terça-feira, 7 de julho de 2015

Crônica da Noite – A passividade impassível

Jonathas Filho

(Passivo: segundo o site sinonimos.com.br:  Que não demonstra iniciativa e ação, inerte, parado, indiferente, negligente, indolente, apático, desinteressado...)

(Impassível: segundo o mesmo site:  Informa dois sentidos para a palavra tais como:  inalterável, imperturbável, calmo, insensível, intrêmulo, inexcitável entre outros...)  

Ontem, domingo,  preparei para mim e para minha dona, um almoço trivial simples e se não fosse o toque especial do meu tempero, com certeza  passaria despercebido, mas mais uma vez acertei a mão e impressionei.

Na mesa conversávamos amenidades e em determinado ponto o garfo da minha musa  atingiu e fisgou um assunto que tem sido  comentado numa rede social, além das sinceras e consternadas impressões dos pontos de vista de várias pessoas sobre os sérios problemas que estão sendo enfrentadas pelo sofrido povo grego, no país que é considerado como o berço da civilização ocidental.

Nada contra o direito deles se manifestarem, afinal estão usando do direito de livre expressão, porém, metendo a minha colher, já que estávamos almoçando, senti que a sopa de amenidades deixou de ser trivial e por pouco não se tornou “pluvial”, pois quase que eu “entorno o caldo”, pois me insurgi contra a atitude dessas criaturas, usando da minha incontrolada verborragia, oriunda de uma torrente de irritação que verteu da minha consciência e da qual minha língua não se conteve e falou:

“Ora! Será que esses senhores que creio ser sem hora e também sem noção, não vêm, não ouvem e não sentem a nossa própria situação, entretanto participam ativamente dando as suas opiniões indignadas e, mesmo sem serem “arroz à la  grega”  entram nessa panela europeia onde se cozinham os sentimentos helênicos não culinários,  para lançarem olhares tristes na dispensa de víveres  das pobres mulheres de Atenas  quando deveriam estar revelando os horrores do “desabastecimento das nossas cozinhas ” 

Entendo que eles usaram do verbo sem parcimônia, fluindo dentro de um arcabouço de argumentos inquestionáveis;  só não entendo  porque preferiram se manifestar com relação aos problemas dos gregos, se temos tantos por aqui, nessa nossa aldeia.

A meu ver, e eu não sou míope, ao invés de dar atenção aos OXI ou aos NAI eles deveriam  dar atenção às sofridas interjeições do Ô tché”do sofrido gaúcho do sul ou do "Oxe" (diminutivo de óxente"), que  tem seu significado proveniente de "ó gente", nascido da influência do galego e do norte de Portugal no linguajar do maltratado povo do nosso nordeste. 

O mesmo cuidado deveria ser direcionado ao “Ó meu!” paulista, para o“Ó Deus!” de todas as regiões ou do simples mas desconfortável  Óh!  que expressa todas as nossas agruras, principalmente quando nossos olhos se deparam com os preços, nos custando os olhos da cara; olhos estes já sem a saúde tão necessária para as melhorias na sua acuidade, para melhor enxergarem e ver mais adiante que cada dia que passa é um dia a menos.

Precisamos de dias amenos... ao menos, os que nos sobram... ou será que eu estou falando grego?

Por que esses que tão bem se expressam se mantém de modo passivo e impassível, vendo o Cavalo de Tróia passar e  não estão nem aí (quer dizer aqui), com relação ao que aqui se passa,  se eles também sofrem das mesmas injunções e  das dores que nos afligem?

Mas, como devemos fazer, temos nos ater aos nossos problemas... e que são muitos.  

Como todos nós, eles sabem que estamos dentro de um enorme atoleiro, quase nos afogando na consequência dessa lama política, econômica e social que habilmente chamam de crise mas, na verdade o nome certo também começa com “C”e termina com “E” e tem  o mesmo número de letras mas, com significado muito mais prejudicial e ruinoso.

Todo esse “mingau” nojento  não foi por nós preparado e sim  por aqueles cuja incompetência anda sempre de mãos dadas com os mal feitos, num “plural” eufemístico dado à corrupção acompanhada de descaso, injustiça e desrespeito.

Como escrevi no ano passado, numa crônica que chamei de “Intestinos da Crise”, não somos mentores nem partícipes.   Somos vítimas!

Somos sim, vítimas de um sistema que desastradamente vem se comportando de modo ignóbil  há mais de uma década e desse sistema não sairemos se continuarmos pensando que a divindade maior intercederá por nós, nos desobrigando dessa provação e sofrimento.
                                                                                                                                       
Também escrevi que Deus deve ser norueguês ou sueco e creio que não preciso explicar o porquê.

E como escrevi naquela data, no texto daquela crônica, repiso na mesma tecla:

-  Não entramos nesse desastre causado ao Aerus por má sorte; entretanto não sairemos dele dependendo tão somente de  boa  sorte.

Não, decididamente não.

Conquistas se fazem com empenho, luta, cooperação e colaboração em prol de um ideal comum e a condição sine qua non  é a de nos unir e atender aos convites de participação com essa mesma  intenção.  

Junte-se a nós e pois juntos teremos voz!

E que o Universo conspire a nosso favor  e que a CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ao reconhecer nossos Direitos, interceda por nós, amém!

Quem viver, verá!
Título e Texto: Jonathas Filho, 6-7-2015

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