Quando o xerife do mundo livre se mostra
pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados
Rodrigo Constantino
A Rússia invadiu a Ucrânia nesta quinta-feira. Putin avaliou que toda a retórica dos líderes ocidentais não passava disso: pura retórica. O autocrata russo decidiu, então, avançar com seus planos imperialistas, para resgatar parte da configuração territorial que a então União Soviética tinha — lembrando que Putin, um ex-agente da KGB, considerou a queda da URSS uma “catástrofe geopolítica”.
Largado à própria sorte pelo
Ocidente “progressista”, resta ao povo ucraniano “ucranizar”, como fez contra
seu próprio governo e ficou documentado no filme Winter on Fire, e
demonstrar algum heroísmo na resistência ao imperialismo russo de Putin. Mas
todos sabem que, na prática, os ucranianos, sem uma ajuda concreta ocidental,
não possuem nenhuma chance de vitória.
Existem várias causas para
essa guerra, mas não podemos descartar como um dos fatores que desencadearam
esses eventos a fragilidade cada vez maior do Ocidente. Quando o xerife do
mundo livre se mostra pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados.
O Ocidente precisa urgentemente de um novo Churchill, que conhecia a natureza
humana e estava disposto ao sacrifício para defender a civilização ocidental.
Diante da política de
“apaziguamento” com os nazistas, Churchill profetizou: “Entre a desonra e a
guerra, eles escolheram a desonra, e terão a guerra”. Churchill sabia que “um
apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser
devorado”. Essa percepção se aplica perfeitamente ao caso atual envolvendo a
Ucrânia.
Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha
assinaram, em 5 de dezembro de 1994 com a Ucrânia, um acordo segundo o qual os
três países garantem a unidade territorial desta ex-república soviética, em
troca de que a mesma renuncie às armas nucleares. No documento, Rússia,
Grã-Bretanha e Estados Unidos elogiam a adesão da Ucrânia ao tratado de não
proliferação de armas nucleares e preveem que aquele país destrua todas as
armas que ainda possuir, em troca da garantia de sua integridade territorial.
Pelo visto, a política desarmamentista não funcionou muito bem para os
ucranianos…
Ben Shapiro foi direto ao
ponto: “Os britânicos entregaram o controle de Hong Kong à China em 1997 com a
promessa de que a China manteria a autonomia da área. A China mentiu. A Ucrânia
entregou suas armas nucleares em 1994, com apoio americano, em troca da
promessa da Rússia de não invadir. A Rússia mentiu”. A moral da história é bem
simples: “não confie nas promessas de ditadores. E as nações ocidentais que
facilitam concessões em troca de promessas de ditadores também não são
confiáveis a longo prazo”.
É
como achar que cantar Imagine e soltar bolas de sabão em
favelas levará a paz ao local
Para Shapiro, “o que a Rússia e a China estão demonstrando é que desafiar uma hegemonia global não exige que você seja particularmente forte. Requer apenas que a hegemonia seja fraca, inchada e obcecada por si mesma”. O que estamos vendo tem relação com mudanças nas placas tectônicas da geopolítica, mas não necessariamente pelo fortalecimento de Rússia e China, e sim pelo enfraquecimento ocidental.
No momento, após a invasão russa, as prefeituras de Berlim e Paris iluminaram monumentos com as cores da Ucrânia. Talvez não exista símbolo melhor para ilustrar a fraqueza ocidental. É como achar que cantar Imagine e soltar bolas de sabão em favelas levará a paz ao local. Essa gente vive no eterno jardim de infância, com uma visão estética e romântica da vida, desconectada da realidade como ela é. Deveriam assistir O Deus da Carnificina”, de Polanski, para entender melhor que o mundo não é o Central Park de Nova Iorque.
Paris |
Podemos até imaginar a nota
que a Otan gostaria de soltar numa hora dessas: “Nosses soldades estão prontes
e com moral elevade para ajudar a Ucrânia”. Enquanto isso, Putin sorri aquele
sorriso de Mona Lisa, de quem sabe mais. Será que as feministas ucranianas já
sentem falta da “masculinidade tóxica” ou ainda esperam que homens como o
imitador de focas e Justin Trudeau ofereçam proteção contra os russos? A
emasculação no Ocidente vem cobrar seu preço.
Isso sem falar das estranhas
prioridades. Podemos vislumbrar a reação das lideranças ocidentais diante de
Putin: “Mas que absurdo! O Exército russo tem pouca minoria, nenhum trans,
negro ou mulher, sua artilharia não é ecologicamente correta e, pasmem, há
soldados não vacinados e sem máscaras nos pelotões. Onde já se viu isso?!”. A
ironia aqui serve como válvula de escape para o desespero de quem enxerga essa
tendência faz tempo, mas se sente impotente diante dela.
Olavo de Carvalho, em fevereiro de 2021, escreveu: “O Putin parece ser o último governante que ainda conhece a realidade: Quem manda é quem tem as armas, não quem tem o computador. Quero ver algum desses fresquinhos do Silicon Valley se meter a besta com ele. Na Hora H, o único poder real que existe não é o poder de mentir. É o poder de matar. O velho Stalin perguntaria: Quantas divisões armadas tem Bill Gates?” Olavo tem razão.
Enquanto isso, vejamos a
“análise” do correspondente internacional do jornal O Globo, Guga
Chacra, quando Joe Biden venceu as eleições suspeitas contra Trump: “O mundo
ficará mais suave sem Trump. Acabou o pesadelo da era Trump. Pode-se criticar
Biden (e tenham certeza de que criticarei muito quando for necessário). Mas é
uma pessoa normal. Trump era mau”. O “adulto na sala” versus o
malvadão: eis a “análise” do jornalista. Logo depois veio aquela saída
atabalhoada do Afeganistão, que entregou de bandeja o poder aos terroristas do
Talibã.
Minha colega de revista Ana
Paula Henkel alfinetou essa mídia militante assim que Putin declarou guerra à
Ucrânia: “Quando Trump saiu da Casa Branca, um apresentador da CNN
norte-americana chorou no ar e disse que o mundo agora viveria tempos de paz.
Outro da GloboNews escreveu que ‘o mundo ficará mais suave sem Trump’.
Abandonem a imprensa de pompom na mão. Eles não fazem mais análise. E há muito
tempo”.
O choro ocidental não vai
parar as pretensões imperialistas da Rússia e da China. Homens “fofos” e cada
vez mais afeminados não vão enfrentar soldados forjados na Sibéria ou na China
rural. Se o preço da liberdade é a eterna vigilância, o preço da paz é o poder
e a determinação de defendê-la. É preciso estar preparado para o pior, ainda
que possamos esperar o melhor. Diplomacia sem a sombra da espada não tem força.
E cá entre nós: diante dessa fraqueza toda do Ocidente, se sou morador de
Taiwan, começo a fazer as malas hoje mesmo…
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, revista
Oeste, nº 101, 25-2-2022
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ResponderExcluirMeu comentário:
Que lindo!
Sou pai de três filhos, avô de quatro netos e uma neta (com 34 dias), alfabetizado.
Não modero as minhas crenças até convencido do contrário. Não modero, mas pondero em como alcançar e/ou resgatar as minhas crenças, anseios e objetivos.
Votei em Bolsonaro justamente pela sua “imoderação”.
O continente europeu, cheio de dirigentes “moderados”, mais preocupados com a “moderação”, eufemismo para “politicamente correto”, servis a pautas progressistas, estas, sim, carregadas de ressentimeto e ódio, está aí para todos verem e apreciarem.
Se a “moderação” leva a isso, estou fora!
Cumprimentos.
ResponderExcluirMarcio Labre Oficial
@marciolabre
Enquanto os governos europeus estavam preocupados em resolver banheiros trans, Putin colocou o velho continente de joelhos. Basta "fechar a torneira" do gás que os europeus morrem congelados. Será que o ocidente agora compreendeu a importância da testosterona?
CONGRATULAÇÕES AOS IMBECIS QUE CHAMAM OS AMERICANOS DE IMPERIALISTAS! EU OS CHAMO DE COVARDES SOCIALISTAS.
ResponderExcluirParabéns, Rochinha! Feliz Aniversário! 🎂
ExcluirAPENAS UM NOVO CICLO, UMA NOVA PROMISSÓRIA DA DEUSA NATUREZA.
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