Nome completo: Ernani Fernando Matos Cardoso
Nome de Guerra: Ernani
Matos
Onde e quando nasceu?
24 de março de 1959, Rio de
Janeiro - RJ
Onde estudou?
Escola Municipal México e
Colégio Brasil, ambos em Botafogo.
Onde passou a infância e
juventude?
Nascido em 1959, em casa
mesmo, com parteira, em uma área simples de Copacabana, no topo da ladeira dos
Tabajaras, onde morei até os 10 anos de idade. Nessa época, a família mudou-se
para um pequeno apartamento no Leblon, onde residi até completar 22 anos.
Qual (ou quais)
acontecimento marcou a sua infância e juventude?
Minha infância foi normal para
os tempos em que a vivi, brincando todo o tempo fora de casa, futebol, bola de
gude, praia etc.
Estudava em escola pública, em
Botafogo, e sempre ia de ônibus sozinho, mas os tempos eram outros.
Como brincava o dia inteiro e
fora de casa, estava sujeito a acidentes. E no período de um ano, que eu me
lembre, minha mãe teve que me levar ao hospital umas cinco ou seis vezes: duas
vezes com cortes na cabeça e pregos, e corte com vidro nos pés, mas nunca fraturei
um membro.
Entendo, tudo no devido
padrão infância feliz… 😉
E ficou brincando e
aprontando até que idade?
Meu período de ‘Curtindo a vida adoidado’ (Ferris Bueller's Day Off) foi até os meus 14 anos, pois após a escola – estudava na parte da manhã – almoçava e levava o almoço para o meu pai, que possuía uma loja de material de construção em Jacarepaguá, e trabalhava com ele até o horário de fechamento da empresa, fazendo a parte contábil, pagamentos, atendimento no balcão e outras coisas.
Hummm… que segredo guardam
as… ‘outras coisas’?
Minhas outras tarefas na loja,
era descarregar e carregar todo tipo de material de construção, até onde o meu
porte físico franzino permitia. Ao completar 17 anos, assumi a direção de um
pequeno caminhão para entregas nas redondezas da loja.
Então, começou a trabalhar
aos 14 anos, né?
Trabalhei dos 14 aos 21 anos
na loja da família.
E depois desse período de
ajudar o seu pai na loja, para onde transferiu a sua mão de obra?
Com 19 anos, acompanhando duas amigas ao escritório da Varig na Avenida Rio Branco, para se inscreverem na seleção para Comissária de voo, fui incentivado pelas amigas e pela funcionária que recebia as inscrições a me inscrever também, fato que jamais tinha sido a minha intenção. Meu processo seletivo durou cerca de dois anos e meio, sendo chamado para testes psicotécnicos de três em três meses, sendo todo o processo seletivo finalizado e o início do curso de aluno comissário em março de 1982.
Fez o curso de Comissário
no prédio da sede?
Apesar de ter feito todo o procedimento de seleção para a Varig, a minha
turma foi avisada no primeiro dia de aula que seríamos admitidos na Cruzeiro do
Sul. O curso foi ministrado em uma área industrial no Caju, área portuária do
Rio de Janeiro.
Lembra do seu primeiro voo?
Meu primeiro voo, juntamente
com a colega de turma, Elizabeth Martins, e tendo como instrutor, Edvaldo
(Didi), foi o SC 484, Rio/SP/Cuiabá/Porto Velho/Rio Branco/Manaus. (Acho que as
escalas eram essas e nessa ordem, mas não tenho absoluta certeza).
Chegou vivo a Manaus? 😊
Tinha 22 anos, era meu primeiro voo como tripulante e como passageiro, estava
excitado e muito apreensivo.
Ao chegar em Manaus, recebi a
diária pelos cinco dias que durava o voo, que era maior que o salário que eu
recebia antes.
Tudo sendo novidade, não tive tempo e nem condições de estar cansado.
Quanto tempo ficou voando
SC?
Início do curso de comissário
em março de 1982, com duração de três meses. Voei até setembro de 1984 na
Cruzeiro, quando me transferi para a Varig em 2 de outubro de 1984.
E na Varig, como foi o seu
primeiro voo?
Como dito, voei na Cruzeiro até setembro de 1984, e nessa época o DAC já tinha autorizado tripulantes de uma empresa a operarem aviões da outra, e até tripulações mistas, por esse motivo não tenho na memória o meu primeiro voo sob a bandeira Varig.
Na Varig, (re)começou no
Electra?
Meu recomeço foi em rota
nacional mesmo, somente após um ano voei fixo por um mês na ponte aérea.
Voei por quatro anos na
Nacional, dois anos como Chefe de Equipe.
Em 1987, ano do fatídico
acidente de Abidjan, estava fixo no B-707 fazendo essa rota mesmo.
Logo depois, passei a voar o
B-767, que na época era uma espécie de mini-rai, até que veio a promoção para o
DC10 e B747, e meu primeiro voo para Los Angeles.
Quais os pernoites de que
mais gostava?
Porto, para visita a parentes e gastronomia, Nova Iorque e Los Angeles.
Como passava o tempo no pernoite?
No Porto, chegando ao hotel, banho tomado e direto no "comboio" para a cidade natal de meus pais.
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Hotel Ipanema Park, Porto |
Nos EUA, em todas as cidades
que pernoitei, batendo pernas e compras.
Na Europa, sempre passeando, de preferência a pé, para conhecer as redondezas.
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Rosane, esposa, voo para Paris, 1992 |
Passou por algum perrengue na sua carreira?
O maior sufoco dentro de um
avião: duas horas antes de pousar em Nova Iorque, eu na executiva, carrinhos do
café da manhã montados, a aeronave pegou uma pressão descendente, com uma perda
de 300 pés de altitude, fazendo com que quem e o que estava solto na cabine,
fossem lançados ao ar.
Após o atendimento aos
passageiros machucados, pousamos e o avião cercado de bombeiros e ambulâncias.
Depois do atendimento e
remoção de sete passageiros e um comissário para o hospital, levamos duas horas
acompanhando o desembarque e entrevista dos passageiros às autoridades locais.
O comissário teve a clavícula deslocada e braço engessado.
Qual é a cidade natal de
seus pais?
Felgueiras de Resende, Viseu.
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Igreja matriz de Felgueiras, Resende, Viseu |
Seus pais estão vivos?
Infelizmente não, mas as
saudades mantêm os dois muito vivos em minha vida.
Acompanha a atualidade
portuguesa?
Somente através de sites
portugueses na internet, Portugal Infinito e Olhares Sobre Resende.
Mas tenho que seguir mais o
noticiário sobre Portugal, pois desde janeiro de 2021 me tornei também cidadão
português.
Parabéns! 😊
Voltando à carreira de
Comissário de Voo… também recebeu telegrama em agosto de 2006?
Infelizmente recebi o telegrama em agosto de 2006, e por ironia do destino, estava na sede da ABI no Centro, em uma reunião, se não me falha a memória, patrocinada pelo sindicato. Todos com quem falei tinham recebido o telegrama, aí liguei para casa e fui informado da chegada dessa triste notícia.
Por que essa grande empresa
brasileira pôde desaparecer?
Na minha visão foram vários os
motivos para o encerramento da Varig.
Alto custo operacional,
interesses políticos externos, falta de percepção das mudanças no mercado e,
principalmente, pelo fato de a Varig não ter um dono,
que deixaria a empresa para seus herdeiros, ocasionando disputas de egos nas
diretorias anteriores, cada uma querendo ter mais poder do que outras.
Não entendi “pelo fato de a Varig não ter um dono, que
deixaria a empresa para seus herdeiros, ocasionando disputas de egos nas
diretorias anteriores, cada uma querendo ter mais poder do que outras.” O que
quis dizer?
Se a Varig tivesse um dono, alguém com 50% mais uma ação, e
soubesse que ao se retirar, passaria o comando da empresa aos seus descendentes,
as administrações anteriores, não teriam feito tantos atos falhos na direção da
empresa.
Eram conflitos constantes entre presidentes e a FRB, diretores
atropelando outras diretorias, presidentes fazendo casamentos hollywoodianos de
seus filhos, diretores sendo acusados de desvios, e outras mazelas que
colocavam a Varig no mesmo nível de uma empresa estatal da época.
Abraçou alguma atividade
depois?
Posso me considerar uma pessoa de sorte, pois no encerramento das atividades na Varig, de imediato, fui trabalhar na empresa de meu irmão, onde editávamos uma revista sobre produção musical. Inicialmente, fiquei cuidando da informática da empresa e ajudando os outros setores no que podia.
Como gostava de fotografia,
fiz um rápido curso e passei a ser o fotógrafo da revista, fazendo cobertura de
eventos e assumindo o setor de distribuição da revista.
Após dois anos na empresa, abrimos o Jornal Nosso Bairro Jacarepaguá, que me ensinou, e muito, sobre o mercado editorial.
A vida seguia tranquila, mas
com muito trabalho, até o início da pandemia, que obrigou a quarentena das
pessoas, e consequentemente o fechamento do comércio e retração do mercado,
ocasionando uma abrupta interrupção no mercado publicitário.
A revista e o jornal permanecem
apenas online, sem a parte impressa, antecipando assim a minha merecida
aposentadoria.
Saudades do voo?
Muitas saudades de alguns
pernoites, de vários amigos, do salário e diárias, mas do voo propriamente
dito, hoje não teria mais estrutura física e disposição para encarar uma viagem
de 12, 14 horas, sem me alimentar ou dormir direito.
Como vai o Rio de Janeiro?
Continua lindo, mas ainda com as mazelas que lhe são inerentes, como a
violência, e, consequência da pandemia, aumentou o número de pedintes nas ruas,
a falta de cordialidade (que nunca foi muita) no trânsito.
Meu desejo, assim que minha
esposa se aposentar, será a mudança para alguma cidade serrana, ainda não
definida, para fugir do calor "infernal" do Rio.
Por que não Felgueiras de
Resende??
A taxa cambial de Real para
Euros torna impossível a transferência de domicílio para Portugal.
Verdade!
E o Brasil, como vai?
Sem entrar em juízo de
valores, a situação do Brasil está extremamente polarizada, um lado defendendo
o governo atual e o outro culpando-o de todas as mazelas.
A politização da pandemia, de
ambos os lados, foi o maior causador de vítimas da Covid, pois o inimigo sempre
foi o vírus e não os governos passados e nem o atual.
Mas as notícias que chegam,
trazem uma esperança na recuperação da economia, e a valorização do Real. O
Brasil continua com a esperança de ser o país do Futuro.
Periquitos que estavam numa
gaiola de um pet shop no Freeway, posteriormente confirmado por uns urubus que
encontrei na margem de, não sei se rio, córrego ou canal de esgoto, que corre
transversalmente à Rua dos Aroazes, (que fica em Curicica, mas os moradores
dizem “Barra da Tijuca”), me segredaram que você torce por um time de futebol
carioca… em extinção. É verdade isso?
Notícias vindas de urubus, jamais serão verdadeiras, mas torço, até com muito ardor, pelo Clube de Regatas Vasco da Gama, o time com a mais bela história do futebol mundial, passando por um período difícil, mas com o apoio de sua imensa torcida, verdadeira e não terceirizada, conquistará o lugar que é seu por direito.
Ernani, a sério, como você
viu a demissão do técnico Ricardo Sá Pinto e a recente lacração LGBTYZQEOC4?
Era um bom técnico, nada
excepcional, mas veio dirigir um dos piores times do Vasco que eu vi jogar, não
dava para fazer milagres.
Quanto à homenagem à bandeira
da diversidade e respeito, o Vasco, como sempre, pulou na frente ao abraçar
essa campanha, como foi feito anos atrás contra o racismo, e ser o primeiro
time brasileiro a admitir um negro em seus quadros, apesar de eu ainda crer em
respeito à pessoa, sem diferenciar cor, opção sexual, condição social e outras.
E qual o seu time em
Portugal? FC Porto, né? 😊
Claro, como descendente de
tripeiros, não podia torcer para outro.
O voto auditável/impresso
vai passar?
Considero o voto auditável, a
medida mais importante para sanear o Brasil, mas tenho muito medo dele não
passar, principalmente com o empenho pessoal de alguns ministros do STF.
Já tem candidato
presidencial em 2022?
Well, Jair Messias
Bolsonaro, of course. 😉
Para quando uma visita a
Portugal?
Estamos, minha esposa e eu, esperando essa pandemia mundial dar uma trégua, para irmos à Itália, Espanha e Portugal. Nesses dois últimos, visitaremos sobrinhas que residem nesses países.
Já tomou a ‘vacina’?
Sim, já devidamente imunizado
com as duas doses da Astrazeneca.
Uma pergunta que não foi
feita?
Sobre a minha breve, mas muito
construtiva passagem como conselheiro da ACVAR (Associação dos Comissários da
Varig), que me demonstrou a máxima “quer conhecer uma pessoa, dê poder a ela”, e, principalmente, que eu não sou um ser político.
A derradeira mensagem:
Não viva para que a sua
presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.
(Bob Marley)
Obrigado, Ernani! 😉
Hoje, meu irmão Ernani Matos, faleceu de infarto fulminante do miocárdio depois da terceira dose da vacina. Um detalhe: não existe histórico de infarto na nossa família.
ResponderExcluirNelson Cardoso, Facebook, 8-2-2022
ERNANI MATOS
ExcluirJardim da Saudade- Sulacap
Capela 4
Velório inicia às 14:30hs (RIO)
Sepultamento às 16:00hs