Alberto Gonçalves
Para o Bloco de Esquerda, que passa o tempo
a sugerir proibições, tudo o que abomina é “fascista”: eu, você, dois terços do
eleitorado, quatro quintos do Ocidente, nove décimos do mundo democrático...
O culto religioso dos ídolos.
A exaltação da “juventude”. O desejo de educar as massas. A veneração da
“pureza” e do “ideal”. A simplicidade totalitária. A obsessão pela “dinâmica” e
pelo “progresso”. O apego a visões míticas. A promoção de dogmas. O recurso à
censura. A recusa do capitalismo. A necessidade de bodes expiatórios. O apreço
seletivo pelos direitos humanos. A centralização da economia. O asco pela ordem
anterior. O fascínio por uma ordem nova. O uso das “franjas” para a conquista
do “sistema”. A distribuição de privilégios pelas “cúpulas”. A invenção de
inimigos em prol da coesão interna. O desprezo pelos regimes representativos. O
antissemitismo, perdão, sionismo. O antiamericanismo, perdão, americanismo. O
combate aos hereges. A estratégia de desmultiplicação por grupos postiços. O
ódio à liberdade, a de expressão e as demais. O controlo dos “media”. A
aplicação jovial da demagogia e da mentira. À semelhança de todas as
organizações comunistas, e salvaguardando pequenas ressalvas (a troca da “raça”
pela “classe”), o Bloco de Esquerda é técnica e evidentemente fascista.
![]() |
Catarina Martins, Bloco de Esquerda, foto: Paulete Matos |
Os fascistas do Bloco de
Esquerda vivem a sugerir proibições, numa atualização oportuna do chavão do maio
68 que muito estimam: “É proibido proibir – tudo o que não coincida com o
pensamento e a obra de Sua Eminência, Francisco Anacleto Louçã”. O resto é para
dizimar com urgência. A que título? O título de “fascista”, num curioso
exercício do que o vulgo designa por hipocrisia e os estudiosos por “projeção
psicológica”, leia-se o hábito de atribuir a outros características próprias.
Tudo o que o Bloco de Esquerda abomina é “fascista”: eu, você, dois terços do
eleitorado, quatro quintos do Ocidente, nove décimos do mundo democrático, etc.
A sanha é tal que, pelo caminho, acontece ao Bloco de Esquerda chamar
“fascista” a fascistas de facto. Ou quase.
Ao invés do paizinho, que
partilha uns 95% do evangelho do Bloco de Esquerda, não consta que Marine Le
Pen seja exatamente fascista. Isso, porém, está longe de representar um
obstáculo para os discípulos do dr. Louçã. Há décadas, o dr. Louçã tentou em
vão sabotar a vinda a Portugal do sr. Jean-Marie. Agora, os discípulos
repeliram com sucesso a filha. Resumo, com fastio, os pormenores: a senhora
fora convidada para discursar numa patetice intitulada Web Summit,
presumivelmente dedicada à inovação e à criatividade; o Bloco de Esquerda
rosnou promessas de excomunhão; os responsáveis pela patetice cederam aos
transtornados e desconvidaram a senhora; meio país achou o episódio justo e
higiênico, como dantes se achava justa e higiênica a fogueira para os ímpios; o
governo e a oposição concordam por aplauso ou omissão; Portugal continua a
desfilar o gênero de modernidade em que a Bolívia se especializou.
Perante o desfecho, o Bloco de
Esquerda supõe haver motivos para celebrar. Supõe mal. A cegueira infantil dos
fascistas impele-os com frequência a atitudes infantis, por exemplo a de
acreditar que impedir a participação da sra. Le Pen numa feira caipira impede a
divulgação do respectivo discurso.
É chato (não é nada) informá-los, mas a tecnologia mudou um bocadinho desde os bucólicos tempos do camarada Trotsky, em que um campo de concentração chegava para obliterar definitivamente os infiéis, desculpem, “a burguesia urbana e rural”. Hoje, o que quer que a sra. Le Pen defenda está disponível através de inúmeros e incontroláveis meios. Se a rábula do Bloco de Esquerda conseguiu alguma coisa foi convencer uma data de gente normalmente desinteressada a pesquisar na “net” informação sobre a líder da Frente Nacional. E depois a descobrir as abundantes parecenças da FN com o BE, ainda que em versão menos ridícula. E menos fascista, passe a redundância.
É chato (não é nada) informá-los, mas a tecnologia mudou um bocadinho desde os bucólicos tempos do camarada Trotsky, em que um campo de concentração chegava para obliterar definitivamente os infiéis, desculpem, “a burguesia urbana e rural”. Hoje, o que quer que a sra. Le Pen defenda está disponível através de inúmeros e incontroláveis meios. Se a rábula do Bloco de Esquerda conseguiu alguma coisa foi convencer uma data de gente normalmente desinteressada a pesquisar na “net” informação sobre a líder da Frente Nacional. E depois a descobrir as abundantes parecenças da FN com o BE, ainda que em versão menos ridícula. E menos fascista, passe a redundância.
O engraçado – cruz, credo – é
que de tanto se esconjurar fascismos duvidosos, o autêntico ameaça tomar conta
disto.
Título e Texto: Alberto Gonçalves, Observador, 18-8-2018
... e ainda vem esta facada nas costas feita pelas Nações Unidas? Pessoalmente cansei de tantos e-mails e cartas que enviei pelos correios para a sede da ONU reclamando da maneira como foi feita a venda, recuperação judicial e falência da VARIG. Durante o tempo excessivo em que a Ministra Carmen Lucia manteve o processo de Defasagem Tarifária na gaveta do STF, mofando, eu clamei pela ONU! Enquanto um grupo de aposentados AERUS, agonizava pedindo ajuda no Senado e Congresso, e até durante a greve de fome de um colega aeronauta, eu clamei pelas redes sociais pedindo ajuda à ONU. "Nunca" recebi sequer uma resposta. Agora vejo o tal Celso Amorim com cartinha das Nações Unidas? Difícil acreditar que alguém com o currículo de Celso Amorim se transformaria avalista de uma esquerda criminosa, e defensor de político corrupto, condenado e preso. E ainda tem gente que ergue um altar para o bandido!
ResponderExcluir