linguagem escancaradamente publicitária, os mesmos dados que a presidente desfilou em horário nobre no dia anterior, num feriado que caiu numa quarta-feira gorda — com um bom ibope, portanto.
Eduardo Campos (PSB),
governador de Pernambuco, ao menos encontrou o seu “é possível fazer mais”.
Dispensa-se de ter de evidenciar essa ou aquela mistificações e ainda pode
apontar: “E isso ainda é muito pouco!”. O PSDB, até agora, é uma gaveta à
espera de um conteúdo!
Para não dizer que a coisa
passou em brancas nuvens, o senador Aécio Neves (MG), futuro presidente do partido
e provável candidato da legenda à Presidência, acabou caindo numa espécie de
armadilha e se disse contra a indexação dos salários. Tinha de ser contra,
claro! Mas, no Dia do Trabalho, ser levado a fazer esse discurso não chega a
ser um exercício nem de sorte nem de esperteza.
Então é isto: Dilma vai ao ar
na quarta, diz o que bem entende, e não se lê uma vírgula questionando seus
supostos sucessos. Na quinta, aí como propagandista explícita, repete o
discurso.
É difícil sair um coelho desse
mato. E tucano, será que sai? Com essa agilidade, acabará havendo uma fuga em
massa de tartarugas.
Título e Texto: Reinaldo Azevedo, 04-05-2013
Em Portugal é exatamente o contrário: antes mesmo do discurso ir ao ar, as televisões e jornais já andam a entrevistar os "contras"; ou, não interessa se a medida é boa para Portugal, interessa só desancar o primeiro-ministro.
Às vezes, sinto uma tremenda tristeza em testemunhar a pouquíssima clarividência em perceber que aquilo ali não é (legítima) oposição, é torcida contra, porque este governo, de direita, não pode ter êxito. O sucesso do governo, de Portugal por conseguinte, arrasa com as aspirações políticas, de uns, e com o modus operandi de outros...
Em Portugal é exatamente o contrário: antes mesmo do discurso ir ao ar, as televisões e jornais já andam a entrevistar os "contras"; ou, não interessa se a medida é boa para Portugal, interessa só desancar o primeiro-ministro.
Às vezes, sinto uma tremenda tristeza em testemunhar a pouquíssima clarividência em perceber que aquilo ali não é (legítima) oposição, é torcida contra, porque este governo, de direita, não pode ter êxito. O sucesso do governo, de Portugal por conseguinte, arrasa com as aspirações políticas, de uns, e com o modus operandi de outros...
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