José Manuel
No último sábado, um dia
magnífico de sol e como sempre, fomos eu e minha mãe relaxar um pouco na orla
do Gragoatá, em Niterói, onde se desfruta uma vista deslumbrante e privilegiada
dos belos contornos da cidade do Rio de Janeiro.
O sol quente e gostoso, nos
inundando de um belo bronzeado e vitamina D, ambos necessários a uma aparência
agradável e saudável, mais aquela vista linda do mar em primeiro plano e o Rio
como pano de fundo, nos transportavam a uma bela tela digna de um mestre dos
pincéis.
Mas, algo destoa desse
bucolismo!
Uma manchinha do lado direito
da minha perspectiva, ali pela área da ilha das cobras no arsenal de Marinha.
É o casco de um porta-aviões,
o São Paulo, comprado à França, numa rasteira baixa ao povo brasileiro, cheio
de problemas, atuou na Marinha por apenas 206 dias durante quatro anos e
algumas explosões causando a morte de três marinheiros.
O mandatário mentor da compra
e morador na Avenue Foch em Paris, autorizou a compra de um
"calhambeque" pela modesta quantia de doze milhões de dólares, ou, ao
câmbio atual, a bagatela de sessenta milhões de reais.
Agora foi vendido como sucata
por dez milhões e quinhentos mil reais, mas também não recebeu autorização para
sair do cais devido a uma série de problemas ambientais.
Enfim, mais uma tungada
irresponsável no povo brasileiro e uma mancha na nossa Marinha e na paisagem
exuberante.
Então, viramos nossas cadeiras
para aproveitar o sol de frente e estacionado atrás de nós junto ao meio fio
estava um SUV Hyundai novinho, branco e com linhas elegantes.
Fiquei analisando o carro com
olhar técnico, mas ao mesmo tempo frustrante.
Num olhar simplista, mas
verdadeiro e fácil de entender, o PIB da Coreia do Sul em 1967 era de menos de
cinco bilhões de dólares. Em
contrapartida, o do Brasil era de mais de trinta bilhões de dólares.
Vamos lá. A HYUNDAI Motors foi fundada em 29 de dezembro de 1967.
Dois anos depois, no Brasil,
um engenheiro abnegado João Augusto Conrado do Amaral Gurgel funda em 1969 a
Gurgel Motores.
Cinquenta e quatro anos após a
fundação da Hyundai Motors, o seu faturamento está na ordem de US$ 2,5 bilhões,
é a maior fábrica de automóveis do mundo e só na própria Coreia do Sul produz
1,6 milhões de unidades. Tem 75.000 funcionários em todo o mundo.
Os veículos Hyundai são vendidos
em 193 países, através de 5 000 concessionárias.
O PIB da Coreia do Sul hoje é
de quase 2 trilhões de dólares. Superfície da Coreia do Sul: 104.210 km2.
Três anos antes do Elon Musk,
aquele dos carros elétricos Tesla nascer, o nosso Amaral Gurgel, montou uma
fábrica de veículos no Brasil em 1969 e cinco anos depois ou 1974, a Gurgel
motores lançava o primeiro carro elétrico da América Latina.
Elon Musk tinha apenas três
anos e o Brasil já se lançava como pioneiro em veículos elétricos.
Entre 1981/82 a Gurgel lançou
o primeiro utilitário totalmente elétrico, o Itaipu E-400, para atender a um
desafio da Eletrobras e necessidades de empresas de energia elétrica,
Portanto, Amaral Gurgel fez o
primeiro carro elétrico 34 anos antes do milionário Sul-Africano começar sua
produção!
A Gurgel Motores fechou as
portas no final de 1996 por questões financeiras e derrotado pelas grandes
multinacionais devido à abertura econômica do país, e zero benefícios
protetores do Estado brasileiro. Aos
trancos e barrancos a Gurgel motores teve uma vida de apenas 27 anos.
João Augusto Conrado do Amaral
Gurgel faleceu de desgosto aos 82 anos em 30 de janeiro de 2009.
O PIB do Brasil hoje, é de 2
trilhões de dólares. Superfície do Brasil: 8.516.000 km2
Resumindo: o homem que deu um prejuízo ao Brasil de 50
milhões com a compra de uma sucata de porta-aviões, foi o mesmo que fechou a
Gurgel Motores.
Enquanto isso um país menor do
que o Estado do Ceará, tem um PIB equivalente ao nosso.
A indústria nacional inclusive
a aeronáutica e marítima é, sem dúvida uma das construções históricas mais
importantes dos brasileiros. Não podemos, pois, ser guiados em matéria de
política econômica como se estivéssemos com Alice num País das Maravilhas.
Título e Texto: José Manuel –
apreciando a paisagem, novembro de 2021
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É a economia, estúpido
A Aprus, o Aerus e a Política
Aerus + transitado em julgado + DT + 3ª fonte, + falência fraudulenta + credores trabalhistas e a Aprus
AERUS-2019 + APRUS
DAR NOMES AOS BOIS, CIROGOMES E FLEURY
ResponderExcluirRochinha,
ExcluirPasso batido pelo primeiro nome que você citou, pois que, esse sim, é uma vergonha para o país - vai ser bufão assim lá na casa do capeta!
Mas, Fleury... o governador?
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/campinas/cm2801200103.htm
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